Tem um famoso ditado no Silicon Valley que diz o seguinte: “Quando for avaliar uma startup nova, adicione 500 mil dólares para cada engenheiro e subtraia 250 mil para cada MBA” (Aaron Patzer, fundador do Mint).
Minha intenção aqui não é tirar onda da galera que fez MBAs, embora isso seja altamente tentador. Eu mesmo fiz uma escola de administração, em 2001, e seria difícil ganhar do Dilbert, então nem vou tentar.
A maioria das pessoas investindo tempo, dinheiro e esforço em um MBA concordaria sobre três vantagens fundamentais que ganharam com seus cursos:
1. A rede de alunos/ex-alunos;
2. O reconhecimento no mercado da sua habilidade de ser aceito em difíceis processos de seleção; e
3. A cultura business que adquiriu durante o programa.
MBAs floresceram em uma era, a segunda parte do século 20, na qual companhias viram a rápida comoditização de seus produtos. Na maior parte da economia dessa época, tudo se resumia a quão bem a empresa conseguia convencer o cliente de escolher a sua marca, o marketing, e quanto dinheiro você deveria gastar para alcançar mais pessoas, as finanças.
E essas são basicamente as duas coisas principais que você vai aprender no seu MBA. Como vender e como ser financiado.
Naquela época, a Meca era indiscutivelmente Nova Iorque, com apenas duas ruas interessantes: Wall Street, para conseguir o dinheiro, e a Madison Avenue, famosamente ilustrada na série “Mad Men”, para gastá-lo. Mas aí veio a internet e mudou tudo!
Com todo mundo online, você precisa de tipos totalmente novos de intermediários para facilitar conexões entre usuários ("peer to peer"). Com bons programas, a necessidade de hierarquias complexas foi colocada em cheque. Plataformas digitais “lean” conectam pessoas e conseguem ter uma tração tremenda com pouquíssimos recursos e poucas pessoas.
Em 2014, o WhatsApp foi vendido por 19 bilhões de dólares para o Facebook. O aplicativo tinha alcançado 450 milhões de usuários ativos sem gastar um dólar com propaganda, tinha 55 empregados, entre os quais 32 engenheiros, e um time de atendimento ao cliente.
O único empregado com um MBA (da Índia) não era um dos fundadores e era famosamente chamado de “o cara do business”. O que ele realmente fazia por lá continua um mistério até hoje.
Deveria estar acendendo uma luzinha vermelha na reitoria dos MBAs quando uma das mais recentes e incríveis histórias de criação de valor — tanto para acionistas quanto para usuários — foi totalmente executada sem nenhum membro de um MBA das Ivy Leagues, nem mesmo remotamente envolvido. Mesmo o primeiro e único VC que o WhatsApp deixou participar da aventura tinha uma formação em ciências da computação.
Alguém roubou o brilho dos MBAs?
Sim, e foram os caras que ninguém esperava que roubariam nada de ninguém: os geeks. A revolução digital possibilitou que todo mundo acessasse todo mundo. Então, a sua habilidade de fazer parte do nexus ("centro") das velhas organizações intermediárias – o alto escalão da TV e da mídia impressa, bancos, grandes agências – está se tornando irrelevante.
Até mesmo no IPO do Google foram os “geeks” que ditaram os termos aos MBAs para uma abordagem mais igualitária e para evitar que corretores favorecessem seus melhores clientes. Os banqueiros ficaram em choque.
Estamos vendo uma vasta transferência de poder da “Elite MBA” em direção a “criadores de produtos digitais”. No novo jogo, pontos não dependem de quem você conhece, mas o quão bem o seu produto é aceito pelas multidões. Aprender a programar se tornou o novo pré-requisito para poder jogar.
No mundo do código, o seu ranking depende de downloads e usuários ativos. Sua idade, sexo, raça, escola ou origem não importam, desde que a sua invenção realmente resolva a “dor” de milhões de usuários.
É claro que startups ainda precisam de financiamento e marketing, mas marketing está se transformando em “growth hacking”, conceito no qual os empregados programam alguns “hacks” para engatilhar crescimento extremo. Em um setor tão emblemático como o automotivo, inventores de produtos também estão roubando a cena.
