Ananias Gomes, fundador da Insole: desconto de até 50% na tarifa tradicional de energia, sem investimentos e sem comprometimento do crédito, a partir dos kits de energia solar (Divulgação/Divulgação)
Leo Branco
Publicado em 15 de dezembro de 2021 às 17h26.
A fintech pernambucana Insole, dedicada a projetos de energia solar, captou 60 milhões de reais. A rodada do tipo Série A foi liderada pela Spice Private Equity, fundo de private equity controlado pela GP Investiments, que tem 5 bilhões de dólares aportados mais de 50 empresas em 17 setores diferentes, como a varejista Centauro e a empresa de laticínios LBR.
Estão ainda na rodada o Grupo Moura, de baterias automotivas, e o Scale-Up Ventures, fundo da Endeavor Brasil, rede global de fomento a empreendedores.
É a primeira captação de porte da Insole, um negócio fundado em 2013 com a premissa de fazer o serviço completo aos interessados em investir em energia solar.
A Insole funciona como um one-stop-shop: de um lado, a empresa importa os kits para geração de energia. Por outro, instala a tecnologia em telhados de casas e prédios comerciais de clientes.
Um outro serviço feito pela empresa é o de assessorar o cliente na portabilidade da conta de luz, um processo burocrático capaz de afastar muita gente das energias renováveis.
A portabilidade permite ao consumidor deixar de lado a energia vinda de uma distribuidora de energia em troca de fontes renováveis instaladas na própria residência, como telhados solares ou miniusinas eólicas no jardim. No mercado, o padrão é que haja diversas interações, com diferentes agentes (integrador, financiador, etc), para que a portabilidade seja concretizada.
Prevista há quase uma década na lei brasileira, a conexão dessas fontes de energia doméstica às redes das distribuidoras ainda engatinha no país em boa medida pelo cipoal de exigências – as regras costumam mudar de acordo com a distribuidora ou a unidade da federação.
Quem precisa de dinheiro para investir num sistema desses (um kit custa, em média, 10.000 reais) pode financiar o produto com a própria Insole. "Daí o fato de nos considerarmos uma fintech de energia solar", diz o fundador Ananias Gomes.
Nesse modelo, o consumidor final (residencial, PMEs e indústria) tem economia imediata, substituindo grande parte da conta mensal de energia elétrica por um desconto de até 50% na tarifa tradicional, sem investimentos e sem comprometimento do crédito.
“A Insole nasceu da vontade de mudar a forma como consumimos energia. Transformamos a conta de luz em economia. O cliente, sem qualquer investimento ou desembolso inicial, escolhe um dos planos de pagamento e consegue descontos relevantes na conta, e ainda permite que a economia possa ser reinvestida onde ele quiser”, diz Gomes.
Com os recursos captados, a Insole pretende investir em tecnologia para melhorar e expandir suas linhas de financiamento, lançar novos produtos de crédito e acelerar o processo de massificação da energia solar no Brasil, a partir da pulverização da sua plataforma digital.
O plano da empresa é se fortalecer ainda mais no seu principal mercado, o Nordeste, e conquistar espaço em duas regiões estratégicas: Centro-Oeste e Sudeste. Segundo o CEO da Insole, o objetivo é dobrar o volume de negócios em 2022, ano em que a clean fintech espera atingir mais de R$ 500 milhões em financiamentos de projetos de energia solar.
Para alcançar os resultados a Insole também dará prioridade à retenção de talentos e à força de venda. A empresa já conta com mais de 300 franqueados e trabalha com diversos canais de comercialização.
A Insole foi pioneira no Brasil ao criar o primeiro FIDC solar do país, no valor de R$ 150 milhões. O sucesso do FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) pode ser atribuído ao desejo do mercado de capitais de buscar cada vez mais ativos vinculados aos princípios ESG.
“O mercado de geração de energia solar é muito promissor e vai crescer 67% em 2021 na comparação com 2020, conforme projeções do Ministério de Minas e Energia. A transição para um modelo mais sustentável e seguro é irreversível e se torna ainda mais viável em um momento como o que vivemos, de reservatórios abaixo das médias históricas e aumentos sucessivos no custo da energia”, avalia o CEO.
Ananias Gomes, que fundou a Insole em 2013, em Recife (PE), prevê fechar 2021 com uma carteira de aproximadamente 7.000 clientes distribuídos em 15 estados brasileiros.
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