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O que Netflix, Google e Dell ensinam para empreendedores

Modelo de negócio pode até se parecer com modelo de gestão, mas os conceitos são bem diferentes. Veja as lições que aprendemos com a Netflix, o Google e a Dell.


	Netflix: startup analisou o mercado e entendeu que seu modelo de negócio - portanto, sua gestão - já não fazia mais sentido
 (Chris Ratcliffe/Bloomberg)

Netflix: startup analisou o mercado e entendeu que seu modelo de negócio - portanto, sua gestão - já não fazia mais sentido (Chris Ratcliffe/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 26 de julho de 2016 às 10h27.

Vamos começar esclarecendo uma dúvida muito comum: a diferença entre modelo de negócio e modelo de gestão. Por mais que muitos pensem que um é sinônimo do outro, os dois temas são conceitos são bem distintos.

O modelo de negócio está relacionado a estratégia da empresa, como o preço ela vai colocar no mercado, que segmento de cliente ela vai focar, qual canal utilizar etc.

Já o modelo de gestão é a aplicação do modelo de negócio no dia a dia. Ou seja, qual a cultura da empresa, os relatórios, indicadores, frequência de reunião. Basta lembrar que um modelo de gestão coloca em prática o seu modelo de negócio.

Por mais que cada empresa tenha um modelo de gestão, algumas lições são comuns a todas. Analisando a Dell, o Google e a Netflix, separamos 3 grandes aprendizados para você:

1. Adaptar para crescer

Em primeiro lugar, na hora de escolher um modelo de gestão, você precisa pensar em como ele pode ajudá-lo a atingir os objetivos da empresa. E, claro, se, ao longo dos anos, o mercado mudar e você precisar adaptar sua gestão, não se preocupe: isso é totalmente normal. Aliás, a Netflix é mestre em adaptação!

No começo, a empresa entregava DVDs. Depois de um tempo, ela entendeu que deveria começar a adquirir seus consumidores pela internet e fazer a entrega de vídeo por streaming. Em outras palavras, a Netflix analisou o mercado e entendeu que seu modelo de negócio - e, consequentemente, sua gestão - já não fazia mais sentido.

Depois disso, a empresa deixou a logística de lado e focou seus esforços na mineração de dados. Eles perceberam que a distribuição física estava dando seus últimos sinais de vida e, rapidamente, mudaram a sua estratégia.

Claro, isso não foi tão simples. Nesse caminho, eles enfrentaram dificuldades, tiveram problemas na valorização do seu serviço, mas, independente disso tudo, a marca se reinventou e hoje é um case de negócio que entendeu os sinais do mercado e saiu na frente dos concorrentes.

Além da Netflix, podemos citar outros exemplos como o Google a Microsoft: empresas de tecnologia que tiveram seus perfis de atuação moldados ao longo dos anos. Independente das mudanças que a empresa vai implementar, é importante nunca esquecer que essa tomada de decisão deve ser baseada nos valores e na missão que guiam o negócio. Por exemplo, na Dell, um conceito chave da cultura da empresa é a meritocracia.

Luis Gonçalves, diretor geral da Dell, conta que, se um dia o mercado se transformar e exigir uma adaptação da empresa, o primeiro passo será olhar para o DNA do negócio e entender o que deve ou não ser alterado. Quanto mais claro esses aspectos forem para o empreendedor, mais fácil será a mudança.

2. Contratando gente boa

Para se destacar no mercado, além da mudança no serviço, a Netflix se tornou uma expert em dados. Foi isso que possibilitou os excelentes níveis de recomendação de filmes e séries com base no histórico do que cada cliente assistiu nos últimos meses. Foi com base nesses dados que ela também conseguiu prever, antes mesmo de lançar a série, que House Of Cards seria um sucesso total. Para entender melhor o case, recomendamos a leitura deste artigo.

E como ela conseguiu tudo isso? Selecionando as pessoas certas para a fase que a empresa estava vivendo. A empresa começou a trabalhar cada vez mais com dados: não só olhando e analisando cada informação, mas também tirando insights do que fazer com tudo aquilo que tinha em mãos. Para que todo esse trabalho pudesse ser feito, a Netflix começou a sua procura por pessoas que entendessem muito de mineração de dados e análise comportamental.

O processo de contratação influencia tanto no futuro da empresa que, até alguns anos atrás, os fundadores da Google entrevistavam todos os seus colaboradores. Fazer um bom screening, uma lista de talentos, conversar as melhores pessoas do seu time e avaliá-las pode mudar a direção do seu negócio.

E de onde eles pegavam esses talentos? Essa resposta é mais simples do que você pensa. Vamos ver a Netflix. Ela compete, em muitos aspectos, com a Google. Ou seja, muito provavelmente os funcionários da Google seriam ótimos colaboradores para a Netflix. E o que ela fez com essa informação? Transformou o seu ambiente de trabalho em algo que remetesse ao que era feito no Google, mas sem perder seus valores.

Quando você começa certo, o futuro da empresa é bem mais garantido. É claro, você também tem que estar aberto a fazer mudanças e evoluir alguns processos na empresa. Agora, o que você não pode fazer é ficar mudando, toda hora, sua forma de gestão: isso cria um ambiente instável tanto para os seus colaboradores como para seus clientes.

3. Cuidado com o modismo

A gestão sem hierarquia que é utilizada pela Zappos e pela Netflix está muito em alta. Cada vez mais empresas querem mergulhar nessa tal holocracia, buscando mais liberdade e autonomia para a empresa, mas é preciso cuidado. Nem toda a empresa consegue se adaptar a esse modelo de gestão; na verdade, em alguns casos, o que acontece é um verdadeiro caos.

O tema é tão relevante que o Google realizou um teste para ver se esse modelo era mesmo tão eficiente assim. A empresa separou dois grupos de engenheiros, sendo que um tinha a figura do líder e uma hierarquia mais clara e o outro atuava como preferia, sem cargos definidos.

Cada grupo trabalhou por um determinado tempo e depois o Google comparou os resultados do modelo sem hierarquia versus o tradicional. O que aconteceu foi que o grupo tinha um líder trouxe mais resultados do que aquele sem hierarquia.

Não estamos falando que esse modelo é ruim, mas sim que existem vantagens e desvantagens. Essa gestão dá mais liberdade aos colaboradores, mas também aumenta o risco de cada um agir por conta própria e o resultado de um projeto sair um Frankstein. Por outro lado, o modelo tradicional, com um gestor ou líder, ajuda muito no desenvolvimento de pessoas.

Por isso, se você acha que a sua empresa está pronta para abraçar um modelo de gestão sem hierarquia, como a Zappos e a Vagas.com, uma boa dica é verificar as dificuldades de implementação a médio e longo prazo. Outro ponto é pensar como você vai compensar o seu processo de gestão e feedback, já que não terá uma pessoa olhando especificamente para isso.

Por fim, é importante definir como será a sua comunicação, já que vai ser difícil juntar todos em torno de um mesmo objetivo. Em outras palavras: procure o equilíbrio na empresa.

O modelo de gestão da empresa é como o coração do nosso corpo: se ele para de funcionar, o negócio morre em pouco tempo. Por isso, esperamos que essas lições possam ajudá-lo nessa aventura que é empreender. Se você quiser aprofundar seu conhecimento sobre o assunto, não deixe de ver o vídeo na integra logo abaixo!

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Texto publicado em Endeavor.

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