Como saber se é hora de tomar crédito? PMEs apostam na retomada econômica (BernardaSv/Thinkstock)
Karina Souza
Publicado em 15 de julho de 2021 às 14h58.
Última atualização em 15 de julho de 2021 às 16h19.
As projeções de retomada econômica seguem firmes e fortes para 2021, com projeção de alta do PIB em 5,3%, segundo o Ministério da Economia. Trazendo as expectativas do campo macroeconômico para mais perto do dia a dia, as micro, pequenas e médias empresas também têm boas perspectivas e já aumentaram a busca por crédito em mais de cinco vezes (435%): as solicitações de empréstimo foram de 572 no primeiro semestre de 2020 para 3.062 no mesmo período de 2021. Os dados fazem parte de um levantamento da Capital empreendedor, plataforma de crédito que conecta empreendedores a mais de 300 instituições financeiras.
Ainda segundo o relatório, no primeiro semestre deste ano, os valores ficaram em torno de R$ 79 mil, valor inferior ao registrado em 2020, de R$ 110 mil.
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De acordo com o estudo, os principais segmentos a procurarem por empréstimos foram aqueles relacionados ao comércio físico: restaurantes, lanchonetes e o comércio varejista de vestuário e acessórios. Apenas para lembrar, no último ano, um em cada quatro bares e restaurantes no país fechou as portas de vez, por causa das restrições geradas pela pandemia.
Por regiões, o Sudeste se destaca com o maior volume de pedidos, registrando aumento de 61,15% em relação ao ano passado, com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro e Campinas. A região é seguida por Nordeste, com incremento de 13,86% e pelo Sul, com 12,09%.
Mas afinal, por que a busca por crédito aumentou tanto? Alguns fatores ajudam a explicar isso: vacinação e a reformulação do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe).
Em relação às vacinas, mais da metade da população adulta já tomou a primeira dose no país, o que pode possibilitar aos empreendedores mais confiança para pedir por empréstimos -- especialmente para quem atua em segmentos que exigem a presença física para funcionar.
“O aumento da circulação de pessoas gera melhora nas perspectivas econômicas. Também temos indicadores como o aumento de contratações por parte das MPMEs, que mostram ânimo maior dos empresários. Do lado das instituições financeiras, há mais confiança para emprestar dinheiro para a categoria, já que em 2020 o volume de empréstimos aos micro e pequenos empreendedores reduziu consideravelmente”, diz Juliano Graff, presidente da Capital Empreendedor.
Um ponto que contribui para a busca por crédito junto às instituições financeiras em 2021 é a interrupção no Pronampe -- tinha saído do ar no início do ano e voltou agora, de vez, com novas regras. No ano passado, o custo do empréstimo a ser pago era de 1,25% o valor tomado mais a taxa básica de juros, a Selic. Para 2021, o texto aprovado prevê cobrança da Selic mais 6%. Ou seja, ficou “mais caro” pegar dinheiro emprestado com o governo.
Para ter uma noção do papel que essa linha de crédito ajudou a desempenhar no último ano, uma pesquisa do Sebrae mostra que, entre os novos empréstimos ou financiamentos tomados em 2020, 55% deles foram feitos por meio do Pronampe. Ao todo, o volume de empresários que tentou obter um crédito no último ano passou de 18% a 38%.
Diante do novo cenário, as empresas começaram a se mobilizar para ir atrás de outras formas de tomar empréstimos -- e o meio on-line começou a ser notado dentro desse processo.
Para Juliano Graff, essa busca pelas instituições privadas favoreceu a busca por companhias capazes de centralizar num único lugar as cotações de diversos bancos, possibilitando aos empreendedores mais agilidade.
“Um dado do Sebrae de janeiro deste ano mostra que apenas 12% destas empresas sabiam que era possível tomar crédito digitalmente. Já neste primeiro semestre, houve uma disseminação desse conhecimento, e o empreendedor não precisa ir de banco em banco para fazer isso”, diz.
Entre as linhas de crédito mais procuradas, o Capital de Giro com prazo superior a 365 dias foi o mais procurado dentro da Capital Empreendedor. Essa linha de crédito, de forma geral, visa a atender as obrigações financeiras do dia a dia da empresa, como pagamento de salários e aluguéis.
À parte deste caso, a planejadora financeira Paula Bazzo recomenda que as empresas avaliem quando é necessário tomar um empréstimo seguindo duas perguntas essenciais: Por que estou pegando este empréstimo? e O que vou fazer com esse dinheiro?
“Muito mais do que se questionar se vale ou não a pena pegar um empréstimo, é importante refletir se você usará os recursos de forma estratégica para gerar valor para o seu negócio”, diz.
Para quem precisa de ajuda na hora de tomar crédito, o Sebrae fornece diferentes dicas em seu portal, abordando pontos que vão desde as próprias linhas de crédito a serem analisadas, até o financiamento e consultoria para aprovação de crédito.
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