Árvores: entre os clientes atualmente estão a Disney, a Ikea e o Bank of America (Getty Images/ Johannes Simon)
Da Redação
Publicado em 18 de dezembro de 2015 às 20h51.
Esse é o mais distante de uma startup de tecnologia que se pode encontrar. Essa empresa vende lápis de US$ 2 que podem ser fincados no solo e fazerem brotar uma planta.
A receita dela deverá duplicar neste ano para cerca de US$ 1,5 bilhão. Entre os clientes atualmente estão a Disney, a Ikea e o Bank of America, e as novas encomendas superam consistentemente os orçamentos.
Bem-vindo à Sprout, uma empresa dinamarquesa criada há dois anos determinada a crescer sem recursos dos bancos.
“É possível que continuemos dobrando nossa receita nos próximos anos”, diz o CEO da Sprout, Michael Stausholm, de 46 anos, da sede da empresa em Taastrup, uma cidade-dormitório nos arredores de Copenhague.
Mas, em 2013, era difícil encontrar investidores. “Ainda estávamos no final da crise financeira, teria sido impossível para uma startup conseguir financiamento”, lembra Stausholm. Por isso, ele organizou uma linha de crédito de longo prazo com fornecedores e clientes que pagavam antecipadamente.
“Eu prefiro não ter que depender dos bancos. Durante o primeiro ano e meio, eu não estive em contato com nenhum banco”, disse ele. “Agora, recebo convites o tempo todo”.
A experiência o fez sentir que os bancos “estarão à disposição quando você não precisar deles”, disse ele.
O histórico acordo sobre as mudanças climáticas da semana passada, em Paris, promete mudar o cenário para as empresas que ostentam um perfil ecológico.
Diversos grandes investidores já sinalizaram que querem ampliar o foco em ativos favoráveis ao meio ambiente e neste mês o fundo soberano de investimentos da Noruega -- o maior do mundo -- disse que deseja expandir a posse de ativos de infraestrutura no ramo de energia renovável.
“No começo, eu não via nenhum aspecto comercial nisso”, diz Stausholm. “Para mim era uma ótima maneira de mostrar aos meus clientes o que era sustentabilidade”.
Um ex-trainee da Maersk que passou 15 anos na Indonésia lidando com fornecedores que vendiam produtos de marcas como Armani e Calvin Klein, Stausholm fundou a Sprout após adquirir os direitos de distribuição na Europa. Em 2014, ele comprou a patente de seus investidores, três engenheiros do Instituto de Tecnologia de Massachusetts.
Potencial inesperado
Stausholm diz que teria ficado feliz em vender 5.000 a 10.000 lápis nos três primeiros meses. Mas acabou vendendo 70.000. “E a partir daí foi uma bola de neve”.
A Sprout logo estava recebendo pedidos de multinacionais europeias e americanos. E quando a gigante italiana do setor de energia ENEL fez um pedido de 400.000 unidades, Stausholm começou a sentir que sua pequena startup tinha mais potencial do que ele pensava a princípio.
“Agora estamos recebendo pedidos de 2,5 milhões de lápis Sprout”, disse ele.
A produção da Sprout está concentrada em Minnesota, na República Checa e na Polônia. Trabalhadores com deficiência, pagos a preços de mercado, ajudam com a embalagem na Dinamarca. O CEO diz que a responsabilidade social corporativa está se mostrando rentável.
Equipe executiva
Stausholm se rodeou de uma equipe executiva cujos membros vêm de algumas das empresas mais conhecidas do mundo. Seu diretor de atividades comerciais trabalhou para Nokia, L’Oréal e Christian Dior, e o diretor financeiro foi o responsável pelas finanças da Chr. Hansen, a multinacional dinamarquesa de biociência. Ambos aceitaram receber salários muito menores para trabalhar na Sprout pelo potencial que viram, disse o CEO.
A Sprout atualmente recebe abordagens quase semanais de bancos e capitalistas de risco interessados em investir, segundo Stausholm. Ele diz que estaria interessado apenas em investidores a longo prazo que representem “uma boa opção”.
“Sem financiamento nós duplicaremos as vendas por muitos anos, mas com mais financiamento poderíamos multiplicá-las por três ou mais”, diz ele. Ainda há “6,5 bilhões de pessoas no mundo que nunca ouviram falar dos lápis Sprout”.