PME

Os primeiros passos para criar uma startup

Faça uma reflexão sobre quais são as suas lacunas e o que você realmente precisa aprender, ensina especialista

Mulher correndo em escada (Runnersworld)

Mulher correndo em escada (Runnersworld)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2014 às 11h36.

Os primeiros passos para criar uma startup

Respondido por Fernando de La Riva, especialista em negócios digitais

Antes de decidir empreender, a primeira coisa que você deve pensar é se você está realmente pronto para começar. Isso está relacionado tanto ao seu momento de vida, uma vez que sua família será totalmente envolvida, quanto ao seu estado financeiro.

1. A fase inicial é basicamente sustentada via bootstrap, e muito provavelmente você passará de 12 a 18 meses sem ganhar dinheiro, o que transcende a questão da empresa e cruza a linha entre sua vida profissional e pessoal.

2. Comece seu processo de aprendizado. Existe um conjunto de livros, blogs e treinamentos pessoais e à distância que pode te ajudar. Mas principalmente faça uma reflexão sobre quais são as suas lacunas e o que você realmente precisa aprender. E isso você não vai descobrir sozinho, é preciso buscar mentoria.

3. Olhe a sua rede de contatos e busque pessoas que estejam ligadas direta ou indiretamente a empresas de tecnologia. Marque quantos cafés e almoços forem possíveis e entenda a trajetória de cada uma delas. Se possível, consiga com que um ou mais deles se torne seu mentor formal.

4. Encontre sócios. É quase impossível empreender sozinho e muito difícil quando se tem os sócios errados (provavelmente seus amigos). Normalmente, a cabeça de sua empresa deve ser formada por um tripé com o hacker, o vendedor e o designer de produto.

Entenda qual desses papéis você assumirá e busque outros dois para assumir as responsabilidades restantes, pois equipes sem equilíbrio não saem do lugar.

5. Só agora é o momento de decidir em qual segmento você vai trabalhar. São duas as principais abordagens: a primeira é a chamada arbitragem de ideias, na qual você pega um segmento que já teve crescimento disruptivo fora do Brasil e tenta implementar a ideia por aqui. É o que faz a Rocket Internet, por exemplo.

A segunda opção é olhar a sua vida profissional e perceber o que é que você realmente entende. E aqui vale lembrar que não é o que você gosta, mas do que você entende. Se você gosta de moda, mas entende de logística, abra uma empresa relacionada à logística.

Faça então uma validação de oportunidade e se pergunte se o mercado é grande o suficiente para que a pequena parte dele que você terá acesso justifique sua startup.

6. Aprenda a fazer descoberta de produto e cliente (customer e product discovery). Você deve encontrar um problema muito sério, que alguém pague para resolvê-lo. Busque fazer antibióticos e não vitaminas. A partir destes testes e respostas, desenvolva protótipos de cada vez mais alta fidelidade até que você chegue ao seu produto mínimo viável. Vá iterando até conseguir tração e lembre-se que não há erro pior do que construir muito bem alguma coisa que ninguém quer usar.

7. Forme sua caixa de ferramentas do empreendedor Lean (enxuto), procurando usar nuvem, software opensource, SaaS (software as a service) e controle de caixa e competência baseado em planilha. Entenda também quais são as variáveis financeiras do seu negócio. Se for varejo, por exemplo, essa variável é a relação entre sua margem líquida e o custo de aquisição. Se for um SaaS, é a relação entre o custo de aquisição e o valor gerado pelo cliente no ciclo de vida dele, considerando a taxa de churn (perda de clientes).

8. Controle seu burn rate, ou seja, a quantidade de dinheiro que você “queima” mensalmente. Faça uma conta simples: divida o tanto que você tem no banco mais o que você potencialmente gerará por mês por este número para saber quantos meses de vida você tem. O processo de busca de uma rodada de financiamento não dura menos que seis meses, e se o dinheiro for acabar você tem que fazer caber um plano de fechamento.

E lembre-se de que a trajetória é sempre de aprendizado. Empreender é uma corrida de resistência, e não de velocidade. Pode ser que você quebre, e se isso acontecer, tenha a garantia de que você conseguirá juntar os pedaços e tentar de novo, pois sua chance de sucesso aumenta consideravelmente a cada erro e principalmente depois da primeira viagem.

Fernando de La Riva é especialista em negócios digitais e sócio da Concrete Solutions.

Acompanhe tudo sobre:Dicas de Negócios Digitais de PMEdicas-para-seu-negocioPequenas empresasStartups

Mais de PME

ROI: o que é o indicador que mede o retorno sobre investimento nas empresas?

Qual é o significado de preço e como adicionar valor em cima de um produto?

O que é CNAE e como identificar o mais adequado para a sua empresa?

Design thinking: o que é a metodologia que coloca o usuário em primeiro lugar