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O que o Nubank realmente ganha com um programa de recompensas

Programa lançado ontem custa 190 reais ao ano para o cliente, mas cartão roxo garante que seu objetivo não é ganhar dinheiro com a tarifa.

Letreiro na entrada do escritório do Nubank (Nubank/Divulgação)

Letreiro na entrada do escritório do Nubank (Nubank/Divulgação)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 2 de agosto de 2017 às 06h00.

Última atualização em 2 de agosto de 2017 às 06h00.

São Paulo – O Nubank lançou oficialmente ontem seu tão esperado programa de recompensas. Batizado de Rewards, ele permite acumular pontos e eliminar da fatura do cartão despesas com passagens, hotéis, corridas do Uber, mensalidade da Netflix, dentre outras.

Dentre as vantagens para o usuário do cartão de crédito, estão o fato de os pontos não expirarem e a facilidade para usar o benefício – tudo ocorre pelo próprio aplicativo. Porém quais vantagens o Nubank leva com o plano?

Houve quem criticasse o valor da taxa de adesão – R$ 190 por ano –  e a taxa de conversão dos pontos (em geral, cada um R$ 1 gasto rende 1 centavo em pontos), e visse aí uma tentativa do cartão roxo em compensar o fato de não cobrar anuidade de seus de usuários.

Afinal, em 2016 a empresa teve perdas de 122 milhões de reais, quase quatro vezes a mais do que os 32 milhões de 2015.

No entanto, a startup garante que a vantagem do programa não está aí. E que não está nos seus planos gerar receita com tarifas ao usuário – o programa de recompensas é opcional para o cliente.

“A gente quer receita de tarifa? Não. Tarifa é um componente necessário para conseguir viabilizar esse serviço. A receita é uma consequência de o cliente estar feliz com nosso produto”, afirmou a co-fundadora da empresa Cristina Junqueira, em evento para a imprensa ontem.

O objetivo do programa de recompensas do Nubank é incentivar os atuais usuários a levarem todos os seus gastos para o cartão roxo. “Muitos clientes usam nosso produto como complemento de outro cartão porque no outro têm o programa de pontos”, explica Junqueira.

Outro alvo são os potenciais usuários que até tinham interesse pelo cartão do Nubank, mas não aderiram justamente pela falta de um programa como este – são usuários qualificados que em geral gastam mais no cartão de crédito.

Reforço na receita

Para o Rewards ser vantajoso ao cliente, este deve ter um gasto mensal médio de mais de 1.600 reais no cartão Nubank, segundo cálculo feito pela própria startup. Ou seja, não é um serviço que vai atender a todos os clientes do cartão.

Entretanto, Junqueira relata que, no período de testes do novo programa, muitos clientes aumentaram significativamente seus gastos no cartão. “A gente viu que os clientes dobrarem, às vezes triplicarem o valor dos gastos que eles tinham aqui. Foi muito legal”.

É aí que o programa de pontos torna-se vantajoso para a startup, e um reforço na receita do negócio. A empresa ganha dinheiro principalmente com a taxa de intercâmbio, um valor pago pelos estabelecimentos comerciais a cada transação no cartão de crédito – parte dessa taxa fica com a operadora do cartão, a Mastercard, e parte fica com o Nubank. Portanto, quanto mais despesas os clientes levam para o cartão roxo, mais rentáveis eles passam a ser para a empresa. “Nosso modelo de negócio continua o mesmo”, afirma Junqueira.

Quanto aos números deficitários apresentados no ano passado, a co-fundadora da startup reforça que a preocupação do Nubank com isso no momento é “zero”.

“É natural para uma startup como a gente, de crescimento acelerado, ter esse resultado negativo no começo. Se a gente resolvesse colocar bem menos clientes para dentro, já estaria dando resultado. Só que no mês passado quase 1 milhão de pessoas pediram o cartão. Vou falar não para esses clientes, só para dar resultado? Então estamos focados em crescimento, e o retorno vai vir. É questão de tempo.”

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