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O salto dos marketplaces, sites para comprar e vender produtos

Plataformas coletivas de vendas registram crescimento recente e já têm a preferência de 52% das empresas na hora de comercializar pela internet

A empresária Mariana Mello: ela tem uma loja de pijamas chamada Chic Sleep (Reinaldo Canato/Ricardo Yoithi Matsukawa-ME/Sebrae-SP/Jornal de Negócios do Sebrae/SP)

A empresária Mariana Mello: ela tem uma loja de pijamas chamada Chic Sleep (Reinaldo Canato/Ricardo Yoithi Matsukawa-ME/Sebrae-SP/Jornal de Negócios do Sebrae/SP)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 27 de agosto de 2019 às 06h00.

Última atualização em 27 de agosto de 2019 às 06h00.

Quando a administradora Mariana Mello resolveu abrir o próprio negócio, a Chic Sleep Pijamas, e investir em um e-commerce, sua ideia, desde o princípio, foi começar as vendas na loja virtual e também em marketplaces, como Mercado Livre e Rededots. “Como os marketplaces são empresas maiores, eles investem bastante em marketing e fazem com que a gente, que é pequeno e não tem muitos recursos, tenha um parceiro para dar visibilidade e captar clientes”, explica.

Assim como Mariana, um grande número de empreendedores encontra nos marketplaces, lojas virtuais que reúnem diversos fornecedores, uma forma de começar a vender na internet e de fazer essas vendas renderem mais. Pesquisa do Sebrae mostra que os marketplaces se tornaram o principal canal de vendas na internet, com a preferência de 52% das empresas em 2018.

Em 2016, o canal era utilizado por 24% dos negócios. Foi o crescimento mais expressivo entre as plataformas de comércio online. A flexibilidade das empresas que atuam com marketplace em aceitar empresas de pequeno porte, a menor exigência de quantidade mínima de produtos ou lotes exclusivos para vendas, e a proposta de negociar essa parceria com mais condições de “ganha- ganha” são alguns dos fatores apontados pelo consultor do Sebrae-SP Edgard Neto para explicar o aumento do uso da plataforma.

“Além disso, trata-se de mais um canal de vendas para o pequeno negócio que não tem seu próprio e-commerce ou que, mesmo com o e commerce próprio, quer disseminar e mostrar a mais consumidores potenciais seus produtos e serviços”, complementa. No caso de Mariana, os marketplaces representam 35% do faturamento da empresa, enquanto que a loja própria online corresponde a 15%.

O showroom mantido dentro de um salão de beleza, na zona sul de São Paulo, responde pela maior fatia: 50%. Antes de criar a Chic Sleep Pijamas, em 2017, Mariana fez pós-graduação em gestão empresarial e trabalhou como funcionária em empresas tradicionais.

“Foram experiências importantes, Gisele Tamamar mas sempre existia uma insatisfação. Eu percebia que alguns valores e sonhos não faziam sentido onde eu estava”, conta a empreendedora. Depois que decidiu pedir demissão, Mariana chegou a trabalhar com a venda de produtos digitais, depois começou a vender produtos como capas de celulares, vestidos infantis e até chegou a fazer um plano de negócios para uma empresa de peças “tal mãe, tal filha”.

No meio do caminho, encontrou o nicho de roupas para dormir que deixam a mulher mais bonita e confortável. “Quando eu resolvi ter meu próprio negócio, tive muita dificuldade e achei até um pouco frustrante. Apesar das minhas formações, elas não foram suficientes para realmente abrir um negócio. E quem me deu uma luz, uma direção mais certa, foi o Sebrae”, afirma.

Por isso, para quem está começando nas vendas online, Mariana não tem dúvidas em recomendar o marketplace. “Mesmo com as taxas cobradas, é uma forma de validar seu produto em uma plataforma que investe em marketing e tem um nome conhecido no mercado”, diz.

ESTRUTURA

Buscar uma plataforma coletiva de vendas foi também a escolha da engenheira eletricista Giovana Pepino quando resolveu mudar totalmente de área e começar a empreender. Depois de ficar desempregada, ela começou a buscar alternativas de atuação por causa da idade, da dificuldade de retorno ao mercado de trabalho e da maternidade.

“Foi uma mistura de acontecimentos. Sofri um acidente e quase perdi os movimentos das mãos. Passei uma fase difícil e com tudo o que tinha acontecido comecei a fazer mandalas como terapia”, conta. O uso da técnica de pontilhismo e o resultado final dos trabalhos começaram a chamar a atenção de amigos e familiares até o início das vendas na internet. Além de vender as criações da Vida em Cores Mandalas no Elo 7 (marketplace voltado para produtos artesanais) e nas redes sociais, Giovana representa a empresa Happy Dotting no Brasil para a venda de ferramentas para o uso da técnica de pintura.

A empreendedora até tentou montar seu próprio site no começo, mas enfrentou dificuldades, além da necessidade de desembolsar o pagamento da mensalidade e contratação de uma pessoa para fazer atualizações. “No marketplace já existe uma estrutura. A comunicação com o cliente e a gestão das vendas atendem as minhas necessidades”, afirma Giovana, que não descarta a possibilidade de investir no próprio e-commerce no futuro.

A recomendação do consultor do Sebrae-SP para quem pretende investir na venda online é pesquisar muito bem as plataformas existentes no mercado e as condições impostas – existem plataformas voltadas para áreas específicas. “O marketplace é um atalho para chegar mais rápido aos consumidores potenciais, mas deve ser estudado sobre todos os aspectos de produtos, exigências comerciais, precificação, entrega, logística, marketing”, lembra Edgard Neto.

Entre as vantagens da venda no marketplace, o consultor destaca a divulgação e aumento da visibilidade da marca com a venda em mais de um canal, assim como a credibilidade da plataforma. “Estar em um shopping virtual garante uma diversidade de público que vai encontrar várias opções em um único local”, diz.

Outra vantagem é a melhoria do SEO, sigla em inglês para “search engine optimization” – ferramentas responsáveis pela melhoria da indexação da marca e do site do pequeno negócio por estar vinculado a um marketplace de mais relevância. Em termos práticos, o objetivo é melhorar a posição em que os produtos aparecem nos mecanismos de busca, como o Google.

Por outro lado, a venda na plataforma terá uma margem de lucratividade menor, eventuais exigências de volumes de vendas ou lotes destinados a venda pelo marketplace, o que pode afetar a personalidade da marca. Isso significa que tanto a empresa pode acabar criando uma dependência eterna desse modelo de negócio para venda, como que os clientes percam o interesse em visitar sua loja online.

E existe a hora certa de sair do marketplace e investir no próprio site? Segundo o consultor do Sebrae- SP, esse é um grande dilema para o empreendedor. Uma das recomendações é conciliar as duas plataformas de vendas, mas antes de qualquer decisão, Edgard Neto destaca a elaboração de um plano de negócio para que todos os pontos importantes das operações sejam previstos e planejados.

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