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Quer cobrar como?

Quais são as principais formas de pagamento à disposição de pequenas e médias empresas que vendem pela internet - e as vantagens e desvantagens de cada uma

Rodrigo Nakagaki, da Cabeleza: Diferentes formas de pagamento na loja virtual para não perder clientes (.)

Rodrigo Nakagaki, da Cabeleza: Diferentes formas de pagamento na loja virtual para não perder clientes (.)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Cartão de crédito, boleto bancário ou transferência eletrônica? Ou, quem sabe, o depósito normal, feito no caixa de um banco? Diante de várias opções, pequenos e médios empresários podem ficar em dúvida sobre quais formas de pagamento oferecer aos clientes de suas lojas virtuais. Abraçar todas traz o risco do acúmulo de pequenos custos que podem corroer parte dos lucros, além de complicar a administração. E, ao ignorar uma ou outra opção, pode-se perder uma venda na hora agá, caso o cliente fique insatisfeito com as possibilidades existentes. Para montar uma política equilibrada, saiba quais são as vantagens e desvantagens das diferentes formas de pagamento que podem ser adotadas no comércio eletrônico.

1- Cartão de crédito

Boa parte da facilidade em comprar pela internet depende de se poder pagar as mercadorias com cartão de crédito. Pelo serviço, as operadoras cobram das lojas virtuais uma taxa de cerca de 3,5% do valor de cada venda. Especialistas recomendam contar com, no mínimo, três bandeiras.

- Vantagens Os cartões de crédito são responsáveis por 73% das vendas online no Brasil, segundo dados da consultoria e-bit. Uma das principais vantagens é permitir aos clientes parcelar o pagamento. Isso aumenta a chance de que mais itens sejam adquiridos de uma vez, numa mesma compra.

- Desvantagens As administradoras repassam à loja virtual os valores das parcelas após cerca de 30 dias da data da compra feita pelo consumidor. Por isso, contar com uma parte significativa das receitas vindas de vendas no cartão de crédito pode ser arriscado para pequenas e médias empresas com problemas em administrar o fluxo de caixa. Se for preciso, pode-se pedir à administradora um adiantamento do valor. Isso implica, porém, pagar taxas um pouco maiores que as normalmente cobradas, o que, dependendo do valor do produto, pode até anular sua margem de lucro.


2-Boleto bancário

O boleto é a segunda alternativa mais usada por consumidores online no Brasil, segundo a e-bit. O valor que o banco cobra da loja virtual pela emissão é em média 3 reais. O dinheiro é recebido pela empresa em até 48 horas após o boleto ser quitado pelo cliente.

- Vantagens É uma forma de atrair consumidores que não trabalham com cartões de crédito ou têm medo de usá-los na internet - sobretudo se a loja for pouco conhecida. Uma vantagem importante é a facilidade para, em momentos de maior urgência para a geração de caixa, conceder bons descontos para quem usar boleto.

- Desvantagens O consumidor pode demorar para efetuar o pagamento ou mesmo desistir da compra depois de ter gerado o boleto no sistema da loja. Enquanto isso, a loja não pode vender aquele mesmo produto para outro cliente. "Até que o prazo para o pagamento vença, o que é estabelecido pela própria loja, é preciso garantir a entrega do produto", diz Tatiana Foresta, da Mídia.designers, especializada em comércio eletrônico. "Se isso acontecer com alguma frequência e o estoque de cada item for pequeno, pode-se perder vendas." Foi o que aconteceu com a Escalena, que administra lojas virtuais para grandes empresas. A taxa de desistência de compras feitas por boletos bancários num de seus clientes, a Nivea, chegava a 80%. "Eliminamos o boleto", diz Paulo César Chacur, sócio da Escalena. Com isso, as vendas cresceram 15%."


