Produto da SouSmile: alinhadores invisíveis e mais acessíveis (SouSmile/Divulgação)
Ter um sorriso impecável, mesmo sem anos usando aparelhos ortodônticos, parecia impossível. A tecnologia deu um jeito nisso, criando aparelhos removíveis, adaptáveis e, melhor ainda, invisíveis. Os custos dessa regalia, porém, ainda deixam os alinhadores bem distantes da realidade da maioria da população.
Foi pensando nisso que o executivo Michael Ruah criou, em 2018, a SouSmile, uma startup brasileira de alinhadores dentários invisíveis e a preços acessíveis. Mesmo sem experiência no mercado de odontologia, Ruah abandonou a gerência financeira da empresa de alimentos BRF e decidiu se dedicar ao mundo dos dentes.
A proposta conquistou os atuais sócios Alexandre Gama (ex-diretor de engenharia na Gympass); Ornella Moraes (ex-diretora de produto na PatBo); Aline Andrade (ex-diretora de expansão da Dr. Consulta), além das cirurgiãs dentista e ortodontista Andrea Nazare e Natalia Lombardo.
A ideia de competir por atenção em um segmento dominado por grandes importadores também despertou o interesse de investidores desde o início. Ainda em 2018, a startup levantou seu primeiro capital externo em uma rodada semente de 4,5 milhões de reais que envolveu os fundos Global Founders Capital e Canary.
Um ano depois, recebeu mais 20 milhões para expandir a atuação regional e investir em tecnologia. Agora, a SouSmile conquistou novos 100 milhões de reais para continuar a jornada que, basicamente, se resume em ajudar aqueles que buscam o sorriso perfeito — e que cabe no bolso.
A nova rodada série B foi liderada pela Kaszek Ventures, fundo criado pelos ex-fundadores do gigante do e-commerce Mercado Livre. A Kaszek já injetou quantias generosas em grandes startups do Brasil e América Latina, entre elas os unicórnios QuintoAndar, Gympass e Nubank.
O aporte também teve participação da Chromo Investimentos, GFC, sócios da Atmos Capital, Allievo e da Endeavor Scale-up Ventures.
Atualmente, a empresa tem 6 clínicas próprias, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte. Outras 25 unidades espalhadas pelo país funcionam no modelo de parceria, no qual clínicas prestam serviço para a SouSmile, da consulta de avaliação a colocação dos aparelhos — e os profissionais recebem um valor por isso.
O formato é novo para a startup, que viu nas parcerias a oportunidade de manter o ritmo de crescimento, mesmo durante a pandemia. “Foi uma evolução no nosso modelo de atuação'', diz Michael Ruah, CEO da SouSmile. “Encontramos um modelo sustentável e que não comprometia nosso capital nessa jornada de crescimento”.
Fora isso, a ideia também pretende solucionar um problema comum entre as mais de 50.000 clínicas odontológicas do país: a ociosidade. “Quando uma clínica fecha uma parceria com a SouSmile, ela pode atender nos seus horários mais vazios e gerar mais receita, por exemplo”, diz.
A SouSmile briga por espaço no mercado ao lado de importadores como Invisalign, Elevel e Smilink. Ainda assim, oportunidade não falta. E nesse cenário,segundo Ruah, a startup se destaca pela experiência do consumidor.
“Nosso foco é tornar o cliente muito mais encantador, e fazemos isso com coisas simples como agendamento online, atendimento 24x7 e acompanhamento de todo o tratamento, também online”, diz.
O paciente agenda uma consulta por videoconferência para avaliação e então define um dia para ir até alguma clínica para escanear os dentes com aparelhos de raio-x de última geração. A tecnologia, porém, não é o grande diferencial da startup, e sim o preço.
A promessa é que com fabricação nacional, menos importações, um modelo que abrange o território brasileiro quase em sua totalidade e uma operação 100% própria, os preços dos alinhadores da SouSmile possam ser até 60% inferiores ao da concorrência.
Depois de comprovar o sucesso do modelo de parcerias, a SouSmile quer copiar o cenário de sucesso dos alinhadores invisíveis no exterior. “No Brasil existem 43 milhões de pessoas com má oclusão nos dentes, e 2 milhões de casos ortodônticos são realizados por ano. Mas só 4% desses casos são tratados com aparelho invisível. Nos Estados Unidos, esse percentual é de 40%”.
Para chegar até lá, a empresa vai usar o novo capital para transmitir sua mensagem a mais pessoas e trazer mais credibilidade à marca.
Fora o marketing, o investimento também será distribuído entre tecnologia e expansão da rede de parceiros de 25 para 200 até o final do ano que vem. Com a captação, a startup também espera quadruplicar o faturamento em 2022. (A empresa não divulga números de faturamento atuais).
Em outra frente, a SouSmile também deve lançar um novo produto com foco no tratamento de casos mais graves até janeiro de 2022. Até o momento, a startup atua apenas na correção de pacientes com quadros simples e puramente estéticos.
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