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Site para democratizar terapia recebe aporte de R$4,5 milhões

Vittude, que conecta psicólogos com possíveis clientes, planeja usar investimento liderado pelo Redpoint eventures para estruturar seu serviço corporativo

Vittude: a empresa foi fundada em 2016 por Tatiana Pimenta e Everton Höpner (Paulo Liebert/Divulgação)

Vittude: a empresa foi fundada em 2016 por Tatiana Pimenta e Everton Höpner (Paulo Liebert/Divulgação)

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Carolina Ingizza

Publicado em 13 de novembro de 2019 às 11h00.

Última atualização em 13 de novembro de 2019 às 12h59.

Vale a pena investir em saúde mental: é nisso que aposta o fundo de investimento Redpoint eventures ao liderar um aporte de 4,5 milhões de reais na startup brasileira Vittude, que conecta pessoas a psicólogos no mundo on e offline. Romero Rodrigues, sócio da Redpoint eventures (Gympass, Olist, Creditas), conta que o fundo estava monitorando o mercado de saúde mental em busca de uma empresa com uma boa solução e um bom time, e a Vittude preencheu os requisitos.

A startup, que já havia recebido um investimentos da empresa de testes psicológicos Vetor Editora, planeja utilizar os recursos captados nesse Seed Round para aperfeiçoar o serviço voltado para o atendimento de empresas.

A fundadora, Tatiana Pimenta, planeja expandir a equipe da Vittude de 18 para 25 pessoas até o primeiro trimestre de 2020. "Vamos estruturar melhor o time de vendas, produtos e design, além de investir no desenvolvimento de novas soluções, como um aplicativo", diz.

Para ela, o fato de a Redpoint ter escolhido a Vittude é um atestado de credibilidade para a companhia. O fundo, que investiu na Gympass, uma plataforma de acesso a academias de ginástica, quando ela ainda não tinha um vertical corporativo, tem experiência com empresas de assinatura de software.

De acordo com Rodrigues, o principal diferencial da Vittude é seu posicionamento que preza pela qualidade dos psicólogos cadastrados em sua base. “A maior parte das startups que querem democratizar a terapia online tendem a tornar muito barato o preço da consulta, o que limita a qualidade dos profissionais que vão estar dispostos a atender os pacientes. Como a Vittude trabalha com margem, ela consegue trazer profissionais qualificados”, diz o sócio.

Demanda empresarial

A Vittude foi criada há três anos e meio para conectar possíveis pacientes a psicólogos disponíveis, mas a startup recebeu uma demanda de empresas que queriam oferecer o benefício da terapia para seus funcionários.

O primeiro cliente corporativo — a startup Resultados Digitais, de Florianópolis — veio em 2017, mas desde então, a empresa conquistou, sem um time dedicado a vendas, outros nove, entre eles a startup de transporte 99 e o Grupo Positivo de educação.

“Nós temos mais de 100 clientes em fase de negociação e recebemos cinco novos pedidos de orçamento todos os dias”, conta Pimenta. Como não há uma equipe para atender ao mundo corporativo, a própria presidente é quem cuida hoje dos orçamentos de empresas.

Ela diz que as empresas estão percebendo agora que cuidar da mente dos funcionários traz resultados práticos no cotidiano. “Um estudo da KPMG mostra que cada dólar gasto em saúde mental fera quatro dólares em produtividade”, diz.

Segundo dados do International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR), 72% da população economicamente ativa do Brasil possui altos níveis de estresse. Desses, 32% desenvolveram a síndrome de Burnout — um esgotamento provocado pelo trabalho.

Do outro lado, de acordo com o Conselho Federal de Psicologia, há 357.617 psicólogos capacitados a realizar um atendimento. Na plataforma da Vittude, há 3.500 profissionais cadastrados, em mais de 200 cidades brasileiras.

Atendimento corporativo

O serviço oferecido pela Vittude às empresas permite que os funcionários façam terapia semanalmente, presencialmente ou em vídeo, mesmo sem uma prescrição médica. “Os planos de saúde tradicionais só reembolsam uma parte do valor gasto com terapia, e a pessoa precisa estar adoecida, não há a possibilidade de tratamento preventivo”, diz a fundadora.

A startup cobra uma taxa por colaborador, que varia entre 15 e 30 reais por pessoa. O valor é calculado para cada empresa com base no número de funcionários, faixa etária, uso do sinistro médico, volumes de atestados recebidos.

Para organizações menores ou que queiram oferecer o serviço somente a uma parte dos colaboradores, há Vittude cobra um valor por pessoa. “A empresa concede um crédito de terapia a cada colaborador e só paga conforme a utilização”, diz Pimenta.

Hoje, 15% dos funcionários dos clientes da Vittude utilizam o serviço de psicoterapia regularmente. Para o futuro, com o dinheiro do aporte, a empresa planeja adicionar um painel dentro de sua plataforma para que os gestores de recursos humanos possam acompanhar o uso e engajamento do serviço.

Planos para 2020

O objetivo maior para o próximo ano é ampliar o atendimento corporativo e fechar, pelo menos, contratos anuais com 30 empresas de grande porte. Pimenta projeta que o faturamento da companhia vai aumentar três ou quatro vezes em 2020. Hoje, a startup cresce em uma taxa de 20% ao mês.

Uma outra aposta da companhia é o desenvolvimento de uma nova ferramenta que consiga antecipar o adoecimento. “Está ainda em fase de ideação, mas queremos interagir com os clientes corporativos, ver seus hábitos de vida, para ajudá-los antes que adoeçam”, diz a fundadora.

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