Mello, CEO da RTM: expansão com negócio dedicado a dar tecnologia para os players do mercado financeiro brasileiro interagirem entre si (Divulgação/Divulgação)
Leo Branco
Publicado em 7 de abril de 2022 às 12h49.
Última atualização em 7 de abril de 2022 às 15h13.
Uma parte relevante do trabalho do carioca André Castro de Mello é manter de pé o PIX, meio de pagamentos criado pelo Banco Central em 2020 e que atualmente responde por 80% das transações financeiras no país — um volume próximo a 1 bilhão de transações por mês.
Mello é CEO da RTM, empresa de tecnologia fundada como uma spin-off da Anbima, uma das principais associações do mercado financeiro brasileiro, e da B3, a bolsa de São Paulo.
A função da RTM é, basicamente, prover softwares para bancos, corretoras, distribuidoras, assets, instituições de meios de pagamentos, entre outros players interagirem de forma segura — sem risco de apagões ou de ataques virtuais, por exemplo.
A empresa completa 25 anos nesta quinta-feira, 7, com uma nova marca institucional e um ritmo de crescimento de fazer inveja.
Do ano passado para cá, a RTM aumentou em 45% a equipe de funcionários — hoje são 157. A meta para 2022 é faturar 173 milhões de reais — quase 15% acima do ano passado.
Por trás da expansão está uma mudança importante na demanda dos 700 clientes.
Até bem pouco tempo atrás, os serviços de telecom, representavam a maior parte do faturamento da companhia. Hoje, são 50% do total. O restante vem de outros produtos ligados à Tecnologia da Informação, como softwares para integrar os sistemas de bancos, além de serviços de Data Center como colocation, hosting e cloud computing.
Criada em 1997, a RTM nasceu de um projeto a partir de uma pesquisa feita com representantes do mercado financeiro, que identificou uma enorme insatisfação com os custos e a qualidade dos serviços de telecomunicações existentes na época.
Os sistemas de negociação e liquidação de operações não se comunicavam entre si. Para falar com os parceiros e processar eletronicamente as operações nos diversos mercados, as instituições financeiras utilizavam canais de comunicação individuais de baixa velocidade e equipamentos dedicados extremamente caros.
Foi quando André Mello, então um executivo com anos de experiência nos times de tecnologia da Bolsa do Rio de Janeiro e própria Anbima, percebeu uma oportunidade de vender softwares para integrar as instituições financeiras e os principais provedores de serviços do mercado, como Selic, Sibancen, B3 em uma cloud privada. "Esse conceito nem existia ainda", diz.
Atualmente, a empresa mantém duas redes distintas com serviços de missão crítica. A Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN) é operada em parceria com a Embratel e é responsável pela comunicação no âmbito do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB).
Já a extranet financeira, provê conectividade aos principais vendors e acesso a serviços e provedores com Sisbacen, Selic, B3, CIP, Tecban, entre outros. Por elas trafegam diariamente trilhões de reais em TEDs, PIXs, operações de importação e exportação e remessas de câmbio ao exterior.
O trabalho remoto em massa exigido pela pandemia trouxe oportunidades para a RTM. Com os agentes do setor financeiro trabalhando de casa, a RTM passou a oferecer serviços de forma remota, como as hotlines e as mesas de operação para traders.
"Todas possuem opção de gravação e armazenamento das chamadas na nuvem privada da RTM para efeito de compliance, atendendo exigências regulatórias da Comissão de Valores Mobiliários (CVM)", diz Mello.
Daqui pra frente, o PIX deve trazer novas demandas para a RTM. Desde que foi lançado, o PIX, serviço de pagamento instantâneo, abocanhou uma fatia importante do mercado.
Para dar conta do volume dessas transações, as instituições estão correndo para preparar a infraestrutura necessária para esse crescimento. Em alguns casos, a capacidade de conexão teve aumento de 300% em um período inferior a um ano.
A demanda vai continuar em ascensão. “Os circuitos de dados passam a ser mais exigidos para tráfego com alta performance e de baixa latência, já que é fundamental que as informações sejam trafegadas em um espaço de tempo curtíssimo e sem ruídos", diz Carlos Roberto Soares Teixeira, diretor de Operações da RTM.
"Tendo em vista esse cenário, é possível afirmar que ao abrir o mercado para novos competidores, produtos e serviços, isso irá refletir em aumento na demanda de capacidade das infraestruturas."
Em um ano de operação do PIX, de acordo com o Banco Central, foram cadastradas 348,1 milhões de chaves por 112,65 milhões de usuários. Para dar conta de toda a demanda, instituições financeiras querem ampliar a capacidade de conexão contratada.
De acordo com a RTM, o crescimento médio de velocidade contratada pelas instituições foi de 105% entre junho de 2020 e setembro de 2021, no entanto, em alguns casos o aumento chegou a 300%. “O número de instituições fazendo uso desse serviço também saltou, passando de 247 para 266 nesse período”, diz Teixeira.