Infraestrutura: empreendedores veem oportunidade de crescimento e sustentabilidade no relacionamento com gigantes, diz presidente do Sebrae Nacional (michaeljung/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2015 às 11h13.
Brasília – O novo plano de concessões em infraestrutura do governo federal – que prevê investimentos de R$ 198 bilhões em estradas, aeroportos, ferrovias e aeroportos – pode representar oportunidades de negócios da ordem de R$ 11,88 bilhões para micro e pequenas empresas de todo o país.
O cálculo tem por base dados do Encadeamento Produtivo, programa promovido pelo Sebrae Nacional que capacitou cerca de 20 mil fornecedores de pequeno porte a fecharem negócios com grandes empresas nos últimos dez anos.
De acordo com o presidente do Sebrae Nacional, Luiz Barretto, as construtoras costumam comprar de 30% a 40% do valor da obra e as pequenas empresas participam com 20% a 30% desse número. Segundo ele, muitos empreendedores veem no relacionamento com gigantes do mercado uma oportunidade de crescimento e sustentabilidade.
“Tornar-se fornecedor de uma grande empresa pode ser o caminho para o sucesso dos pequenos negócios no Brasil. Por isso, a palavra de ordem é competitividade, ou seja, é preciso atender aos requisitos exigidos pelas empresas contratantes, geralmente associados a prazo, preço e qualidade dos produtos e serviços ofertados”, destaca Luiz Barretto.
Até dezembro, o Sebrae mantinha um portfólio de 52 projetos nacionais com investimentos da ordem de R$ 30 milhões em parceria com empresas como Braskem, Vale, Gerdau, Odebrecht, Nestlé e Aeroporto de Guarulhos (Consórcio GRU Airport), com uma expectativa de negócios entre empresas de pequeno e grande porte superior a R$ 1,5 bilhões.
No Consórcio GRU Airport foram mapeados 104 fornecedores locais na base de compras em 42 categorias de possível fornecimento. O potencial de compra estimado pelo projeto foi de R$ 23 milhões, sendo que R$ 42 milhões já eram comprados localmente pelo aeroporto.
Ainda segundo Luiz Barretto, há oportunidades no varejo do aeroporto (empresas que comercializem produtos ou prestem serviços para o viajante), fornecedores da operação aeroportuária e prestadores de serviços das obras de ampliação e modernização e fornecedores de grandes empresas que operam em aeroportos, como companhias aéreas, catering, entre outras.
“O Sebrae estuda ampliar a atuação para os demais aeroportos que foram concedidos à iniciativa. Nesse sentido, a experiência em Guarulhos é fundamental para gerar conhecimento sobre a inserção competitiva e sustentável de pequenos negócios na cadeia de valor de operações aeroportuárias”, comenta o presidente da instituição.
“A atuação é bastante abrangente e passa por consultoria em inovação, gestão e treinamento para os empresários, rodadas de negócios, visitas técnicas, formação de grupos de aprendizagem, inserção dos pequenos nas políticas de compras das grandes e estudos de inteligência competitiva”, completa Barretto.
Concessões
No total, serão ofertadas pelo governo federal ao setor privado 11 novas rodovias em um total de 4.382 quilômetros. Outras cinco rodovias serão leiloadas e representarão 2.063 quilômetros.
Ao todo, os investimentos em estradas devem somar R$ 66,1 bilhões tanto para novos trechos quanto para aqueles concedidos ao setor privado para revitalização e ampliação.
Segundo Luiz Barretto, os segmentos demandados nas áreas de rodovias são, por exemplo, o fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPI), material elétrico e hidráulico, tintas, ferragens, blocos de concreto, cimento, uniformes, ferramentas, transportes de pessoas e materiais, pintura, locação de veículos e maquinário.
“Há também oportunidades para manutenção mecânica, borracharia, hospedagem, caçambas de entulho, movimentação de terras, contenções, paisagismo, topografia, instalações provisórias, limpeza geral, limpeza de canteiro, informática, instalações hidráulicas e elétricas, instalações de incêndio, vigilância, tapume, lavanderia, fornecimento de refeições coletivas, caldeiraria, serralheria, enfim, uma série de serviços que podem ser ofertados por pequenos empreendimentos”, acrescenta.
Os aeroportos de Salvador (BA), Fortaleza (CE), Porto Alegre (RS) e Florianópolis (SC) serão concedidos à iniciativa privada, além de outros sete terminais regionais, em um total de R$ 8,5 bilhões de investimentos.
As concessões de ferrovias envolvem investimentos de R$ 18,3 bilhões e preveem a construção da ferrovia Biooceânica, ligando Brasil ao Peru, e da estrada de ferro Rio-Vitória. O investimento em portos deve chegar a R$ 37,5 bilhões.