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Qual o melhor investimento para você? Esta startup responde

O Yubb funciona como um Google dos investimentos: com a startup, é possível comparar mais de 1.300 aplicações por valor investido e prazo de retorno.

Ganhando dinheiro: várias ideias de negócio pipocaram nos últimos anos na forma de fintechs (Foto/Thinkstock)

Ganhando dinheiro: várias ideias de negócio pipocaram nos últimos anos na forma de fintechs (Foto/Thinkstock)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 5 de janeiro de 2018 às 06h00.

Última atualização em 9 de maio de 2019 às 14h31.

São Paulo – Os brasileiros cada vez mais procuram investir melhor o seu dinheiro. Não é para menos: com uma queda vertiginosa na taxa básica de juros brasileira, a Selic, é preciso cada vez mais buscar aplicações sofisticadas para ter melhores rendimentos.

Com o aumento da demanda pelo investimento dos sonhos, várias ideias de negócio pipocaram nos últimos anos na forma de fintechs.

Um desses empreendimentos é o Yubb: uma startup que quer ser seu Google, Buscapé ou Trivago das aplicações financeiras. Enquanto 109 milhões de brasileiros possuem algum valor na poupança – e dez mil deles possuem mais de um milhão de reais aplicados -, apenas nove milhões investem em aplicações de renda fixa, também de perfil conservador.

O negócio quer diminuir essa distância de números de investidores e, para isso, adotou o modelo de buscador gratuito de investimentos. Hoje, a startup já possui 1.300 aplicações listadas, de 130 instituições financeiras.

Após conquistar um aporte de um milhão de reais em dezembro de 2017, o Yubb alcançou um faturamento mensal de 100 a 150 mil reais. Até o final de 2018, pretende quadruplicar esse ganho mensal.

Modelo de negócio e pivotagem

O fundador é Yubb é o advogado Bernardo Pascowitch. Enquanto cursava a graduação em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), estagiou no escritório Pinheiro Neto. Pascowitch era responsável por áreas como mercado de capitais, fundos de investimento e securitização.

“Eu participava de um time que criava produtos e serviços para investidores profissionais. Ganhava minha bolsa-estágio e me perguntava como eu poderia investir de forma parecida, e percebi que essa era a dificuldade de muitos outros. Quando há uma dor relevante para um bom número de pessoas, talvez exista uma oportunidade de negócio”, diz Pascowitch.

Em 2011, o estagiário fez um intercâmbio para Londres (Reino Unido) pela universidade e olhou o surgimento de algumas startups especializadas no setor financeiro: as fintechs."Nunca gostei muito da advocacia privada tradicional e fiquei apaixonado, queria fazer algo nesse mercado.”

Pascowitch queria abrir um escritório para fundos de venture capital, mas o Pinheiro Neto ofereceu a possibilidade de criar a área dentro do próprio grande escritório. O advogado atendeu startups que cresceriam muito no futuro, como GetNinjas e VivaReal.

Mesmo assim, ele ainda não era o empreendedor que sonhava ser. Em outubro de 2014, Pascowitch pediu demissão e ideou seu próprio negócio na área de mercado financeiro, com o objetivo de ajudar as pessoas a acharem o melhor investimento.

“Entrevistei mais de 200 pessoas para entender quais problemas elas tinham na hora aplicar seu dinheiro e cuidar dele. Mapeei todas as dores e elenquei diversas hipóteses. Em 2015, montei um mínimo produto viável de uma rede social de investidores.”

O Yubb foi lançado em outubro de 2015, um ano depois da saída do escritório de advocacia e da ideação. Por meio de uma assinatura mensal de 19,90 reais, o usuário poderia acessar uma carteira de investimentos e uma rede social de investidores, com o objetivo de discutir as melhores aplicações.

Porém, logo Pascowitch descobriu que o produto não era tão viável assim. “Descobrimos que as pessoas não pagariam esse preço e que não iríamos escalar uma solução de aplicação dos investimentos, algo árido para a maioria da população, dessa maneira.”

Em 2016, o advogado começou a pensar em como mudar o modelo de negócio – um movimento conhecido no mundo das startups como pivotagem - com o sócio de tecnologia Caio Freitas Sym. O Yubb voltou um passo: antes de oferecer o serviço de aplicação, por que não tornar-se um destino para as pessoas descobrirem bons investimentos de forma gratuita?

