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O plano da Tembici, das bikes do Itaú, para ganhar a mobilidade no Brasil

De chegada a novas cidades e países da América Latina, a startup aposta no ESG e em um novo formato de gestão para continuar crescendo

Tomás Martins e Maurício Villar, da Tembici: startup faturou R$ 140 milhões e quer crescer em 2022 (Tembici/Divulgação)

Tomás Martins e Maurício Villar, da Tembici: startup faturou R$ 140 milhões e quer crescer em 2022 (Tembici/Divulgação)

Para a Tembici, o ano de 2021 foi um ponto fora da curva. Em doze meses, a startup de mobilidade que opera as bicicletas do Itaú expandiu a frota em operação, pôs os pés em novas capitais na América Latina e captou 420 milhões de reais em investimento. Somados esses fatores, as receitas ficaram no verde, e a empresa criada há 12 anos como um projeto de conclusão de curso faturou 140 milhões de reais, um salto de 40% ante 2020.

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Além da receita, o lucro bruto também cresceu — entre 2020 e 2021, o aumento foi de 70%.  Os números foram divulgados nesta quinta-feira, 17, junto de outros resultados financeiros consolidados de 2021.

Os bons resultados vêm de esforços que começaram ainda em 2020 e serviram de resposta imediata à crise imposta pela pandemia. O primeiro deles foi a criação de uma unidade de negócios dedicada ao last mile, ou seja, o delivery.

Trata-se de uma operação que, na Tembici, cresceu 20 vezes no período de um ano e que hoje tem mais de 80 colaboradores dedicados de maneira exclusiva, explica Tomás Martins, CEO da Tembici e cofundador da empresa. “Estamos dedicados ao delivery de alimentos, mas olhando para o quanto essa unidade cresceu nos últimos meses, não vai ser incomum expandir as parcerias para outras empresas. O varejo e marketplaces são alguns exemplos”.

O investimento em atributos tecnológicos durante a pandemia também passou a ser colhido no ano passado, a começar por um sistema de inteligência artificial que rastreia as bicicletas e previne fraudes no uso dos equipamentos. “Nosso benefício no lucro bruto simplesmente por evitar essas perdas foi muito grande”, diz. Segundo Martins, o empenho em criar novos recursos nesse sentido irá continuar. Hoje são mais de 100 pessoas dedicadas à análise de dados e desenvolvimento de softwares na empresa.

Em boa medida, a Tembici também vem tentando ampliar todos esses atributos em outras praças. A incursão mais recente foi em Bogotá, capital da Colômbia. No último mês, a empresa anunciou a chegada à cidade após um investimento de 53 milhões de reais. Serão 3.300 bicicletas, sendo 1.500 elétricas, e pelo menos 300 estações.

“Ampliar nossa atuação para um novo país na América Latina, trazendo a experiência que conquistamos nos últimos onze anos, com um investimento robusto em tecnologia e e-bikes, faz parte do nosso plano de crescimento e expansão. Temos a missão de transformar as cidades e a forma como as pessoas se deslocam e esse é mais um importante passo em direção a esse propósito”, afirmou o CEO em nota, durante a divulgação da estratégia.

O relacionamento com marcas é, talvez, a principal aposta da startup para o futuro. Atualmente, além do Itaú, a Tembici tem parceria com o iFood, oferecendo bicicletas elétricas para entregadores nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Em 2021, mais de 15.000 entregadores fizeram cerca de 2 milhões entregas com as bikes, evitando a emissão de 468 toneladas de carbono na atmosfera.

Novos ares

Ao que tudo indica, a jornada de crescimento também tem acontecido da porta para dentro. A Tembici tem implementado um novo modelo de gestão. Agora, por lá, é a vez do marketing. Para azeitar esse novo formato, a empresa criou dois novos cargos do zero: o de CGO (Chief Growth Office) e CRO (Chief Revenue Office), termos que definem as mentes por trás das estratégias de crescimento e novas fontes de receita. As posições são ocupadas por Marina Melemendjian e Gustavo Aguiar, respectivamente.

Melemendjian, com passagens por Nubank e Credit Suisse, chega para definir os novos horizontes regionais da Tembici. O trabalho será basicamente usar dados e análises para escolher os lugares onde a startup deve ancorar operações. Nessa toada, a primeira ação será a ampliação da parceria com o iFood para Recife, Salvador, Brasília e Porto Alegre. "Minha área vai olhar para o médio e longo prazo e onde podemos e devemos chegar com esse novo conceito de micromobilidade”, conta.

De outro lado, explorar novas oportunidades dentro de contratos já antigos da empresa é função de Gustavo Aguiar, ex-99. “A cada nova parceria com uma empresa percebemos a chance de criar um novo produto ou um novo serviço e, claro, uma nova fonte de receita”, diz. Um exemplo, explica o executivo, está nos pontos de apoio e treinamentos para entregadores — também feita com iFood. Segundo Aguiar, há novos projetos em andamento com outras empresas, mas ainda "não está em tempo de divulgar".

A mobilidade do futuro é ESG

Para este ano, a expectativa da empresa é chegar ao final do ano com números positivos no balanço mais uma vez. “Devemos faturar, no mínimo, o dobro de 2021”, diz o CEO.

É uma intenção baseada no retorno gradual aos escritórios, na chegada a novas praças e principalmente no discurso em favor do ESG (ambiental, social e governança). "Estamos animados para este ano e por tudo que a mobilidade urbana ainda vai experimentar em termos de inovação”, diz.

Hoje, mostrar aos usuários os benefícios do uso de bicicletas é um dos principais objetivos da empresa. De um lado, trazendo informativos no próprio app — por lá, os mais de 250.000 usuários mensais ficam sabendo quando deixam de emitir poluentes ao final de cada viagem. De outro, expandindo a parcela de bikes elétricas na frota.

Até o final do ano, a Tembici quer colocar mais 10.000 bicicletas nas ruas e chegar a uma frota de 30.000 bikes. Destas, pelo menos 10.000 serão elétricas. “Sabemos da potência do discurso sustentável, e esse é nosso principal propósito como empresa”.

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