João Pedro Resende, presidente da Hotmart: empreendedor fundou a empresa em Belo Horizonte em 2011 com o colega Mateus Bicalho (Hotmart/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 8 de maio de 2020 às 14h07.
Última atualização em 8 de maio de 2020 às 15h27.
A startup de educação e empreendedorismo digital Hotmart anuncia nesta sexta-feira, 8, a aquisição da startup brasileira Wollo, que permite a sites, podcasts e canais do YouTube rentabilizar seu conteúdo em um modelo de assinatura. Esta é a terceira aquisição que a empresa faz em menos de cinco meses. Os dados da transação não foram divulgados.
A Hotmart, fundada em Belo Horizonte em 2011, é uma plataforma que oferece um ecossistema para venda, divulgação e compra de produtos digitais, como cursos online, e-books, audiobooks e podcasts. Com a compra da Wollo, fundada pelo empreendedor Guga Mafra em 2019, a empresa quer se fortalecer na vertical de podcasts.
Em setembro de 2019, a Hotmart lançou o aplicativo Sparkle, focado na distribuição e venda de conteúdos, cursos e eventos online. Com milhões de usuários, o app permite que o criador de conteúdo online venda seu material, seja em vídeo ou áudio, para sua comunidade de fãs e consumidores. Nos cinco primeiros meses do ano, o aplicativo superou a marca de 10 milhões de reais em vendas.
O Wollo, em paralelo, se fortalecia no mercado de podcasts, com mais de 1.000 usuários pagantes e centenas de milhares gratuitos. Percebendo esse crescimento e enxergando uma compatibilidade entre as companhias, João Pedro Resende, presidente da Hotmart, entendeu que seria melhor unir forças com Mafra para fortalecer essa vertical que ainda precisava crescer dentro da sua empresa. “O Guga Mafra vem para o time de expansão do Sparkle e a Hotmart passa a assumir o desenvolvimento do Wollo”, diz Resende.
Mafra, além de ter fundado a plataforma, comanda o Gugacast, um podcast criado em 2016 que tem cerca de 70.000 downloads por episódio. Ele aponta que a Hotmart será o parceiro ideal para conseguir evoluir o Wollo. “Compartilhamos do mesmo compromisso: o fortalecimento e o desenvolvimento da comunidade de criadores de conteúdo", afirma o empreendedor em nota.
A Hotmart está em um momento de expansão territorial e de criação de novos produtos. As aquisições fazem parte da estratégia da empresa para alcançar seus objetivos de forma mais rápida. Em março, a companhia anunciou a aquisição da startup americana Teachable, criada em 2014 para permitir que empreendedores vendam cursos online.
Resende afirma que a compra foi uma maneira de entrar no mercado dos Estados Unidos, o maior e mais competitivo do mundo no setor. “A Teachable é uma empresa 100% adaptada para o mercado americano, que crescia de forma sustentável e tinha uma cultura e visão muito convergente com a nossa”, diz o presidente da Hotmart.
Antes disso, em janeiro, a empresa comprou a brasileira Klickpages, de criação de páginas de captação de clientes e vendas. A aquisição aconteceu para a Hotmart se aproximar do seu projeto de ter um produto único que atenda a todas as necessidades dos clientes. Na época, a empresa buscava uma solução para ajudar na criação de páginas mais sofisticadas de venda e captura de e-mail e encontrou um parceiro ideal na startup.
O segmento no qual a Hotmart é especializada foi um dos poucos que cresceu com a pandemia do novo coronavírus. Antes da doença chegar com força no Brasil, Resende diz que imaginava que as características da crise iriam fortalecer o mercado de educação online como um todo, mas não sabia como seria o desempenho da empresa no período.
Agora, dois meses depois, a startup colhe bons frutos. Março e abril foram os melhores meses em termos de faturamento da história da empresa. Para dar conta do aumento de demanda, a companhia precisou abrir cerca de 100 vagas de emprego. “Foi surpreendente. E o crescimento não é só porque a Hotmart está no mercado de educação, mas também por causa das oportunidades de empreendedorismo que criamos para as pessoas”, afirma Resende.
A empresa forneceu dezenas de aulas e cursos gratuitos para profissionais habituadas ao mercado offline se digitalizarem. Psicólogos, adestradores de cachorro, clínicas de pilates, todos tiveram que aprender a vender e entregar seus serviços de forma online. “Tivemos picos de crescimento bem altos. Em abril a gente cresceu 176% contra o mesmo mês de 2019”, diz o presidente.
O crescimento alavancou os planos da empresa para 2020. A startup mudou sua agenda de lançamentos de produtos, priorizando ferramentas que possam ser úteis agora, como plataformas de eventos online, que já eram uma aposta da empresa para ano. “[No final do ano] Vamos estar bem mais longe do que imaginei que a gente estaria”, afirma Resende.