Evandro Campos, CEO da Benie: startup facilita compra de remédios para pacientes crônicos (Benie/Divulgação)
Para o empreendedor Evandro Campos, há uma impessoalidade negativa no setor farmacêutico quando o assunto é o tratamento de doenças crônicas. Depois de alguns anos batendo de porta em porta em busca de remédios para o tratamento de uma condição genética, a conclusão foi de que, apesar de duradouro, o relacionamento entre cliente e farmácias era pouco humanizado.
A partir dessa percepção, o engenheiro de tecnologia e consultor de desenvolvimento de empresas de investimento, decidiu empreender e lançar a Benie, uma farmácia 100% digital e que pretende solucionar parte dessas dores.
Fundada em 2018 no Rio de Janeiro, a Benie funciona como um software de gerenciamento e abastecimento de farmácias domiciliares, ou seja, os pequenos estoques de remédios que são mantidos em casa.
A ideia é facilitar a vida daqueles que precisam ter esses estoques sempre abastecidos. Com um sistema de gerenciamento, as pessoas podem saber quando suas medicações estão chegando ao fim, quando é hora de comprar e onde há estoque do produto. “O que evitamos é que um paciente que depende de uma medicação chegue até a farmácia e não encontre o seu remédio, assim como já aconteceu comigo”, diz Campos, CEO da Benie.
Além disso, a empresa possui um serviço de abastecimento de remédios por assinatura, o Benie Club, no qual o cliente pode marcar a repetição do seu pedido em um intervalo predeterminado e receber seus medicamentos em casa.
Em outra frente, a plataforma também funciona como um comparador de preços, analisando o valor cobrado por um remédio em diferentes pontos de venda, de diferentes redes de farmácias.
Com a tecnologia, o contato entre distribuidor e consumidor é feito totalmente online. A partir da análise do perfil de compras de um cliente, a Benie cria os canais para que haja uma comunicação sempre que o paciente tiver dúvidas sobre seu tratamento, e então poder falar com um farmacêutico. “Apesar de terem que ir às farmácias todos os meses para retirar um medicamento de uso contínuo, as pessoas não conseguem enxergar valor nessa relação, não criam vínculo com aquele funcionário que o atende sempre e que sabe de informações pessoais sobre elas”, diz. “Nossa intenção é tornar o processo mais pessoal, mas não constrangendo um paciente ao fazê-lo falar sobre sua condição de saúde em um ambiente onde todos ouçam, mas entendendo sua cesta, seu perfil e levando toda essa experiência para o digital".
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O mercado-alvo da Benie é gigantesco. Segundo dados do IBGE, pelo menos 58 milhões de pessoas vivem com alguma doença crônica no Brasil, o que corresponde a mais da metade da população adulta do país. Fora esse público, a startup também mira famílias preocupadas em manter suas farmácias domiciliares em dia e idosos que fazem uso de remédios contínuos.
Com a pandemia e o maior tempo em casa, a Benie registrou um crescimento de 1.000%. Foram mais de 5.500 novos clientes, 2.000 transações mensais e um aumento de 60% no tíquete médio, segundo a empresa. O salto, segundo Campos, vem da mudança nos padrões de comportamento dos consumidores, agora mais adaptados aos canais digitais durante as compras.
Sustentar todo esse crescimento exigiu a abertura de uma farmácia própria, hoje usada como estoque pela empresa com os itens usados por sua base de clientes.
A busca pelo menor preço também é âncora do crescimento da ferramenta de lupa de preços. “Depois de comprar com a gente, um consumidor pode usar essa ferramenta para comparar a sua cesta de compras à das maiores redes do Brasil, e cobrimos a menor oferta”, diz.
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Nos planos da Benie está a expansão do modelo B2BC, entre empresas para o consumidor. Hoje 60% das vendas da startup são feitas para o consumidor final, mas já há uma parcela de clientes corporativos que enxergam na Benie a oportunidade de oferecer um benefício de saúde aos funcionários e que, com a lupa de preços, também podem economizar ao reembolsar as equipes pela compra de medicamentos.
Com esse novo canal em expansão, a intenção é chegar ao estado de São Paulo ainda em 2021, além de começar as operações nos três estados do Sul do país no ano que vem. A meta é faturar 8 milhões de reais ao final de 2021, e aumentar isso em 60 vezes nos próximos três anos, chegando aos 500 milhões em 2024.
“Há um grande caminho sendo aberto quando falamos dos canais de venda digitais. Algum setores tendem a se beneficiar mais disso, e o que queremos é replicar isso também no farmacêutico, que já cresce 11% ao ano”, diz.
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