3-Transferência eletrônica

Cerca de 70% das vendas do site Intersena, que vende cerca de 15 000 jogos de loteria da Caixa Econômica Federal por mês na internet, são feitas por transferência eletrônica. Para a Intersena a transferência é melhor que o boleto porque evita que o pagamento da fezinha seja feito após o sorteio. Depois de jogar, o cliente é direcionado ao site do banco do qual é correntista para transferir o valor da aposta para a Intersena. Para isso funcionar direito, Toufic Efeiche, fundador da empresa, criou um esquema de monitoramento. "Alguns clientes ficavam confusos na hora de pagar dessa forma e desistiam", diz ele. Por meio de um software, os funcionários da Intersena sabem imediatamente o que cada cliente faz no site. Caso alguém desista na hora da transferência, eles buscam os dados de contatos do cliente no cadastro para telefonar ou mandar um e-mail oferecendo ajuda.

- Vantagens Como a transação é feita dentro do site do banco do qual os internautas são clientes, eles podem sentir-se mais seguros em fazer o pagamento. Para a loja, as transferências eletrônicas são normalmente menos sujeitas a fraudes do que as feitas por cartão de crédito.

- Desvantagens A transferência só é possível quando loja e consumidor usam o mesmo banco. Por isso, a empresa precisa manter uma conta em cada banco colocado à disposição dos clientes. Será preciso pagar diversas tarifas e acompanhar diferentes negociações com o gerente da conta para baixar esses custos, além de administrar a movimentação de cada uma delas.

4-Depósito bancário

Informar o número da conta bancária da loja para o cliente e pedir para ele depositar o valor da compra e enviar o comprovante por e-mail é o que garante 20% do movimento no site paulistano Cabeleza, que fornece cosméticos e aparelhos para salões, como chapinhas e secadores de cabelo. No início, Rodrigo Nakagaki, dono da empresa, comercializava os produtos no site Mercado Livre. "Ao criar o Cabeleza, mantive o depósito bancário que já era necessário para utilizar o Mercado Livre, a fim de não perder a clientela acostumada a pagar assim", diz ele. Hoje, Nakagaki também tem outras formas de pagamento -- entre cartões de crédito, transferência eletrônica e boleto bancário. "Não quero perder nenhum cliente apenas por não dispor da maneira que ele deseja pagar", diz Nakagaki.

- Vantagens Muitos clientes, como pequenos lojistas, podem preferir esse tipo de pagamento. São vários motivos possíveis: por não ter cartão corporativo, por receio de fraudes, por não saber lidar com a parafernália eletrônica ou por algum outro escopo de ordem, digamos, pessoal. Além disso, é possível fechar negócio com quem não utiliza cartão de crédito sem ter de manter contas em mais de um banco e arcar com os custos dos boletos bancários.

- Desvantagens O processo pode se tornar pouco produtivo. Os e-mails com a confirmação do depósito devem ser checados um por um antes de entregar a encomenda. Há o risco de o cliente esquecer que precisa enviar o e-mail, mandá-lo para um endereço errado ou de a mensagem ir parar na caixa de spam. Administrar tudo isso pode ser mais complicado do que parece, atrasando as entregas e gerando insatisfação na clientela.


5-Intermediação

As plataformas de pagamento oferecidas por empresas como UOL e BuscaPé - respectivamente, o PagSeguro e o Pagamento Digital - são como intermediadores entre lojas virtuais e clientes. Ao finalizar a compra, o internauta clica num botão que o leva para um desses sites. Lá, ele escolhe a forma de pagamento que desejar - entre cartão de crédito, transferência eletrônica e boleto bancário. Após a efetivação da operação, o intermediador repassa o dinheiro da compra para a loja virtual. Cobra-se uma taxa de cerca de 6% sobre o valor da venda.

- Vantagens Caso o cliente decida pagar ao intermediador com cartão de crédito, a loja recebe o valor integral da compra todo de uma vez -- mesmo que a opção do cliente tenha sido pelo parcelamento oferecido no cartão. Essas empresas também se responsabilizam por eventuais tentativas de fraude. Pequenas e médias empresas pouco conhecidas, ou que só agora estão operando online, podem despertar a desconfiança dos consumidores. Nesse caso, elas contam com o respaldo de meios de pagamento que provavelmente o cliente já conhece de outros sites.

- Desvantagens Os custos são mais altos que nas outras opções, o que pode espremer as margens. Além disso, os intermediadores cobram uma taxa do consumidor em casos como pagamentos parcelados no cartão - o que pode fazê-lo desistir da compra.

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