Solar Ear: empresa fabrica aparelhos auditivos de baixo custo e com baterias que são recarregadas com energia solar (Divulgação/Facebook)
Da Redação
Publicado em 24 de setembro de 2014 às 07h32.
São Paulo - O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) lançou hoje (23) no Brasil a Iniciativa Incluir. A plataforma pretende valorizar empreendimentos que ajudem a melhorar as condições de vida de populações vulneráveis. Para isso, o projeto começou um concurso de ações e iniciativas de combate à desigualdade bem sucedidas. O prazo de inscrições vai até o dia 12 de outubro.
Dos empreendimentos inscritos, serão selecionados 20 casos para serem apresentados no lançamento da agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no final de 2015. A partir dessas experiências será elaborado um relatório que trará sugestões para políticas públicas de combate à desigualdade.
“A expectativa é que por meio desse trabalho a gente consiga colocar os negócios inclusivos na pauta nacional”, disse a representante residente do Pnud no Brasil, Maristela Baioni.
A iniciativa tem o apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), parte do Sistema S (Sesi, Senai, Sebrae e Iel); da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) e da Fundação Dom Cabral. “Esses parceiros são fundamentais porque representam redes nacionais que conversam no Nordeste, no Centro-Oeste, no Norte, no Sul, no Sudeste e nos municípios”, disse Maristela.
O especialista em negócios inclusivos da Fundação Dom Cabral, Claudio Boechat, destacou a importância do setor privado e da sociedade civil para combater as desigualdades sociais.
“A eliminação ou redução das desigualdades não é um tarefa unicamente do governo, é uma tarefa da sociedade como um todo”, disse. Segundo ele, outros atores devem agir de forma complementar às políticas públicas, baseadas na redistribuição de renda.
“Uma vez que tenhamos a eliminação pobreza extrema por meio de políticas de distribuição de renda, é necessário dar um salto adiante”.
Como exemplo de negócio inclusivo foi apresentado o caso da empresa Solar Ear, que fabrica aparelhos auditivos de baixo custo e com baterias que são recarregadas com energia solar.
De acordo com o gerente-geral da empresa, Frederico Fernandes, o projeto consegue oferecer aparelhos de qualidade a preço mais baixo com a redução das margens de lucro. “As margens das linhas de distribuição [de outras empresas] são 5.000%, as nossas, 200%”, comparou.
A empresa emprega como mão de obra jovens surdos que recebem qualificação em eletrônica, processos produtivos e em relação às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para esse tipo de prótese.
“Todo mundo faz de tudo para que se capacite e possa ingressar no mercado de trabalho”, explicou sobre a dinâmica da empresa, onde os funcionários passam por todas as áreas: da produção à distribuição dos aparelhos.