Indisciplina: é preciso que prevaleça na empresa a liderança democrática para impedir a indisciplina (Foto/Thinkstock)
Mariana Fonseca
Publicado em 4 de abril de 2017 às 15h00.
Última atualização em 4 de abril de 2017 às 15h00.
Como um chefe ou funcionário indisciplinado afeta a equipe?
A reunião está marcada para as 9 horas. São 9h35, todos estão presentes, menos Jorge, o chefe, que convocou a reunião. Sete pessoas estão aguardando por ele: três estão conectadas no celular conversando no Facebook, outras duas estão desenhando rabiscos em folhas de papel e outras duas estão falando de futebol.
Jorge chega as 9h40, cumprimenta a todos, nem sequer pede desculpas pelo atraso e inicia a reunião perguntando: “Sobre qual assunto vamos tratar”?
Essa cena, por incrível que pareça, é muito comum e constitui um clássico exemplo da indisciplina no ambiente de trabalho, envolvendo desrespeito às normas de conduta e cumprimento de horários.
No caso acima a indisciplina parte da própria liderança, mas ela ocorre em todos os níveis em uma organização e é desastrosa por si só, seja a pessoa indisciplinada um chefe, um “par” ou um subordinado.
Aos olhos dos subordinados, o chefe indisciplinado gera insegurança na equipe, pois tende a postergar as decisões prejudicando o andamento do trabalho de todos. A consequência é a existência de um grupo de subordinados apáticos e descomprometidos, distante do que possa ser chamado de equipe.
Já aos olhos dos “pares”, o colega indisciplinado atrapalha o desempenho da equipe no momento em que não atende às necessidades dos seus “clientes internos”, prejudicando a qualidade do trabalho realizado pelos colegas que dele dependem.
Visto pelo chefe, o subordinado indisciplinado, ao atrapalhar o desempenho da equipe, põe em cheque sua própria autoridade como líder. Ao ele conduzir um grupo que não entrega os trabalhos com a qualidade esperada, deixa a imagem profissional da liderança abalada perante toda a organização.
Cabe aqui uma reflexão a respeito dos diferentes estilos de liderança e os efeitos sobre os grupos. Os grupos são dirigidos por três tipos de liderança: o autoritário, o democrático e o laissez faire.
Sob uma batuta autoritária, a equipe vive em constante tensão e há elevada carga de agressão e rebeldia. Os colaboradores não se sentem satisfeitos e oscilam entre apatia e rebeldia.
O grupo conduzido por uma liderança democrática vive em um ambiente menos tenso: o nível de disciplina é alto e a satisfação também é mais elevada.
Já a liderança laissez faire deixa os colaboradores à vontade para agirem como puderem, e como consequência a tensão e a agressividade são elevadas. Os participantes ficam frustrados e insatisfeitos com a ineficiência do grupo.
Se quisermos combater a indisciplina, é preciso que prevaleça na empresa a liderança democrática, para que haja abertura para discutir não apenas as formas de execução das tarefas e as metas a ser atingidas, mas também as regras de convivência.
Por fim, não posso me esquivar de deixar claro que a opção de manter um funcionário indisciplinado na equipe é exclusivamente da liderança.
Alexandre Rangel é coach, psicólogo e sócio-fundador da Alliance Coaching.
Envie suas dúvidas sobre gestão de pessoas para pme-exame@abril.com.br.