Micro empreendedora: perfil é foco da Rapidoo que já atendeu mais de 470 empresas e antecipou mais de 45.000 boletos, ultrapassando 35 milhões de reais em recebíveis (Getty Images/Getty Images)
Natália Flach
Publicado em 29 de junho de 2020 às 16h43.
Última atualização em 22 de julho de 2020 às 15h39.
Há uma demanda latente no mercado por crédito principalmente por parte das empresas de menor porte. Antevendo uma oportunidade, a plataforma de serviços financeiros One7 – que transacionou 1,89 bilhão de reais no ano passado – comprou a fintech Rapidoo, que faz antecipação de recebíveis de forma digital. A operação envolve um aporte de 50 milhões de reais, montante que ficará disponível para as micro e pequenas empresas atendidas pela fintech.
"Já tínhamos no nosso pipeline atender companhias com faturamento de até 500.000 reais por mês de forma totalmente digital. Mas, mais do que investimentos em tecnologia, precisávamos de especialistas para desenvolver a tecnologia", lembra João Paulo Fiuza, presidente da One7, em entrevista exclusiva à Exame. "Com a Rapidoo, conseguimos acelerar os planos em dois a três anos", diz.
Fundada em 2016 pelo alemão Caspar Gerleve e pelos brasileiros Pedro de Cicco, Raphael Monteiro e Thiago Frigo, a Rapidoo recebeu aporte dos fundos de venture capital Canary e GFC. Ao todo, já atendeu mais de 470 empresas e antecipou mais de 45.000 boletos, ultrapassando 35 milhões de reais em recebíveis.
Fiuza conta que o aporte recente de 50 milhões de reais é apenas o início e que novas injeções de recursos poderão ser feitas conforme haja demanda. "Atualmente, a grande dificuldade dos bancos públicos é fazer com que o dinheiro chegue na ponta, no pequeno empreendedor, e é exatamente isso que vamos oferecer com a Rapidoo", afirma.
Com a operação, as duas empresas passam a somar 8.000 clientes com mais de 300.000 sacados. E, até o primeiro trimestre de 2022, a expectativa é ultrapassar o marco de 1 milhão de sacados na carteira. "Temos relação indireta com cerca de 5 milhões de empresas que não são atendidas por instituições tradicionais e que podem estar no radar da Rapidoo."
As operações continuarão separadas, mas a Rapidoo vai se beneficiar da plataforma de serviços da One7 que é composta por uma securitizadora, uma consultora de crédito, por um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) multissetorial e por uma empresa de tecnologia e inovação. No caso da One7, o perfil dos tomadores de crédito é de empresas de pequeno e médio porte com faturamento entre 6 milhões de reais e 120 milhões de reais por ano de setores como siderurgia e metalurgia, transportes e logística, têxtil, varejo, papel e celulose, automotivo entre outros.
Para o pequeno empreendedor, a vantagem de fazer antecipação de recebíveis com a fintech, segundo Fiuza, é o custo mais baixo, além do acesso ao crédito. De fato, esse é um grande empecilho no país. Pesquisa realizada recentemente pelo Sebrae mostra que 30% dos empresários de PMEs pediram empréstimos, mas, destes, 88,7% receberam uma negativa ou ainda aguardam resposta. Somente 11,3% obtiveram o crédito.