"Passamos de três a quatro meses analisando alternativas de crédito para acelerar a monetização do banco e atender a esse mercado, que é muito carente", diz sócio da consultoria Estáter, Pércio de Souza (LetsBank/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 20 de abril de 2021 às 10h04.
Última atualização em 20 de abril de 2021 às 10h44.
Passados cerca de dois anos da largada do processo de reestruturação do antigo banco Indusval - que foi rebatizado Voiter em 2020 -, a empresa agora acelera sua trajetória digital com uma aquisição. O banco comprou a fintech IOUU, voltada à concessão de crédito a pequenos empreendedores. O objetivo é dar musculatura à operação digital, que também está ganhando nova marca: o Smartbank agora vai se chamar Letsbank.
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"Tínhamos atraso em relação ao crédito. Passamos de três a quatro meses analisando alternativas de crédito para acelerar a monetização do banco e atender a esse mercado, que é muito carente", comenta o sócio da consultoria Estáter, Pércio de Souza.
Souza chegou ao Indusval, fundado nos anos 1960, junto com o novo controlador, o empresário do agronegócio Roberto de Rezende Barbosa, ex-dono da Usina NovAmérica. Desde agosto de 2019, ele também reorganizou o negócio, colocando os créditos podres do antigo Indusval em uma empresa não financeira.
Paralelamente ao esforço digital, a Estáter tenta arrumar a casa e zerar os prejuízos do Indusval: cerca de R$ 400 milhões já foram injetados no banco, em grande parte vindos de Barbosa. A estimativa é que ainda serão necessários aportes entre R$ 100 milhões e R$ 150 milhões, montante que Souza acredita que será suficiente para "limpar" o balanço.
Por trás está a missão de deixar para trás o Indusval, que no ano passado registrou um prejuízo de R$ 235 milhões. O "novo" Voiter, segundo Souza, já apresentou um lucro de cerca de R$ 10 milhões do ano passado e segue o caminho para ser um banco de negócios, que vai atender de startups a grandes empresas.
Com o reforço do crédito, a projeção é de que o banco digital entre em 2022 já com suas receitas e despesas no equilíbrio. O interesse de Souza no negócio vai além da consultoria. Por contrato, sua butique de investimentos tem o direito de comprar 50% do banco daqui a cerca de cinco anos.
Sociedade para crédito
O crédito era a peça que faltava para a operação crescer, segundo o sócio da Estáter. A IOUU será comprada em dinheiro e ações. O fundador da fintech, Bruno Sayão, ficará com 6% do Letsbank. O valor do negócio não foi revelado.
Não está no planejamento do Letsbank atuar em "mar aberto", um ambiente de grande competição dado o número de fintechs que surgem continuamente dentro do processo de digitalização do mercado financeiro no País.