Redes sociais: elas não são sinônimo de perda de tempo (Mauricio Planel)
Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2015 às 05h56.
São Paulo - Redes sociais, celular, e-mail — nunca houve tantas distrações para prejudicar o rendimento dos funcionários. Será que isso é verdade? Muitos empreendedores não sabem o que fazer: estipular horários para entrar na internet? Deixar o funcionário à vontade? Bloquear o acesso de vez?
Na FazINOVA, trabalhamos num ambiente de fomento à inovação e ao empreendedorismo. Quero que o funcionário cumpra suas tarefas no prazo e com qualidade.
Se ele entra no Facebook no expediente ou usa o computador da empresa para e-mails pessoais mas entrega resultados no fim do dia, sem problemas. Escrever no WhatsApp ou ver um vídeo no YouTube não atrapalha — desde que cada funcionário tenha perfeita consciência do que precisa ser feito.
Não adianta haver uma disciplina rígida se os resultados entregues deixam a desejar. Além disso, nem tudo é como parece. Muitos empreendedores e chefes veem o funcionário no Facebook e já concluem que ele está enrolando. Será? Ele não pode estar usando a ferramenta de mensagens para falar com o filho em vez de usar o telefone?
Tudo está tão conectado que ficou impossível ter certeza se alguém está na internet a serviço ou não. Então, para que se atormentar? Se tiver liberdade, o funcionário competente pode render mais ainda.
Na minha equipe, há uma pessoa que usa muito as redes sociais e realmente fica bastante tempo conectada. Numa primeira impressão, parece que ela não está trabalhando. Mas uma de suas funções é fazer conexões com clientes e potenciais clientes para divulgar nossos projetos. Para isso, o Facebook é ótimo. Foi feito justamente para esse tipo de necessidade.
Às vezes, por trás da aflição do dono da empresa está a insegurança de que, talvez, não haja clareza do que se quer para o futuro. Sem isso, não há como traçar metas e sem metas ninguém sabe aonde ir.
Como cobrar resultados? Nesse caso, o bom comportamento pode apenas estar escondendo uma falsa performance. Sem clareza do que precisa cobrar dos funcionários e sem que eles saibam pelo que serão cobrados vai ser bem difícil algo dar certo — com ou sem redes sociais.
Mande sua dúvida para cantinhodabel@abril.com.br. As perguntas são selecionadas por Exame PME.
Para ganhar clientes, é melhor se apresentar como profissional liberal ou como dono?
Jorge Simeira — Campinas, SP
Títulos são apenas títulos. Embora CEO ou presidente possam chamar a atenção, são palavras que talvez só ajudem a conseguir a primeira reunião. Depois, é o seu trabalho que deve sustentar — e superar — a expectativa do cliente. Sei que muita gente se importa com cargos, mas é muito mais importante criar um portfólio bacana e se concentrar no que você vai dizer ao futuro cliente.
É também uma questão pessoal. Meu cartão de visita tem apenas meu nome e como entrar em contato comigo. É algo da cultura do Vale do Silício, onde trabalhei. Ninguém na minha empresa, a FazINOVA, tem título — até porque não nos organizamos numa hierarquia.
O cartão do empresário Aleksandar Mandic traz um termo bem objetivo: dono. Combina com sua irreverência. Se a decisão for por um título, acho que deveria ser bem diferente e inovador. Na sua profissão poderia ser, por exemplo, Jedi do design.
Onde conseguir um bom mentor? Como ele pode me ajudar?
Mari Holtz | Tattoo 12 Tribos — São Paulo, SP
Um mentor pode ajudar de diversas maneiras — seja orientando sobre alguma parte específica do negócio, como vendas, seja de forma mais pessoal, compartilhando com você as experiências dele. O que define a mentoria é a relação de aprendizado. Um de meus mentores é o empreendedor Reinald Normand, que levantou várias startups no Vale do Silício.
Cada um tem seu estilo. Alguns ficam tão próximos do mentorado que os dois se tornam grandes amigos. Outros, não. Conseguir um mentor deveria ser sempre natural — o que não significa esperar que ele caia do céu, sem esforço. É que não adianta forçar uma ligação só porque aquela pessoa é o nome que você considera o melhor de seu mercado.
Você pode, por exemplo, conseguir tomar um café com alguém que admira e ver o que acontece. Pode surgir uma conexão legal entre vocês. Não recomendo chegar e perguntar: “Você quer ser meu mentor?” Isso coloca a pessoa numa situação superdifícil, em que precisa responder sim ou não. O interesse em ajudar tem de ser genuíno, vir de dentro.
Já parou para pensar que você pode já ter um mentor e não ter se dado conta disso? Há alguém que dá dicas, o orienta e que se interessa pelo seu negócio com o único intuito de ajudar? Também percebi que muitos se preocupam em ter um mentor, mas são raros os que pensam em ser um mentor de alguém. Será que você não tem outro empreendedor para ajudar?
Após abrir meu negócio, devo direcionar esforços para ganhar dinheiro logo ou para tornar meu serviço conhecido?
Diana Branisso | Piicker — Rio de Janeiro, RJ
Não sejamos hipócritas: para recrutar novas pessoas, melhorar processos da empresa e inovar é preciso investimento — e não dá para fazer isso sem recursos. Mas existe uma sequência de prioridades. No primeiro momento, estar concentrado em garantir a qualidade de seu produto ou serviço é fundamental.
As primeiras pessoas que o usarem precisam aprová-lo — ou não haverá como ganhar dinheiro. Não é uma questão de se tornar popular, mas de conquistar os primeiros usuários, que ajudarão a divulgar o que sua empresa faz.
O dinheiro é uma consequência de todo esse trabalho. Buscar só dinheiro logo no início é perigoso. Muita gente faz isso e acaba tendo dificuldades, principalmente quando a quantia que o empreendedor tirou era necessária para o crescimento do negócio.