Investidor-anjo: altos percentuais de tributos, somados ao risco inerente da operação, tendem a afastar investidores (Thinkstock/Thinkstock)
Mariana Fonseca
Publicado em 6 de março de 2017 às 15h00.
Última atualização em 6 de março de 2017 às 15h00.
Quando vale a pena buscar investimento fora para minha startup (e quando não vale a pena)?
Como em todos os artigos, o primeiro esclarecimento é quanto ao significado das palavras. Investir vem do Latim investire, que significava originalmente “cobrir, rodear, colocar roupa”. No sentido comercial, o uso começou no século XVII, pelo sentido de dar um novo aspecto ao capital. Significa aplicar fundos destinados à obtenção de um determinado rendimento, resultado ou lucro.
Toda vez que falamos em investimento, há duas partes envolvidas: quem investe e quem recebe o investimento.
Quando uma pessoa deseja investir o seu dinheiro, ela está fazendo uma escolha. Ela escolhe deixar de consumir no presente para obter algum tipo de benefício no futuro. É basicamente a mesma definição de uma poupança. Toda vez que se investe, também há um risco inerente: o risco de não receber o dinheiro de volta.
Essas duas condições são as que definem basicamente o rendimento ou o benefício que o investidor deve receber.
Quem recebe o investimento, pessoa física ou pessoa jurídica, deseja e/ou precisa desse dinheiro naquele momento. Há um pressuposto que orienta o relacionamento e o compromisso entre ambas as partes: o de que a atividade em que tal dinheiro será empregado gerará recursos suficientes para devolver o dinheiro ao investidor, adicionado de um lucro.
Feitas as projeções de receitas, custos e despesas do empreendimento, será possível determinar quanto dinheiro será necessário investir para iniciar o negócio. Também deverá ser levado em consideração o ritmo de crescimento desejado, pois ele poderá alterar o valor a investir, especialmente quanto às necessidades de capital de giro.
Com estas projeções em mente, há ao menos seis fatores e serem levados em consideração ao procurar pela fonte ideal de financiamento: a) o valor do financiamento; b) como ele será utilizado (não é a mesma coisa obter financiamento para o capital de giro do que financiamento para comprar uma máquina, que gerará receitas com os produtos fabricados por ela); c) o custo (taxa de juros); d) quanto do controle sobre as decisões do empreendimento será perdido; e) as consequências decorrentes de tudo isso para o seu projeto; f) e o tempo que levará devolver o valor financiado ao investidor.
Se você leu com atenção o parágrafo acima, chegará a conclusão que há investidores que, além de exigir a devolução integral do empréstimo, exigirão também uma participação na sociedade. O que é que justifica esse comportamento?
Na visão desses investidores esse é o preço do risco. Nesses casos, eles não pedem uma garantia real sobre o valor emprestado. A garantia para o investidor é que ele participará das decisões operacionais e estratégicas do novo empreendimento.
Então, a resposta para a pergunta inicial do leitor é que não há uma regra. Cada um deverá pesar todos estes fatores ao tomar a decisão. O benefício esperado pelo investidor e o custo para o empreendedor podem não se limitar a valores monetários.
Quanto antes se aprenda que, no mundo dos negócios, não há nada garantido, pois há sempre riscos inerentes, mais responsável e conscientemente serão tomadas as decisões de financiamento do seu empreendimento.
Mais uma vez, boa sorte! Até a próxima.
Cristian Welsh Miguens é professor do curso de negócios da Universidade Anhembi Morumbi.
Envie suas dúvidas sobre startups para pme-exame@abril.com.br.