Sity: nas corridas de R$ 6, os motoristas parceiros podem zerar a taxa de comissão que pagam à plataforma se cumprirem algumas "missões" (Sity/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 29 de outubro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 30 de outubro de 2020 às 16h16.
Expandir um negócio de transporte por aplicativo em 2020 parecia uma tarefa impossível. Com a pandemia do novo coronavírus, a circulação de pessoas caiu e mesmo a Uber, empresa sinônimo da categoria, viu seu negócio cair 80% globalmente.
Mas uma startup brasileira conseguiu ir na contramão da crise e levar sua operação de 12 para 104 cidades do país. A paulista Sity, fundada em 2017, agora anuncia o lançamento de uma nova categoria de viagens para atrair mais clientes, o Sity X.
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A nova modalidade de corridas da empresa não se diferencia das demais pelo tipo de carro oferecido ou o número de passageiros permitidos, mas sim pelo preço. O Sity X chega com a proposta de que qualquer viagem de até 10 quilômetros custe apenas seis reais.
Segundo o fundador Fernando Ângelo, o objetivo da nova estratégia é conquistar mais usuários e democratizar o acesso ao serviço de transporte por aplicativo. "Uma corrida de seis reais dividida entre duas pessoas fica mais barata que tomar um ônibus em São Paulo", afirma Ângelo.
O modelo foi inspirado na americana Via, fundada em 2012, que oferece corridas compartilhadas em vans por um preço fixo. Ao estudar formas de trazer o modelo para o Brasil, a Sity decidiu focar em carros de passeio e em um cliente por vez.
Segundo o fundador, apesar de a tarifa de seis reais ser baixa, ela não prejudicaria o motorista. “As corridas em média são de dois a quatro quilômetros. Se elas fossem feitas em outro aplicativo, custariam sete reais, mas os motoristas receberiam bem menos por conta das taxas. Na Sity, eles podem receber o valor integral”, diz o fundador.
A isenção da tarifa acontece devido a uma parceria que a startup fechou com o Banco Pan para oferecer contas digitais aos parceiros. Os motoristas que criam uma conta com o banco podem dirigir sem pagar nada à Sity por três meses. O bônus pode ser estendido por mais tempo caso eles cumpram "missões", como realizar mais de 100 corridas por mês.
A cada 100 viagens realizadas, a startup também oferece uma remuneração mínima de 1.200 reais para estimular os motoristas parceiros. Hoje, a empresa tem uma base de 45.000 motoristas ativos e mais de 100.000 passageiros cadastrados na sua plataforma.
A rota para o crescimento do negócio, que já opera nas principais cidades do país, passa obrigatoriamente por aumentar simultaneamente a base de parceiros e de consumidores — afinal os motoristas precisam de demanda constante e os clientes não querem esperar muito tempo por um carro.
O valor fixo de seis reais por corrida e a ausência da tarifa dinâmica (que aumenta as taxas conforme a demanda na região) foram as formas que a Sity encontrou de brigar pela atenção do usuário em um mercado que está acostumado a ofertar cupons de desconto para atrair o cliente.
A meta da empresa, com a nova estratégia, é terminar o ano com 2 milhões de usuários ativos. Em doze meses, o plano é chegar a 7 milhões de clientes e 400.000 motoristas. “Com o Sity X, queremos que a Sity seja a primeira opção das pessoas na hora de pedir um carro”, diz Ângelo.
Hoje aos 31 anos, Ângelo chegou à cidade de São Paulo aos 18, vindo de Ourinhos, no interior do estado. Ele diz sempre ter tido o sonho de ser empreendedor. Desde então, entre empregos de garçom e vendedor na rua, chegou a ser dono de uma transportadora antes de fundar a Sity no início de 2017.
O empresário afirma que, apesar da concorrência alta com Uber, 99 e Cabify, decidiu criar a Sity após perceber, em conversas com motoristas de aplicativos, uma carência desses profissionais por um melhor atendimento por parte dos apps.
A startup brasileira dá mais controle ao motorista: ele pode ver uma selfie do passageiro, o ponto de destino e o meio de pagamento escolhido antes de decidir ou não aceitar uma corrida. As tarifas praticadas pela empresa, que variam de zero a 20%, também são um atrativo.
Diferente das competidoras globais, com capital aberto e apoio de fundos gigantescos, como o SoftBank, a Sity se mantém ainda sem investidores externos. Ângelo afirma que tem negociações com fundos, mas que o fluxo de caixa da empresa já é positivo.
"Queremos ser o Nubank dos aplicativos", diz o fundador, fazendo referência ao fato de que a fintech conseguiu entrar em um mercado dominado por gigantes.