“Seria como o Google funciona para informações, como o Buscapé funciona para produtos do e-commerce ou como o Trivago funciona para hotéis”, resume Pascowitch. O Yubb, como buscador, foi lançado em outubro de 2016.

“Mudamos e o negócio passou a fazer sentido. Desde esse relançamento, as pessoas gostam muito e falam que finalmente conseguiram sair da poupança ou de um investimento ruim no banco. As instituições financeiras também gostam muito, por finalmente serem descobertas por um público maior.”

Como funciona?

Para acessar o Yubb, o usuário não precisa fazer cadastros nem pagar taxas. É possível encontrar os melhores investimentos inserindo duas informações: o valor de aplicação e o tempo esperado para o retorno do dinheiro.

Há pessoas que querem investir mil reais por seis meses, enquanto outras buscam investir 500 mil reais e pegar o dinheiro de volta só dez anos depois. A média, porém, é uma aplicação entre 15 e 25 mil reais, com prazo de retorno entre dois e quatro anos. A maioria dos investidores são jovens, entre 28 e 44 anos de idade, e moram na região Sudeste e em capitais como Manaus, Porto Alegre, Recife e Salvador.

Hoje, o Yubb disponibiliza 1.300 aplicações financeiras em tempo real – como tesouro direto, fundos de renda variável e robôs-advisors –, cobrindo 85% do mercado de renda e 100% do mercado de fundos multimercado, de acordo com Pascowitch.

Reprodução de tela da startup Yubb, com busca de investimentos

Reprodução de tela da startup Yubb, com busca de investimentos (Yubb/Reprodução)

Os investimentos pertencem a 130 instituições financeiras, de bancos a corretoras e gestoras. Algumas delas são parceiras, e é isso que traz a monetização do Yubb, já que o usuário não é cobrado: quando o visitante clica para saber mais do investimento e é redirecionada para a página de instituição, cobra-se uma taxa que varia de 4 a 20 reais. Os dados financeiros e as transações não passam pelo buscador, e sim vão do usuário à instituição financeira.

Mesmo assim, o Yubb também mostra investimentos de instituições não parceiras, com o objetivo manter uma amostragem imparcial. Quem fecha contrato com a Yubb tem como benefício o acesso a métricas de negócio, como número de cliques e redirecionamento, posição em relação aos concorrentes e investimentos mais procurados. Também é possível pagar para divulgar alguma aplicação específica. O negócio não ganha comissão por investimento concretizado, uma prática proibida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), diz Pascowitch.

Em dezembro de 2017, cerca de quatro milhões de buscas de investimentos foram feitas pelo site, que contou com 100 mil usuários únicos nas versões para desktop, para Android e para iOS. Dessas procuras, entre 60 a 70 mil viraram “leads” – clientes qualificados e que, portanto, trouxeram receita para a startup.

Tais números atraíram seis investidores do mercado financeiro e de tecnologia, de nomes não revelados, que aportaram um milhão de reais no Yubb em dezembro de 2017. Até então, o negócio tinha recebido apenas recursos dos próprios sócios.

O grande objetivo do aporte é escalar, agora que o modelo de negócio está validado. “Nosso primeiro desafio, visto em 2017, foi montar um produto pelo qual as pessoas se interessem. Agora, com essa estabilidade, queremos crescer e levar a solução para mais pessoas.”

A meta é aumentar o número de leads entre 12 e 15 vezes até o fim de 2018, chegando a entre 800 mil e 1 milhão de leads mensais. Nesse mesmo período, o faturamento médio mensal deve subir para 700 mil reais. Além dos leads, o Yubb aposta que a publicidade de investimentos específicos representará boa parte da receita – indo de 10% para cerca de 60 ou 70% do faturamento total.

Além dos sócios, o Yubb possui quatro funcionários – número que será dobrado com o aporte, especialmente nas áreas de marketing, produto e tecnologia. Algumas aplicações novas entrarão no site, como fundos cambiais e internacionais, e o negócio investirá em conteúdos de educação financeira, como cursos, textos de passo a passo para investir e treinamentos.

“Na história do Brasil, já houve muitas tentativas para as pessoas investirem mais. A própria Bovespa já organizou diversas iniciativas, assim como o Tesouro Direto e o Banco Central. Foram programas importantes, mas nenhum logrou êxito. Na minha opinião, é porque aquela não era a época mais adequada”, analisa Pascowitch. “Agira é o momento de as pessoas saírem da poupança e investirem melhor. E as fintechs colocam ainda mais tempero na sopa de opções de investimento, com suas soluções inovadoras."

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