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Projeto permite que investidor em startup revenda participação

A venture capital Bossa Nova Investimentos se uniu à rede de investidores Anjos do Brasil para oferecer uma nova saída aos investimentos em startups.

Investimento-anjo: projeto de compra secundária de participações de investidores-anjo em startups será apresentado hoje à noite pela Bossa Nova Investimentos (Foto/Thinkstock)

Investimento-anjo: projeto de compra secundária de participações de investidores-anjo em startups será apresentado hoje à noite pela Bossa Nova Investimentos (Foto/Thinkstock)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 11 de dezembro de 2017 às 06h00.

Última atualização em 11 de dezembro de 2017 às 06h00.

São Paulo – Quem já investiu em ações deve estar familiarizado com o conceito de compra ou venda secundária de papéis: um investidor, quando precisa se desfazer de alguns aportes e obter liquidez imediata, vende suas propriedades para outros investidores.

Agora, será possível fazer tal procedimento não apenas com ações de grandes empresas, mas também com participações em startups.

Um projeto de compra secundária de participações de investidores-anjo em startups será apresentado hoje à noite (11) pela Bossa Nova Investimentos, que deseja adqurir uma parte de tais investimentos.

A micro venture capital faz investimentos em estágios pré-seed e seed em startups – ou seja, o aporte que fica entre o investimento-anjo, feito por pessoas físicas, e o série A, feito por fundos de venture capital maiores. A iniciativa acontece em parceria com a Anjos do Brasil, uma das maiores entidades de investimento-anjo do país.

João Kepler, sócio da Bossa Nova Investimentos, conta que a ideia do projeto surgiu a partir de sua própria experiência como investidor-anjo. De 2008 a 2015, Kepler investiu em 40 startups – que depois foram reunidas com as de seu sócio, Pierre Schurmann, para formar a empresa de micro venture capital.

“A maior dificuldade, enquanto anjo, é ter um limite de capital para investir nas startups, como estratégia de diversificação. Se esse capital não volta, não há como fazer novos investimentos”, explica Kepler.

Outro fator que complica a rotina dos investidores é a falta de exits, ou venda das startups investidas. Quando tais negócios recebem novas rodadas de aportes, isso não significa que o anjo poderá retirar o dinheiro que investiu e continuar procurando novos negócios.

“É um ganho de capital não realizado. O capital do investidor-anjo cresce em proporção de participação, já que o valuation da startup aumentou, mas isso não representa um investimento com liquidez. Na média mundial, o retorno de um aporte em startups leva 6,8 anos.”

O processo

Como funciona o processo de venda da participação, para o investidor-anjo? Ele deve submeter um formulário para a Bossa Nova Investimentos, com informações como nome da startup, valor aportado, valuation da empresa na época do investimento e valuation atual.

A micro venture capital se interessa por negócios de soluções digitais que atendam empresa (B2B) ou consumidores influenciadores de empresas (B2B2C) e estejam validados, operando, com clientes e faturamentos (ainda que poucos) e com um rumo claro ao break even, o ponto de equilíbrio entre receitas e despesas.

A Bossa Nova analisará o formulário e chamará o investidor para uma negociação. O acordo envolve algumas condições: o limite de ganho de capital é de até três vezes o valor inicialmente aportado pelo investidor, para que a Bossa Nova consiga manter-se em estágio pré-seed e seed e aportar em diversas startups.

Além disso, o investidor deve continuar com ao menos 10% da participação que tinha no negócio – não vale vender todas as cotas e sair do negócio. “Comprar startups mantendo alguma participação do anjo reforça nossa tese da importância do mentor ao lado do empreendedor”, afirma Kepler.

A startup deve dar sua anuência ao contrato de compra secundária de participação, mas todo o dinheiro com a venda da participação irá para o investidor-anjo. Após a concordância de todas as partes, o pagamento é feito ao investidor e as cotas de participação são transferidas para a Bossa Nova Investimentos.

Por que a startup toparia o procedimento, se o dinheiro não vai para ela? “O anjo lá dentro não tem capacidade de colocar mais dinheiro, então o negócio está travado em recursos. A Bossa Nova Investimento, tendo esse capital, pode fazer o follow on dos investimentos. Isso é importante para a startup continuar operando e crescendo.”

Metas e expectativas

Além de resolver a demanda por liquidez e retorno por parte dos investidores, o projeto da Bossa Nova Investimentos tem como objetivo ajudar a micro venture capital bater sua meta de 1.000 startups no portfólio até 2020. Hoje, são 170 startups no portfólio direto e outras 140 por meio da aceleradora ACE, com uma carteira de 2,5 bilhões de reais em valuation.

Ao todo, 100 milhões de reais serão investidos para cumprir tal meta, sendo que apenas o projeto de compra secundária de participação de investidores-anjo em startups tem um orçamento de cinco milhões de reais. Até abril de 2018, a micro venture capital irá investir em até 30 negócios inovadores por meio desse modelo.

Se houver uma boa resposta à iniciativa, a Bossa Nova irá ampliar tanto o período de tempo quando o orçamento. São esperados 500 formulários submetidos por investidores-anjo e 70 novas startups investidas apenas em 2017.

Também há a expectativa que outras firmas de investimento repliquem o projeto de compra secundária de participações em startups. “Acreditamos que não seremos as únicas empresas de venture capital nesse mercado, e por isso nos associamos à Anjos do Brasil: queremos ser os pioneiros, mas não os únicos”, diz Kepler.

Além dos fundos, Kepler acredita que a iniciativa irá atrair muito mais investidores para o investimento em startups. “Acho que teremos um 2018 muito favorável ao investimento-anjo no país, o que ajuda o ecossistema empreendedor como um todo.”

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