Caio Simi e Fernando Hargreaves, CEO e COO da Orbit Data Science: algoritmos para analisar grandes volumes de dados produzidos na internet (Daniel Teixeira/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 21 de abril de 2022 às 10h00.
Um comentário sobre uma notícia, uma avaliação sobre um produto comprado, ou até uma pesquisa feita em um buscador online. Todos esses comportamentos no mundo digital geram uma infinidade de rastros que dizem muito sobre o que pensamos, compramos e queremos. E são estes dados os principais insumos utilizados pela startup paulistana Orbit Data Science para auxiliar empresas a compreenderem os desejos de seus consumidores.
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Fundada em 2020, durante a pandemia, a startup paulista se especializou no desenvolvimento de algoritmos e metodologias de pesquisa para analisar grandes volumes de dados produzidos na internet.
A exploração destes dados não é novidade, mas segundo Caio Simi, CEO e co-founder da Orbit, a evolução da Inteligência Artificial vem permitindo que metodologias cada vez mais assertivas sejam desenvolvidas para transformar esta infinidade de informações em projeções úteis a serem exploradas por empresas que pretendem compreender melhor seus públicos.
"A evolução tecnológica nos dias de hoje é tão exponencial que muitas vezes esquecemos que os smartphones não têm nem 15 anos de mercado ainda. E que a migração de hábitos off-line para o online ainda é uma revolução atual para milhões de consumidores no Brasil", diz Simi.
"Com o desenvolvimento da Inteligência Artificial e, em especial, de algoritmos de Natural Language Processing, já caminhamos para um mundo onde as empresas podem compreender e projetar em tempo real as vontades de seus consumidores a partir destes dados".
A revolução mencionada foi intensificada no Brasil nos últimos dois anos. Segundo dados do Comitê Gestor da Internet no Brasil, a pandemia da covid-19 proporcionou um aumento na penetração digital no Brasil desde 2020, com mais brasileiros realizando serviços públicos ou transações financeiras na internet, em especial aqueles das classes C e D.
Este fenômeno também teve impacto nos hábitos de consumo dos brasileiros. Como publicado pela EXAME em outubro de 2021, o comércio online mais que dobrou no período, passando a representar 21% das vendas.
"Na medida em que mais pessoas se digitalizam, maior é o volume de opiniões compartilhadas por estes consumidores sobre suas compras e desejos na internet" diz Fernando Hargreaves, partner e COO da Orbit Data Science. "Todos estes registros públicos viram dados que tornam algoritmos desenvolvidos para compreendê-los mais eficientes, fazendo com que empresas olhem cada vez mais para estas novas metodologias como uma fonte necessária de informação sobre seus públicos".
Este fenômeno da digitalização impulsionado pela pandemia vem se refletindo em números para a startup. Em 2021, a Orbit Data Science encerrou seu segundo ano com um faturamento de 3 milhões de reais, número cinco vezes maior do que a receita obtida em 2020, durante os 8 meses de atuação desde que se lançou ao mercado em abril daquele ano.
Com um modelo de negócio ad-hoc, com foco na venda de relatórios, dashboards e algoritmos sob demanda, a startup aposta em serviços personalizados. "Há uma tendência natural de startups de tecnologia apostarem na escala ante à customização, muitas vezes direcionando suas áreas de desenvolvimento no aperfeiçoamento de poucas tecnologias centrais do negócio, que são vendidas em escala por meio de SaS". analisa Caio Simi.
"Quando se trata de análise de consumidores, nós acreditamos no oposto, que cada setor e empresa possui perguntas muito específicas sobre seus públicos. Ajudá-las e respondê-las com modelos próprios e customizados é o que explica grande parte do nosso crescimento nesse período", completa Simi.
A Orbit possui pouco mais de 30 funcionários distribuídos entre cientistas de dados, programadores e analistas. Em março de 2022, a empresa já tem em contratos fechados a mesma receita que obteve em 2021, e projeta dobrar seu faturamento até o final do ano.
Setor de Big Data e análise de dados cresce de forma exponencial, e vem sendo alvo de fusões e aquisições no Brasil e no mundo.
Como já relatado pela EXAME, o mercado de soluções de Big Data e Business Analytics (BDA) vem crescendo de forma exponencial, atraindo cada vez mais atenção às empresas que se propõem a desenvolver soluções para transformar grandes quantidades de dados em insights práticos de negócio.
Em 2021, a bolsa brasileira B3 comprou a empresa de análise de dados Neoway por 1,8 bilhão de reais, proporcionando não apenas a maior aquisição de sua história, mas também o maior movimento de diversificação da empresa. Já no início de 2022 a Take Blip anunciou a compra da startup mineira Stilingue, especializada no monitoramento de marcas nas redes sociais, sinalizando a atenção que empresas de SAC e comunicação vêm dando ao ambiente digital.
Nos Estados Unidos, uma das principais referências de empresas que surgiram com a proposta de análise de dados em seu DNA é a Palantir Technologies Inc. Fundada em 2004 por nomes como o do investidor Peter Thiel e o órgão de inteligência americana CIA, a empresa proporcionou um dos maiores IPOs de 2020 na bolsa de Nova Iorque, quando projetou seu valor de mercado em 56 bilhões de dólares.
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