Pedido de desculpas, perdão (Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 18 de setembro de 2015 às 12h32.
Quando o líder comete um erro deve ou não pedir perdão?
Escrito por Maria Cristina Ortiz de Camargo, especialista em comportamento
“Mea culpa, mea culpa”. Quando cometemos algum tipo de erro, diz a boa educação e os bons princípios, que devemos pedir perdão. Por outro lado, é o que as pessoas esperam ao enfrentar uma dessas delicadas situações. Esse ato, costumadamente, evita grandes desavenças e traz de volta o entendimento nas relações interpessoais.
No mundo organizacional, entretanto, esse código de boa conduta nem sempre é percebido de uma maneira tão simples. A cultura em que uma organização está inserida influencia de maneira determinante a maneira como líderes respondem à necessidade de pedir perdão a sua equipe, a seus superiores e também publicamente.
A sugestão de vários estudiosos sobre esse fato é de usar ao máximo o bom senso e o discernimento sobre o que e como se desculpar, pois esse ato pode ser visto como um sinal de fortaleza por algumas pessoas e organizações, como também pode significar um sinal de fraqueza para outras.
Credibilidade é algo difícil de conquistar e fácil de perder. Equipes almejam que seus líderes as orientem e guiem rumo aos caminhos de sucesso, portanto, podem não ser muito benevolentes quando um erro de estratégia da liderança os fazem perder resultados importantes, e, consequentemente, são penalizadas por isso.
A dificuldade ou a facilidade em pedir perdão no âmbito individual, também esta ligada ao tipo de personalidade do líder. Líderes autocráticos são menos flexíveis e abertos a esse tipo de comportamento, pois gostam de ser “endeusados” por seus liderados, a quem não é permitido julgá-los. Líderes democráticos e humanistas, por outro lado, entendem que a humildade em reconhecer possíveis erros os aproxima da equipe tornando-os mais humanos, e passíveis de enganos diante do complexo desafio que é liderar pessoas.
Líderes modernos e considerados conscientes são aqueles que oferecem “causas”. Eles são altamente motivadores, pois agem de acordo com seus valores, agregando pessoas talentosas ao seu redor. Entendem que o erro faz parte do risco de sair da zona de conforto para inovar e ousar fazer diferente. Percebem a importância de transformar erros em aprendizados importantes para suas equipes, não se importando em se desculpar pelos inconvenientes causados por essas ações arriscadas. A transparência e o lidar com a ambiguidade fazem parte de suas competências de liderança, assim como enfrentar a sua própria vulnerabilidade.
Quando liderados reconhecem em seus líderes a intenção de acertar, perdoá-los acaba se tornando também um ato de humildade, pois certamente eles também erram.
Maria Cristina Ortiz de Camargo é especialista na área comportamental e docente da BSP – Business School São Paulo.