Rodrigo Studart, presidente da Lowko: após concluir MBA na universidade de Chicago em 2018, empreendedor fundou a empresa com a sócia Luiza Weaver (Lowko/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 28 de fevereiro de 2020 às 08h00.
Última atualização em 28 de fevereiro de 2020 às 08h12.
Imagine poder tomar sua sobremesa favorita todos os dias sem culpa? Foi a partir desse desejo que os empreendedores Rodrigo Studart e Luiza Weaver decidiram criar a Lowko em junho de 2018. A empresa nasceu para trazer para o Brasil um produto existente nos Estados Unidos: um sorvete de baixa caloria com a textura e o sabor do produto tradicional.
A fórmula não é mágica. O segredo é que a Lowko usa adoçantes naturais para substituir o açúcar e fibra de vegetais para imitar a textura do sorvete, geralmente conseguida com o uso de gordura. Para comparação, 100 gramas de sorvete de baunilha da marca têm 95 quilocalorias, enquanto a mesma quantidade do sorvete do mesmo sabor da Häagen Dazs têm 251 kcal.
O desafio da empresa é convencer as redes varejistas e os consumidores de que o produto é tão gostoso quanto seu irmão mais calórico. Por enquanto, os empreendedores estão satisfeitos com o resultado. A empresa terminou o ano passado com faturamento de 300.000 reais por mês e projeta que irá faturar entre 10 e 15 milhões de reais em 2020.
Hoje, a Lowko tem oito sabores de sorvete, entre eles doce de leite, avelã com chocolate, brigadeiro e pistache. O pote maior, com 455 ml, tem preço indicado de 34,90 reais. O menor, de 100 ml, sai por 12,90. “A gente tá fazendo um sorvete que mata sua vontade de tomar sorvete sem culpa. E não é um sorvete de chia com laranja ou de limão, é algo indulgente”, diz Studart.
Os sorvetes Lowko chegaram aos supermercados em janeiro de 2019 e estão hoje em 222 pontos de venda nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. “A ideia é que até o final do ano a gente abra outros mercados, como Rio Grande do Sul, e mais para frente Brasília e o interior de São Paulo”, conta Studart, presidente da companhia.
O principal entrave nos planos de expansão da Lowko é a logística. O transporte de sorvete precisa ser planejado em detalhe para garantir a qualidade do produto para o consumidor final — a temperatura de armazenamento errada pode destruir um lote, por exemplo.
Sorvete não é um produto novo para Rodrigo Studart. Sua família, que vivia no interior do Rio de Janeiro, na cidade de Valença, tinha uma sorveteria local. O empreendedor cresceu apaixonado por sorvete. Formado em engenharia de produção, deixou a paixão de lado e trabalhou por seis anos na administradora de shoppings BR Malls, onde foi gerente de novos negócios
Em 2016, o engenheiro decidiu que queria fazer uma transição de carreira. Para isso, aplicou para um mestrado de dois anos na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos. Ele conta que, na época, não pensava em empreender. “Só sabia que queria mudar para a área de consumo, de alimentação”, afirma.
Nos Estados Unidos, descobriu que a categoria de sorvete estava sendo revolucionada com o conceito de sorvete de baixa caloria. Em 2017, a marca Halo Top, pioneira neste tipo de produto, superou em número de vendas as tradicionais Ben & Jerrys e Häagen Dazs. Foi aí que decidiu importar o conceito para o Brasil.
Ainda em Chicago, entrou em contato com o chef Francisco Sant'Ana, da Escola Sorvete de São Paulo, para tentar desenvolver um produto similar com sabores brasileiros. Nessa época, Studart se associou com a antiga colega de BR Malls, Luiza Weaver, que estava no Brasil, para começar a marca.
“Pensei em colocar o produto de pé, criar a marca e apresentar para investidores. Se conseguisse captação, lançaria o produto. Se não conseguisse, ia desistir”, relembra Studart.
No final do MBA, o empreendedor decidiu inscrever a Lowko no programa de aceleração de startups da Universidade de Chicago. Outras 66 empresas foram selecionadas, entre elas startups de saúde, finanças, games, para receber a tutoria e chance de se apresentar para investidores.
No final, na competição, a empresa dos brasileiros ficou em quarto lugar e recebeu um cheque de 69.000 dólares. O dinheiro, além de financiar o começo da operação no Brasil, serviu para atrair outros investidores. Com o capital da universidade mais o investimento de anjos, a empresa levantou 2,5 milhões de reais para iniciar a marca.
Studart voltou ao Brasil em meados de 2018 e precisou correr contra o tempo para contratar uma equipe e conseguir fabricar os produtos até o verão de 2019, quando a Lowko chegou aos supermercados. “Hoje a gente já está no Grupo Pão de Açúcar (GPA), St Marche, Mambo. Estamos entrando no Carrefour”, diz o presidente.
A empresa atualmente tem 25 funcionários e está participando de um programa de inovação do GPA para marcas pequenas. Para continuar crescendo, em outubro de 2019, a Lowko fez uma rodada de investimento na qual recebeu 7 milhões de reais do fundo alemão Global Founders Capital (Dafiti, Trivago).
O plano dos sócios é seguir fazendo rodadas de investimento para poder ganhar escala rapidamente. Com o capital obtido no final do ano passado, a marca planeja expandir seu time, aumentar a distribuição do produto e aumentar a produção do sorvete. “Queremos continuar a trazer inovações e reforçar nosso conceito de poder tomar sorvete todo dia”, diz Studart.