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Quem matar se a sua empresa estiver em crise

Especialista em crises empresariais diz que na hora do problema é preciso deixar as velhas convicções de lado

Mulher nervosa (Dreamstime.com)

Mulher nervosa (Dreamstime.com)

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Da Redação

Publicado em 8 de fevereiro de 2012 às 05h00.

São Paulo – Calma, não é preciso machucar ninguém para tirar uma empresa do buraco. Com o livro “Quem matar na hora da crise?” (editora Évora), o especialista em situações deste tipo Artur Lopes diz que só há uma solução definitiva para a crise: matar as velhas concepções – ou deixar a empresa morrer. “Quem está em crise, muitas vezes entra em pânico e não sabe que é possível renegociar dívidas”, explica Lopes.

Em uma situação deste tipo, a empresa perde crédito e os agentes financeiros começam a ficar impacientes, tentando reaver o que foi emprestado.

E pior do que lidar com isso e sair da crise, é reconhecer que a pequena empresa tem problemas. A identificação rápida do início da crise é fundamental para sair do vermelho com mais força. “A cultura do empresário nacional, que já passou por confisco e maxidesvalorização, é de não dar importância para indicadores negativos. Quando ele vê alguma dificuldade acha que dá conta lá na frente”, comenta.

Estou em crise?

Existem alguns sinais muito claros de que a sua empresa está prestes a enfrentar uma crise (faça o teste e confira qual a situação do seu negócio). O primeiro é o aumento das dívidas, especialmente com os bancos. “Você passa a tomar recursos não só para o capital giro e acaba cobrindo o prejuízo operacional com dinheiro externo”, ressalta Lopes.

O segundo sinal é uma questão fiscal. “Quando há o aumento do passivo fiscal a empresa não recolhe impostos ou parcela demais”, diz. O terceiro indicativo de problema é quando há uma sequência de resultados operacionais negativos. “Depois de três meses de resultado negativo já tem que acender a luz amarela”, alerta Lopes. Atrasar o pagamento de fornecedores e funcionários é estar a um passo da crise. Sem matéria-prima e mão de obra, a empresa não consegue se recuperar.


Estes sinais podem estar ligados a causas diversas, que devem ser investigadas depois que as contas voltarem ao normal. O problema pode vir de um investimento mal feito, queda no resultado e problemas na sociedade, por exemplo. “O empresário tem que ler esses indicadores e quanto mais cedo tratar essa crise, melhor. É como se você estivesse tendo febre e não fosse ao médico”, explica.

Como se salvar?

O processo de reestruturação, ou turnaround, exige mais do que capacidade de gestão. É preciso equilíbrio emocional e superação. “O empresário por si só, por conta do envolvimento emocional, geralmente não consegue tratar a crise de maneira adequada”, diz.

Isso significa que sem a revisão completa da organização – inclusive do dono - não há salvação para o negócio. “Em um momento de crise, se deparando com a vida ou a mo negócio”, conta.

Tirar a empresa do vermelho pode levar anos. Mas é possível voltar a ter uma operação para sobreviver com dois meses de muito trabalho. Os números são os principais aliados no começo da recuperação. “Precisa olhar a estrutura de pessoal, medir o tempo das máquinas e tratar de gargalhos fabris”, sugere. Esta primeira ação serve para gerar lucro e cobrir o passivo da operação.

Assim como não é instantâneo, o tratamento também não é pontual. “É um processo multidisciplinar que tem que envolver todas as áreas. É preciso gerar uma rotina de trabalho para que a gestão financeira seja eficaz”, ensina.

Uma das ferramentas mais eficientes para começar a colocar a casa em ordem é o fluxo de caixa. “É necessário evitar desperdícios e financiar a operação de maneira planejada. Isso significa que não pode criar estoque nem deixar de atender a demanda”, diz. A lição é ter uma operação casada e ler a carteira de pedido para não ter dispersão do pouco capital que a empresa dispõe.

O passo seguinte é reavaliar o mix de produtos. “Eu cheguei a uma empresa com 22 mil itens no portfólio e baixamos para 700. O reflexo no faturamento foi de 2%, porém a economia gerada por essa inteligência comercial foi amplamente vantajosa. Quando o capital de giro é escasso, a gente tem que ter ações deste tipo”, exemplifica Lopes.

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