Michel Bitencourt - Tea Shop (Tea Shop/Divulgação)
Karin Salomão
Publicado em 24 de novembro de 2019 às 08h00.
Última atualização em 24 de novembro de 2019 às 09h00.
O consumo de chá no Brasil ainda é pequeno em comparação a outras bebidas, mas, para a Tea Shop, essa pode ser uma vantagem e diferencial. Com mais de 130 mesclas de folhas e sabores, xícaras e acessórios, a rede espanhola de lojas de chá cresce no Brasil apoiada na tendência de alimentos gourmet, tipicamente mais exclusivos, e de bebidas saudáveis.
A companhia espanhola, que tem 96 unidades na Europa e América Latina, chegou no Brasil há seis anos e conta com 34 lojas por aqui. No ano passado, as receitas cresceram 47%. Em 2019, já vendeu 26 milhões de reais.
Michel Bitencourt, diretor geral da Tea Shop no Brasil, conheceu a marca quando fazia MBA na Espanha e decidiu trazê-la ao país, para aproveitar o crescimento constante do mercado de chás. A companhia ainda passou três anos com apenas lojas próprias, estudando o mercado, mix de produtos e a logística antes de iniciar o processo de expansão, por franquias.
"Tivemos o cuidado de estruturar bem a empresa e conhecer o consumidor antes de começar a crescer", afirma o diretor. Em 2016, a companhia começou a abrir franquias e foi de três a 34 unidades desde então.
Além de estruturar a logística, a companhia também pensou em formas de expandir o consumo de chá. A bebida pode ser consumida quente ou fria e pode ser usada no preparo de pratos e drinks, diz. Buscou novos sabores e firmou parcerias com restaurantes para ser seu fornecedor de chás.
"O brasileiro está descobrindo que o chá vai muito além do consumo no frio ou no caso de uma doença", afirma ele. Dessa forma, a companhia abriu lojas até em cidades do Nordeste, região pouco associada com o consumo da bebida. A companhia já investiu 4 milhões de reais na sua operação no Brasil.
De 2013 a 2018, o consumo de chá no Brasil cresceu 25%, quase o dobro da média mundial, de 13%. O mercado de chás no Brasil chegou a 1,98 bilhão de reais em 2018.
As maiores companhias de chás no Brasil são a Coca-Cola, dona da Matte Leão, a Maratá, Herbalife, grupo Oethker e General Mills, dona da marca Mais Vita, da Yoki.
Com um preço acima da média e sabores especiais, a Tea Shop não alcançará o consumo de massa. Mas, justamente ao apostar em um negócio de nicho, é onde a empresa pode ter o maior crescimento.
As folhas e frutas de chás são vendidas a granel e não em sachês, para garantir a qualidade. O produto fica mais caro dessa forma, mas Bitencourt acredita que o preço pode até ser um chamariz para a marca, que se apoia da tendência de alimentos gourmet.
A companhia também lança novos produtos a cada 45 dias, como combinações sazonais, kits para presentes, bebidas específicas para o verão, inverno ou natal, por exemplo. As novidades são essenciais para garantir a recorrência de visita e compra dos consumidores, diz o diretor.
A aposta da rede atinge um mercado ainda pequeno, mas com oportunidades fortes de crescimento. Nesse sentido, apostar em um nicho específico de consumo pode ser a melhor estratégia, diz Angélica Salado, gerente de pesquisa da Euromonitor.
"Durante a crise econômica, o consumidor cortou certos supérfluos em sua cesta de compras e priorizou o essencial", diz "Ao mesmo tempo, o consumidor escolheu certos produtos para investir mais, como bebidas e alimentos especiais", diz ela. O consumidor também passou a enxergar o preparo de chá como um momento de paz pessoal, diz ela.