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Como ganhar dinheiro com rede social especializada em vinho?

Os sócios da WineTag montaram uma rede social em que os usuários trocam opiniões sobre vinhos. Agora eles querem ajudar donos de restaurantes a usar as informações para gerir estoques

Josemar Torres (em pé, à esq.), João Paulo Alves (à dir.) e Marcio Cunha, da  WineTag : faturamento de R$ 620.000,00 em 2012 (Ana Rovati)

Josemar Torres (em pé, à esq.), João Paulo Alves (à dir.) e Marcio Cunha, da WineTag : faturamento de R$ 620.000,00 em 2012 (Ana Rovati)

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Da Redação

Publicado em 6 de junho de 2013 às 06h00.

São Paulo - Amigos de longa data, o advogado Josemar Torres, de 39 anos, o engenhei­ro Marcio Cunha e o administrador João Alves, ambos de 32 anos, reúnem-se todo fim de semana na casa de algum deles, no Rio de Janeiro, para compartilhar receitas, cozinhar e tomar vinho.

Pratos como cordeiro assado e pato ao molho de laranja, combinados com tintos italianos, fazem parte do cardápio. Eles se consideravam especialistas no assunto. Mas, quando fizeram um curso de harmonização de bebidas e gastronomia italiana em 2008, descobriram que não era bem assim.

"Durante o curso, percebemos que o assunto era muito mais abrangente do que imaginávamos", diz Alves. "O problema é que não havia muita informação sobre vinhos dedicada a gente como nós, que estávamos aprendendo." Inspirados por essa dificuldade, em 2009 os empreendedores criaram a WineTag, uma rede social especializada em vinhos e comida. 

Na WineTag, os usuários cadastrados montam virtualmente harmonizações de bebidas e pratos e avaliam as combinações feitas por outras pessoas. A empresa ganha dinheiro ao oferecer aos restauran­tes uma plataforma online para que os sommeliers montem suas próprias cartas de vinho, com sugestões de harmonização.

A WineTag empresta aos estabelecimen­tos tablets em que os clientes podem visualizar os cardápios. A em­presa cobra uma taxa mensal pelo serviço. No ano passado, a empresa faturou 620.000 reais, 90% mais do que em 2011.

Os sócios da WineTag se inspiraram no modelo de negócios da americana Open Table, um site de reservas online de mesas de restaurantes que hoje atua em mais de 15 países. Para os usuários, o serviço é gratuito. Os estabelecimentos pagam uma mensalidade para o site mais uma taxa por mesa reservada.


A cada reserva feita, os usuários acumulam pontos que podem ser trocados por pratos, sobremesas ou cafés. Na WineTag, a lógica é a mesma. A empresa oferece uma espécie de programa de milhagem em que, a cada opinião deixada na página ou check-in realizado, o membro da rede ganha pontos que valem pratos, taças de vinho ou sobremesas em determinados restaurantes.

Hoje, a WineTag conta com 128 restaurantes cadastrados, distribuídos em 14 cidades do país, entre elas São Paulo, Recife e Brasília. Por mês, mais de 200.000 pessoas acessam a rede e compartilham suas opiniões sobre vinhos. 

O grande fluxo de usuários ativos possibilitou aos sócios da WineTag construir uma base sólida de dados sobre hábitos de consumo de vinhos dos clientes. Essas informações farão parte de uma plataforma que será oferecida a donos de restaurantes, junto com uma ferramenta que vai ajudá-los a gerenciar o estoque das bebidas.

Além disso, a partir deste mês os tablets usados pelos restaurantes contarão com uma ferramenta para o consumidor comprar online o vinho que tomou no local e recebê-lo em casa. Os sócios pro­curaram diversas importadoras de bebidas para fazer parcerias. Eles estão no caminho certo?