A Tesla acabou de conseguir que 400 mil clientes fizessem a compra antecipada de um carro que só ficara pronto no final de 2017/começo de 2018, sem um centavo gasto em propagandas de TV. Eles só fizeram um produto que as pessoas estavam esperando há anos: um lindo carro elétrico, acessível e de grande autonomia.
Em organizações com foco no produto, onde sua missão – Simon Sinek diria “o seu porquê” – ressona com a multidão, você não precisa gastar muito para botar a boca no trombone.
E, desde que você tenha um bom crescimento de usuários, você encontra verba facilmente com antigos programadores/empreendedores que se transformaram em investidores anjo e venture capitalists, isso quando não for encontrar em plataformas online de crowdfunding, como o Kickstarter, o que possibilita que os usuários te financiarem diretamente.
O fator chave para uma campanha de levantamento de fundos de sucesso não é mais o seu diploma, se é que já foi um dia, mas a tração dos seus usuários. Um produto lançado vale mais que milhares de planos de negócio.
E os benefícios que um MBA trazia estão sendo reinventados. O seu reconhecimento no mercado agora está ligado ao que você constrói e fala online, seu portfolio e seguidores. A sua rede é feita das tribos que adotam essas ideias (open source, wikipedia, meetups). A sua cultura de negócios depende da sua habilidade de continuar seguindo o que está acontecendo
Pensar que você pode confiar no que aprendeu na escola para o resto da sua vida, sem precisar de atualizações, não é só burro, como perigoso.
Curiosamente, a Goldman Sachs, uma das companhias dos sonhos de vários graduados em MBAs, recentemente tentou fazer um rebranding próprio como uma empresa de tech, ostentando que emprega mais engenheiros que o Facebook.
Achar que contratar mais engenheiros do que outras empresas o torna o mais “tech” da cidade é provavelmente o que um consultor com MBA vendeu pra eles em um powerpoint lindo. Essa tentativa de rebranding diz algo sobre a grande mudança que estou tentando descrever.
Os MBAs vão desaparecer completamente? Claro que não, mas o valor deles certamente será afetado pelo fato que as mentes mais brilhantes vão gradualmente decidir ter habilidades técnicas em formações de curto prazo, como bootcamps de código, para completar um diploma inicial em áreas mais passionais como Sociologia, Psicologia ou Artes.
Entender usuários e ser capaz de construir algo que eles utilizam é o novo Cálice Sagrado, e não a sua habilidade de se exprimir em bullet points sem rir, a parte mais difícil da minha carreira até hoje.
Então, como diria o Sr. Jones, seja fiel, beba um gole e acredite na sua habilidade de tornar a suas ideias em produtos reais. Aprenda a programar.
Texto escrito por Mathieu Le Roux, fundador da Le Wagon, e publicado em Endeavor. Veja o artigo original aqui.
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1. Aprendendo com o erro dos outros
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São Paulo – Quais são os erros mais comuns que os
empreendedores de primeira viagem cometem? Essa é uma pergunta que todo futuro dono de negócio deve fazer, já que aprender com as falhas de outros empreendedores traz dois benefícios. Primeiro, você se sente mais seguro – afinal, percebe que todo mundo pode e deve errar na jornada de abertura de uma empresa. Ao mesmo tempo, pode começar seu negócio já evitando algumas falhas mais básicas, o que poupa tempo e dinheiro. A mesma pergunta que abre esta matéria surgiu
na rede social Quora. Hoje, esse tópico já possui mais de 100 respostas de empreendedores, investidores e mentores que resolveram compartilhar seus próprios erros ou os erros que mais veem, com o objetivo de ajudar quem ainda vai abrir um negócio. EXAME.com selecionou os melhores depoimentos dados na rede social. Portanto, navegue pelos slides acima e confira quais os principais erros cometidos por empreendedores de primeira viagem. Aprender com eles é mais um passo na direção do
sucesso!
