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Olist, marketplace de marketplaces, recebe R$ 190 mi do SoftBank

Investimento foi liderado pelo conglomerado japonês de telecomunicações e completado por investidores antigos, como Redpoint eventures e Valor Capital Group

Tiago Dantas, da Olist: mais de sete mil vendedores são atendidos pela startup (Olist/Divulgação)

Tiago Dantas, da Olist: mais de sete mil vendedores são atendidos pela startup (Olist/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 23 de outubro de 2019 às 05h00.

Última atualização em 23 de outubro de 2019 às 18h07.

O Olist, startup paranaense que conecta pequenos lojistas a plataformas como Amazon, Americanas e Mercado Livre, acaba de captar uma grande quantia para acelerar sua expansão: 190 milhões de reais. 

O valor é muito superior aos investimentos antigos na startup, que somavam 24 milhões de reais. Mostra, além do crescimento do “marketplace para marketplaces”, o apetite por negócios escaláveis e inovadores brasileiros por parte do conglomerado japonês de telecomunicações SoftBank

O Latin America Fund, veículo criado pelo conglomerado para aportar cinco bilhões de dólares em startups da América Latina, liderou o aporte. Completam o investimento série C fundos de investimento conhecidos da Olist, como Redpoint eventures e Valor Capital Group. A startup já havia captado com outros investidores, como Endeavor Catalyst e 500 Startups.

Estamos em um bom momento e o mercado também, então decidimos abrir uma nova rodada. Falamos com 40 fundos e entendemos que o SoftBank seria a melhor opção para escalar a empresa”, afirma Dalvi. Os planos são ambiciosos: a startup paranaense quer passar de sete mil para mais de 100 mil lojistas clientes nos próximos dois anos.

“Marketplace de marketplaces”

A ideia de negócio para a Olist nasceu há doze anos. O fundador paranaense Tiago Dalvi teve seu primeiro negócio aos 19 anos de idade, abrindo a loja de revenda de artesanato Solidarium em um shopping center. Logo enxergou uma oportunidade maior em oferecer os produtos a grandes varejistas, como Renner, Tok&Stok e Walmart. 

Buscando melhores formas de intermediar a venda dos artesãos, Dalvi se inscreveu para um programa de cinco semanas no Colorado (Estados Unidos), chamado Unreasonable Institute. Lá, aprendeu como a tecnologia é uma alavanca para o crescimento das empresas e conversou com os fundadores de negócios como eBay e Etsy.

“Vi uma oportunidade de levar a experiência do offline ao online, criando meu próprio marketplace”, diz o empreendedor. Chegou a ter 15 mil lojistas e 300 mil produtos, mas a conta ainda não fechava. A competição era acirrada -- até de parceiros antigos indo ao online -- e o consumidor final desaprovava o preço. 

Após uma aceleração na americana 500 Startups, Dalvi abriu mão do próprio marketplace para se tornar o intermediário entre lojistas e essas grandes plataformas de revenda. Nasceu o modelo atual do Olist, “maior loja de departamento dentro das lojas de departamento”.

O Olist é uma camada de tradução entre sete mil pequenos lojistas e 14 marketplaces, como Amazon, Americanas, Casas Bahia, MadeiraMadeira, Mercado Livre, Ponto Frio e Submarino. O vendedor entra no site ou no aplicativo da Olist, realiza um cadastro e sobe seus produtos. Os itens serão vendidos sob o nome Olist nos marketplaces.

A startup atende principalmente revendedores de produtos, não tanto artesãos, que buscam uma maneira de aumentar suas vendas sem se preocupar com a administração de um negócio online. O Olist cuida de atendimento ao cliente, gestão de estoque, precificação de acordo com o mercado e logística (incluindo trocas e devoluções). A startup concentra um milhão de produtos em seu catálogo, com uma liquidez média de 50%. 

“O empreendedor tem como opções ou montar seu próprio comércio eletrônico, o que pede entendimento de marketing e tecnologia, ou se inscrever em diversos marketplaces, o que exige muita gestão”, diz Dalvi. 

Além de uma comissão de 20% sobre a venda, a startup cobra uma taxa de instalação de 450 reais e uma mensalidade que vai de 50 a 100 reais. É preciso emitir nota fiscal eletrônica e comprovar a origem dos produtos comercializados para se cadastrar no Olist. Os lojistas cadastrados estão na faixa de faturamento de 10 mil a 500 mil reais mensalmente.

Expansão pelos 190 milhões de reais

Além dos 190 milhões de reais, Dalvi afirma que o SoftBank trará conexões com outras startups investidas pelo conglomerado. O Olist já tem parceria com a MadeiraMadeira, mas poderá se conectar a negócios de logística como Loggi e Rappi.

Os recursos serão direcionados para tecnologia e comercial. O Olist irá oferecer mais serviços aos lojistas por meio de integração com plataformas de comércio eletrônico, gestão de negócios e serviços financeiros. Um dos planos, por exemplo, é oferecer crédito para capital de giro. A startup paranaense também contratará pessoal para orientar lojistas físicos a baixarem o aplicativo do Olist. A meta, ambiciosa, é ir de sete mil a mais de 100 mil lojistas nos próximos dois anos.

Tais projetos são acompanhados de um salto de contratações. O Olist tem cerca de 300 funcionários e deverá encerrar este ano com 380 pessoas. Em 2020, o plano é saltar para 800 a 900 funcionários. Recursos não são mais um problema.

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