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O que o Brasil deve fazer para virar polo de negócios de alto crescimento?

Segundo o IBGE, havia no país 22.700 empresas com perfil de alto crescimento em 2018. Pandemia deve prejudicar o futuro das startups, mas há saídas

O volume de aportes vem batendo recordes no país em 2020, mas os aportes estão cada vez mais concentrados em unicórnios, empresas de tecnologia com avaliação de mercado acima de 1 bilhão de dólares (oxygen/Getty Images)

O volume de aportes vem batendo recordes no país em 2020, mas os aportes estão cada vez mais concentrados em unicórnios, empresas de tecnologia com avaliação de mercado acima de 1 bilhão de dólares (oxygen/Getty Images)

LB

Leo Branco

Publicado em 3 de novembro de 2020 às 19h24.

Última atualização em 3 de novembro de 2020 às 23h21.

O mercado de investimentos em startups no Brasil continuou aquecido em 2020 mesmo com a pandemia colocando um grau de incerteza nos cenários de empreendedores e investidores.

Segundo reportagem da EXAME desta edição, o volume de aportes vem batendo recordes no país em 2020. A boa notícia, contudo, esconde um problema: a distribuição dos recursos nos últimos meses esteve cada vez mais concentrada em unicórnios, empresas de tecnologia com avaliação de mercado acima de 1 bilhão de dólares.

E não foi por falta de negócios promissores para investir. Segundo uma pesquisa recente do IBGE, com dados de 2018, havia no país 22.700 empresas com perfil de alto crescimento.

Pela definição do órgão oficial de pesquisas do Brasil, compõem esse seleto time os negócios com mais de dez funcionários cuja mão de obra cresceu em 20% em 12 meses antes da pesquisa.

A pesquisa do IBGE revelou ainda que o número de empresas com alto crescimento no país aumentou 11,9%. Foi a primeira expansão em cinco anos de queda.

A pesquisa do IBGE analisa o desempenho financeiro das empresas nos três anos antes da publicação do estudo – no caso, 2018. O resultado, portanto, foi beneficiado por uma expansão acumulada de 2% no PIB entre 2017 e 2018. Embora tímido, o crescimento foi melhor do que o tombo de 5% na economia brasileira no período entre 2014-2016.

É uma realidade que veio para ficar ou é um retrato de um passado pré-pandemia? Na visão de Marina Thiago, especialista em simplificação tributária da Endeavor, organização global dedicada a fomentar o ambiente empreendedor, trata-se de um olhar para o retrovisor.

“A crise de 2020 deve afetar não só o crescimento das empresas, como também a sobrevivência delas, ponto que deve impactar significativamente o número de empresas de alto crescimento nos próximos anos”, diz Marina.

Uma maneira de incentivar mais empresas de alto crescimento, na avaliação da Endeavor, seria avançar com uma reforma tributária capaz de simplificar a vida de contribuintes.

“A reforma tributária geraria um aumento de 20 pontos percentuais do PIB em 15 anos, crescimento que certamente afetaria positivamente essas empresas”, diz Marina. “Na ponta, isso aumentaria em 25% os investimentos, o que impulsionaria esses negócios.”

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