Rafael de Albuquerque, presidente e fundador da Zoox: empresa, criada em 2010, cresce 70% ao ano (Bernardo Coelho/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 2 de julho de 2020 às 11h50.
Última atualização em 2 de julho de 2020 às 12h27.
Você pode não conhecer a startup brasileira Zoox por nome, mas se já se conectou a uma rede wi-fi pública em hotéis, aeroportos ou rodoviárias, provavelmente já usou os serviços da empresa.
A companhia foi criada em 2010 para ajudar hotéis a gerir a distribuição de internet para os hóspedes. Na última década, o negócio se diversificou para a área de análise de dados e geolocalização. A estratégia atraiu investidores. Em abril, em plena pandemia, a empresa captou 27 milhões de reais em uma rodada liderada pela HDI Seguros com participação da 2A investimentos.
Com o valor recebido, a Zoox vai ampliar a sua área de tecnologia e investir em novas ferramentas que possam ajudar principalmente as áreas de hotelaria, consumo e varejo a se organizar no pós-pandemia.
“A Zoox quer investir cada vez mais em soluções que possam traduzir dados em tendências de comportamento e assim ajudar e orientar decisões certeiras, focadas principalmente na experiência e no desejo do consumidor e da sociedade”, afirma Rafael de Albuquerque, presidente e fundador da startup.
Até então, a startup havia recebido 11 milhões de reais em duas rodadas anteriores. A primeira, em 2018, foi de 3 milhões de reais e contou com a participação de family offices brasileiros. A segunda, de 8 milhões, aconteceu em 2019 e foi liderada também pela HDI Seguros e pela 2A investimentos.
Atualmente, a empresa emprega 130 funcionários e possui escritórios no Rio de Janeiro, São Paulo, Argentina, México, França, Espanha e Estados Unidos, em uma unidade do centro de desenvolvimento de tecnologia avançada da universidade Georgia Tech. O negócio cresce a uma taxa de 70% ao ano.
Albuquerque começou a Zoox em 2010, com 24 anos de idade, sozinho em casa. Como ele mesmo afirma, o negócio de software de gestão de Wifi não era “sexy”, mas dava resultados. Ele funciona em um modelo de software por serviço, em que os clientes pagam uma taxa fixa baseada no número de roteadores que possuem.
Em 2016, quando a empresa já havia se consolidado dentro do mercado de hotelaria, o fundador decidiu que precisava reinventar o negócio. A partir daí, a startup passou a desenvolver um produto que fornece informações para os hotéis, aeroportos e lojas de varejo sobre o perfil de seus clientes.
Com autorização dos usuários, a empresa consegue mapear os gostos e interesses das pessoas que se conectam ao wifi com base em suas preferências nas redes sociais. Entre as empresas que usam o serviço, estão o aeroporto RIOGaleão, o hotel Blue Tree Faria Lima e a rede de aeroportos de Portugal.
Indo além do wifi, em 2019, a companhia decidiu ajudar as redes hoteleiras a reinventar as recepções. A startup criou uma plataforma de reconhecimento facial para que os usuários possam fazer check-in sozinhos.
O hóspede, no dia de sua entrada, recebe um SMS com o link de check-in antecipado. Ele precisa preencher uma ficha de cadastro e tirar uma selfie. Ao entrar no hotel, informa seu nome, pega as chaves do quarto e está livre. Em uma segunda hospedagem, basta tirar a foto para que o sistema localize os dados e libere a entrada.
Agora, por conta da pandemia, a empresa está instalando uma nova opção de check-in em totens, para evitar o contato com os recepcionistas. Em um tablet na recepção, o hóspede consegue fazer o check-in sozinho e a própria máquina libera um cartão de acesso para o quarto. Cada totem custa, em média, 1.300 reais. “Essa é a recepção do futuro, tiramos as pessoas de trás dos balcões”, diz o fundador da Zoox.
Outra frente de atuação da startup é a geolocalização. Com o Zoox Eye, combinando geolocalização com inteligência de dados, a empresa consegue dizer aos clientes o que as pessoas fazem depois que deixam seu estabelecimento. Para isso, o usuário precisa ter um aplicativo instalado no telefone.
Durante a covid-19, a empresa disponibilizou a ferramenta no aplicativo Dados do Bem, em parceria com o Instituto D´Or de Pesquisa e Ensino, para auxiliar governos durante o período de isolamento social.
No aplicativo, as pessoas preenchem um questionário de autoavaliação de saúde. Se atingirem os critérios de testagem, é gerado um QR Code e recomenda-se que a pessoa vá até o local mais próximo de sua casa para fazer o teste. Se o resultado for positivo, ela recebe uma notificação por push para indicar as cinco pessoas com quem mais se relacionou, e elas recebem prioridade nos testes.
Até o final de 2020, a empresa planeja se posicionar como uma referência em dados no Brasil. Em 2021, o plano é consolidar sua atuação fora do país, principalmente nos Estados Unidos, onde o foco é a rede hoteleira. Hoje, já são mais de 300 empresas americanas clientes.
O desafio, segundo o presidente, é ajudar os clientes a entender como a plataforma pode trazer resultados efetivos para eles. “Os dados não são vilões, eles nos ajudam a entender o passado e a prever um pouco mais do futuro”, afirma Albuquerque.