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2. 1. Não pesquisar seu mercado o suficiente
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Saber mais sobre onde você vai atuar parece óbvio, mas é um erro que muitos empreendedores de primeira viagem cometem: eles enxergam uma oportunidade e abrem a empresa, sem ver antes se já há concorrentes ou consumidores, por exemplo. "Pesquisa é a chave para saber se seu negócio pode ser um sucesso. Use seu tempo para aprender sobre o mercado, ache seus clientes e aprenda o que eles precisam, e informações do tipo", aconselha Alyce Johnson, fundadora do newstability.com. "Fazer o estudo correto pode ajudá-lo a validar sua ideia e seu modelo de negócios antes mesmo que você vá ao mercado."
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3. 2. Apaixonar-se por uma ideia (e ignorar toda crítica)
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É bom gostar do seu negócio. Mas você precisa estar lúcido o suficiente para saber criticá-lo, quando preciso. “A partir do momento que você se apega emocionalmente a uma ideia, você perde a objetividade”, sentencia o empreendedor serial Rajesh Setty. “Com isso, você vive em uma bolha. Por exemplo: você pede feedbacks, mas realmente ouve apenas os que apoiam sua ideia; ou você considera que suas suposições são fatos. Ao invés de reviver sua aventura empreendedora, você apenas fortalece sua opiniões, que pode ser refutada diante de uma nova realidade.” Saiba
quando um empreendedor deve ouvir sua intuição.
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4. 3. Achar que irá ganhar dinheiro instantaneamente
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Um dos maiores erros dos empreendedores é não imaginar que suas ideias podem demorar meses ou anos para renderem aquilo que foi gasto – e mais ainda para gerar lucro. “Você precisa de mais capital do que apenas o mínimo para cobrir custos de infraestrutura”, alerta o empreendedor Peter Baskerville. “É uma grande falha não perceber a importância do fluxo de caixa, muito além do lucro. Você precisa manter uma reserva de 10 a 13 semanas de capital de giro para sobreviver.” Entenda mais sobre
o que é e para que servem o fluxo de caixa e o capital de giro, além de saber quanto dinheiro deve ser guardado para o
capital de giro.
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5. 4. Trabalhar até a exaustão e acumular mil e uma tarefas
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É comum que muitos fundadores sintam que devem trabalhar 100 horas por semana. Porém, uma venda bem-sucedida de startup costuma levar de sete a dez anos, diz Lucas Carlson, do AppFog. Afinal, se você não tirar um tempo para cuidar de você mesmo, ninguém irá. E é preciso que o fundador esteja bem para que possa dar atenção aos outros membros também. “Será que o fundador de uma empresa recém-inaugurada precisa mesmo gastar seu tempo avaliando cada alternativa dentro da área de recursos humanos, por exemplo, no lugar de focar no produto e nos clientes?”, pergunta o empreendedor. “Algumas pessoas acham que ser CEO quer dizer estar envolvido em tudo. Mas isso, na verdade, só atrapalha e retarda o progresso do negócio. Cerque-se de pessoas inteligentes e delegue, delegue e delegue.”
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6. 5. Fazer tudo pela metade
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Mesmo que seja bom não trabalhar de forma absurda, também não dá para tocar uma ideia de negócio como se fosse apenas um projetinho paralelo. “Eu já tentei fazer isso diversas vezes, e não funciona”, diz Lucas Carlson, fundador do AppFog. “Não quero dizer que é impossível começar um empreendimento de forma paralela, mas sim que, para transformar sua ideia em algo que possa atrair investimento, você deverá tomar a decisão de trabalhar integralmente alguma hora. Ninguém irá aportar se você não fizer aquilo o tempo todo, não importa quão boa seja a ideia.”
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7. 6. Achar que atuar como sempre atuou é suficiente
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Um erro muito cometido por empreendedores de primeira viagem é achar que as soluções corporativas funcionam no mundo das startups. “Você está em uma luta pela sobrevivência, e não apenas fazendo seu papel em uma decisão de comitê administrativo”, explica o empreendedor Peter Baskerville. “Uma startup não é apenas uma corporação em pequena escala: ela requer uma abordagem completamente diferente em termos de desenvolvimento. Há um modelo de negócios, e não apenas um plano; há o desenvolvimento de um mercado, e não apenas de um produto; e há a administração empreendedora/lean, e não corporativa/estratégica.”