Para discutir a questão, Exame PME ouviu Fabiano Maciel, gerente de exportação da Miolo Wine Group, e Sérgio Simonetti, da consultoria Anima Inteligência de Mercado, especializada em canais de venda. Ainda opinou a empreendedora Cristiana Beltrão, sócia do Bazzar, rede carioca de restaurantes. Veja a seguir o que eles disseram

Selecionar as importadoras  

Cristiana Beltrão - Bazzar (Rio de Janeiro, RJ)

Rede de restaurantes e fabricante de produtos gourmet

Faturamento: 22 milhões de reais (em 2011, segundo empresa)

Perspectivas: O grande trunfo de uma rede social como a WineTag é a articulação com restaurantes e usuários. As pessoas comentam as harmonizações e têm vontade de experimentar as sugestões de outros membros da rede.


Além disso, com o sistema de bonificação, os consumidores se sentem estimulados a participar cada vez mais, num processo que se retroalimenta — o que é bom para todo mundo.

Oportunidades: Há muito espaço para firmar parcerias com mais restaurantes, vender vinhos e crescer em grandes capitais, como Curitiba, Belo Horizonte e Maceió. Para isso, porém, é necessário fazer algumas adaptações no atual modelo.

Nem todos os vinhos que meu restaurante oferece podem ser encontrados com facilidade. Se o consumidor quiser comprar uma bebida que experimentou aqui e ela não estiver disponível nas lojas, ele pode ficar insatisfeito.

• O que fazer: Para o modelo proposto pelos sócios dar certo, é necessário fechar parcerias com restaurantes que trabalham com importadoras que fazem entregas para o consumidor final, o que não é tão usual. Também  convém procurar importadoras  que ofereçam uma grande variedade de vinhos.

Vender também acessórios

Sérgio Simonetti - Anima Inteligência de Mercado (Curitiba, PR )

Consultoria especializada em canais de vendas

Perspectivas: Os sócios estão no caminho certo. Existe uma clara tendência de especialização no mercado de mídias sociais. Em redes mais tradicionais e genéricas, como o Facebook ou o Twitter, é mais raro existir uma troca de ideias sobre temas muito particulares.


Quem gosta de se informar sobre temas específicos possivelmente vai procurar outras plataformas. As pessoas que realmente estiverem interessadas em consumir vinhos ou que quiserem conhecer mais sobre a bebida são potenciais usuários que poderão se tornar clientes da WineTag. 

Oportunidades: Além da possibilidade de vender para os clientes os mesmos vinhos que eles consomem nos restaurantes, os sócios podem oferecer acessórios como saca-rolhas, taças e livros sobre a bebida. Outra estratégia interessante é buscar patrocínio em empresas que se interessem em atingir o público que consome vinho.

O que fazer: A WineTag deve procurar parceiros como distribuidores, lojas de acessórios para vinhos e livrarias que possam se responsabilizar pela entrega dos produtos, seja qual for o volume do pedido. Muitas importadoras podem não ter interesse em atender a encomendas muito fracionadas, dentro do modelo de vendas proposto pelos sócios.

Criar uma loja virtual de vinhos

Fabiano Maciel - Miolo Wine Group (Bento Gonçalves, RS)

Fabricante de vinhos

Faturamento: 128 milhões de reais(em 2012, segundo empresa)

• Perspectivas: O número de consumidores de vinhos tem aumentado no Brasil nos últimos anos. Esse público está constantemente em busca de informações sobre o assunto. Criar um espaço em que as pessoas possam trocar opi­niões e recomendações sobre a bebida é estar pronto para acompanhar esse movimento que se intensifica no país.  

• Oportunidades: Os sócios podem trabalhar em outras frentes além da venda de vinhos via restaurantes. Como eles já têm acesso aos distribuidores, seria interessante propor uma parceria para a criação de uma loja virtual da WineTag ou um clube de assinatura de vinhos.

Com algumas alterações, a empresa poderia levar o plano de fidelidade que já existe para essa nova área de atuação. Os usuários cadastrados seriam clientes da loja online.

• O que fazer: Articular a criação de uma loja virtual no aplicativo com vinhos mais comuns e não só os vendidos por restaurantes. A estratégia atrairia novos clientes.

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