Lídia Abdalla, do laboratório Sabin: parceria com o concorrente Fleury para investir em boas ideias de startups (Cristiano Mariz/Exame)
Carolina Ingizza
Publicado em 14 de janeiro de 2021 às 06h00.
Última atualização em 14 de janeiro de 2021 às 06h30.
Com a pandemia deixando os profissionais de saúde de cabelo em pé na busca por maneiras eficientes de atender a multidão de pacientes em clínicas e leitos de UTI, dois laboratórios de medicina diagnóstica concorrentes — o paulistano Fleury e o brasiliense Sabin — juntaram forças nos últimos meses para ir atrás de um ativo essencial para enfrentar os atuais tempos adversos: boas ideias.
Em 2018, antes da pandemia, executivos das duas companhias já haviam viajado juntos para Israel, numa tentativa de aproximação com o ecossistema de startups daquele país, um dos mais inovadores do mundo.
Em novembro, elas criaram o Kortex Ventures, um fundo de 200 milhões de reais para investimentos em até 18 startups com inovações na saúde pelos próximos quatro anos.
O aporte de Sabin e Fleury no Kortex é uma das quantias mais altas do Brasil de investimento corporativo em negócios de tecnologia, mercado conhecido pelo jargão “corporate venture capital”, ou CVC.
É um tipo de aporte diferente do venture capital tradicional, o chamado VC, uma vez que envolve executivos de grandes empresas interessados em adquirir startups para adotar as soluções delas nos próprios negócios (o VC tradicional costuma ser conduzido por gestores de investimentos sem ligação com as empresas).
No CVC, a busca é por ideias com potencial de transformação de um negócio estabelecido. “Percebemos que trazemos mais valor para as investidas juntos. Por isso, decidimos estruturar um veículo único de investimentos”, diz Carlos Marinelli, presidente do Grupo Fleury.
O investimento em startups por fundos como o Kortex vem ganhando espaço no mundo. Em cinco anos, a soma dos cheques assinados por grandes corporações triplicou — no dado mais recente, de 2019, mais de 57 bilhões de dólares foram gastos dessa maneira, segundo a consultoria CB Insights.
Até pouco tempo um tipo de aporte marginal no ecossistema empreendedor, o CVC hoje responde por praticamente 25% dos recursos globais destinados a startups.
Entenda como funciona o corporate venture na edição deste mês da EXAME.