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8. 7. Esperar o produto ficar perfeito e então lançar
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Assim que possível, entregue seu produto ou serviço na mão de potenciais consumidores, aconselha o mentor Lonnie Sciambi. “Isso gera um potencial retorno financeiro e também feedback. Quanto mais cedo você testar seu produto, mais cedo ele ficará melhor. Dinheiro, um novo cliente e feedback superam a perfeição, todas as vezes!”
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9. 8. Achar que preço baixo é a chave do sucesso
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Você acha que praticar preços baixos já é uma garantia de que você irá superar os concorrentes? Pois está errado. "Nós tentamos competir em questão de preço quando começamos e, em retrospecto, vejo que essa era a dimensão errada para competir", diz Anand Sanwal, cofundador da CB Insights. "Agora, porque nosso preço é baseado em valor, cobramos mais de dez vezes o que cobrávamos, e focamos nos tipos corretos de clientes nas qualidades certas do nosso produto para atendê-los." O conselho também vale para os empreendedores que querem atender todo mundo e, para isso, criam mil e uma faixas de preço. "Quando nós abrimos, há quatro anos e meio, tentamos ter um preço para grandes empresas e para startups. Eu tinha medo de escolher um mercado, porque 'ter opções' parecia uma boa ideia. Percebemos rápido que escolher um mercado dá claridade para nossa mensagem e abordagem."
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10. 9. Comprometer muito dinheiro no começo do negócio
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Quando um empreendedor vê um primeiro sinal de sucesso em sua empresa, a tendência é começar a assumir compromissos, já projetando que os tempos de bonança continuarão para sempre. “Não estou falando para você ser pessimista e ver apenas o copo vazio, mas o seu copo também não deveria estar transbordando”, afirma o empreendedor e mentor Lonnie Sciambi. “Seja um duro realista, especialmente quanto a licenças de equipamento e contratos de locação. Continue a atuar como se você fosse quebrar amanhã, e administre seu dinheiro segundo esse pensamento.”
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11. 10. Não colocar a casa em ordem
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Em toda empresa é preciso organizar as diversas áreas do negócio – o que inclui manter documentação e contabilidade em dia. “É fácil para uma startup que cresce rápido deixar essas obrigações passarem. Porém, se seu objetivo é vender a empresa ou conseguir um investimento, é melhor manter tudo arrumado agora do que ter de fazer isso às pressas depois”, diz o investidor Muril Ravi. Isso não significa que você precise fazer isso por conta própria: segundo Ravi, pagar um profissional para regularizar sua empresa é um dinheiro bem investido. Veja
como e por quanto tempo você deve guardar os documentos da sua empresa e saiba
como registrá-la. Também aprenda
como organizar as contas do negócio.
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12. 11. Fazer contratações ruins
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O time é a parte mais importante de uma startup, e uma má contratação pode fazer que seu negócio vá para o buraco. Por isso, contrate por habilidade, inteligência e tenacidade, aconselha Evan Reas, co-fundador da Hawthorne Labs. “É fácil cair na armadilha de contratar pessoas que são apenas ‘boas o suficiente’ quando a startup está tentando crescer rápido, mas isso pode ser fatal.” Outro erro de contratação é sair pedindo candidatos com cinco ou dez anos de experiência sem ao menos olhar para todos que se inscreveram. “Pessoas em startups precisam estar aprendendo constantemente e essa habilidade deveria ser colocada acima dos anos de trabalho”, defende o empreendedor.
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13. 12. Ficar lendo muito e executando pouco
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Por fim, um conselho que você deveria pôr em prática já: ler menos e executar mais. “Ler é ótimo, e é importante que empreendedores compreendam insights que foram aprendidos após muito esforço pela comunidade de negócios e tecnologia. Fazer nenhuma leitura é tão ruim quanto ler demais", diz o investidor Patrick Mathieson. "Porém, entenda que seu sucesso ou fracasso no mundo do empreendedorismo terá menos a ver com seu conhecimento teórico de negócios e mais com quão bem você resolve os problemas para um grupo específico de pessoas. Saber fazer isso só é possível por meio de pesquisa direta, e não de segunda mão.”
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14. Agora, confira como passar por tempos difíceis:
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