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O MasterChef já acabou – mas os negócios de Raul Lemos só crescem

Já se perguntou como é a carreira de um ex-MasterChef? Muitos vão para a Mení, empresa de negócios de gastronomia de Raul Lemos e Caio Romano.

Raul Lemos e Caio Romano, sócios do negócio Mení: ideia surgiu assim que Lemos participou do reality show MasterChef, no ano de 2015 (Mení/Divulgação)

Raul Lemos e Caio Romano, sócios do negócio Mení: ideia surgiu assim que Lemos participou do reality show MasterChef, no ano de 2015 (Mení/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 6 de dezembro de 2017 às 06h00.

Última atualização em 6 de dezembro de 2017 às 10h09.

São Paulo – Mais uma temporada do reality de gastronomia MasterChef, transmitido pelo canal de televisão Bandeirantes, terminou ontem (5). Enquanto muitos esperam a próxima competição, dois empreendedores comemoram o fim bem-sucedido de mais um programa: os sócios Raul Lemos e Caio Romano.

Isso porque Raul Lemos, ele próprio um ex-MasterChef, responde tanto por si próprio quanto por vários outros chefs amadores e profissionais. Os participantes do episódio de ontem, Francisco Pinheiro e Pablo Oazen, já possuem contrato fechado e estão livres para fazer cursos e eventos com o fim das transmissões.

Lemos, que é publicitário, aproveitou sua experiência na televisão para criar sua própria empresa de negócios de gastronomia, junto com o empresário e colega de faculdade Caio Romano: a Mení.

Com três anos de vida, o negócio já realizou 250 atividades com os mais de 40 cozinheiros agenciados ou apenas com o próprio nome Mení, que se popularizou entre gigantes como Ambev, Cacau Show, Coca-Cola Danone, Itaú e Unilever.

De MasterChef a empreendedor

A ideia da Mení surgiu assim que Raul Lemos participou do reality show MasterChef, no ano de 2015. No meio dos episódios, o “spoiler” do último episódio foi divulgado e soube-se que Lemos e a cozinheira Izabel Alvares participariam da final do reality show.

Vendo uma oportunidade, Lemos chamou o amigo e empresário Caio Romano para conversar. “Ele me disse que achava que ganharia o programa e queria alguém que o ajudasse a criar ações em cima desse momento do MasterChef e da gastronomia no Brasil”, conta Romano.

Os sócios fizeram a mesma faculdade e moravam juntos. Enquanto Romano empreendeu com uma agência de marketing focada no público jovem, chamada Mundo Universitário, Lemos trabalhou tanto no negócio de Romano quanto em agências e contas publicitárias de grandes empresas.

Após a conversa, o empresário virou o agenciador do então MasterChef. A final da edição de 2015 teve recorde de audiência na televisão e de engajamento no Twitter para a história do programa. Mesmo Alvares tendo sido declarada a vencedora da competição, Lemos e Romano receberam mais de 60 oportunidades ligadas à imagem do participante no dia seguinte à final.

“Naquele momento, vimos que realmente havia uma procura bacana por ex-MasterChefs. Não sabíamos quanto cobrar pelo tempo do Raul e nem as empresas sabiam o que fazer exatamente com a imagem dele. Começamos a colocar preços em cima do tempo, da imagem e da expertise dele como cozinheiro”, conta Romano.

“Inicialmente, ele me ajudou como um amigo, mas rapidamente o piloto se tornou um negócio”, completa Lemos. Como o ex-MasterChef tinha contato com outros competidores, vários decidiram também se agenciar com Romano. Lemos participava ativamente dos agenciamentos de Romano, sugerindo possíveis conteúdos para ele e para os outros ex-MasterChefs. Quando foi a hora de transformar o agenciamento de cozinheiros em uma empresa formal – a Mení –, nada mais natural que Romano chamasse Lemos para ser seu sócio.

Izabel Alvares em ação para a Mení

Izabel Alvares em ação para a Mení (Mení/Divulgação)

Mení: de agenciamento de cozinheiros a eventos corporativos

A Mení agencia hoje mais de 40 cozinheiros de diversas produções televisas. Além do MasterChef Brasil (Band), há participantes de programas como Bake Off Brasil (SBT), Batalha dos Confeiteiros (Record), Hell’s Kitchen (SBT), Que seja Doce (GNT) e The Taste (GNT).

Apenas de ex-MasterChefs, há nomes como Dário Costa, Izabel Alvares, Jiang Pu, Leonardo Young, Michele Crispim e Victor Bourguignon – fora os finalistas desta edição, Francisco Pinheiro e Pablo Oazen, e o próprio Raul Lemos.

Dário Costa em ação para a marca Panasonic

Dário Costa em ação para a marca Panasonic (Meni/Divulgação)

“A gente pode ser encarado como um hub não só de gastronomia, mas de negócios e de audiência, porque vendemos também o potencial de mídia de nossos cozinheiros”, afirma Lemos.

Logo, porém, os sócios perceberam possibilidades que iam além de fazer o agenciamento comercial, financeiro e jurídico dos chefs e procurar cursos e eventos nos quais eles poderiam aparecer.

“Vimos que agências de comunicação e empresas realmente queriam se ligar à gastronomia. Logo depois da final de 2015, uma companhia de medicamentos nos procurou para uma campanha digital que ligasse a imagem do Raul à dor de cabeça. Criamos um roteiro que sugeria esse link e a ação deu super certo”, conta Romano.

Vitor Bourguignon em ação para a marca Aquarius

Vitor Bourguignon em ação para a marca Aquarius (Mení/Divulgação)

Hoje, a Mení media campanhas com seus agenciados por meio de agências como Edelman Significa, Ketchum, Talent e Wunderman. Ou, então, por meio do contato direto de empresas como Ambev, BR Malls, Brastemp, Cacau Show, Cervejaria Petrópolis, Coca-Cola, Danone, Gafisa, Heineken, Heinz, Hipermarcas, Itaú, Motorola, OLX, Panasonic, Pepsico, Sadia, TIM, Tramontina, Unilever e Visa.

Lemos e Romano perceberam que tinham em mãos um negócio também de produção de conteúdo corporativo ligado à gastronomia. Por meio de eventos, por exemplo, as corporações podem ensinar seus funcionários sobre valores como superação e trabalho em equipe.

“Você consegue passar qualquer tipo de comunicação pela cozinha, e isso tem atraído muitas empresas. Atuamos muito com áreas de empreendedorismo e recursos humanos das corporações”, explica Romano. A Mení já fez com que 300 funcionários participassem de uma falsa competição do MasterChef para aprenderem a agir em conjunto, por exemplo.

“Somos uma empresa de negócios em gastronomia, com soluções para agências e clientes diretos, utilizando nossos cozinheiros ou não”, resume Romano. Hoje, a Mení está em um espaço de coworking para projetos gastronômicos chamado Hub Foodservice, no bairro de Perdizes, em São Paulo.

Novos projetos e projeções para o futuro

Com o tempo, a Mení adicionou projetos mais ousados ao seu portfólio, com o objetivo de reforçar sua marca.

O negócio está investindo em cursos de culinária em sua própria sede e com os cozinheiros agenciados como possíveis professores, em um projeto chamado “Cozinha Mení”. Já foram feitos três cursos com ex-MasterChefs, incluindo o próprio Raul Lemos, com 30 vagas cada. As vendas foram feitas de forma online, como em um e-commerce comum.

Leo Young em ação para a marca Café Brasileiro

Leo Young em ação para a marca Café Brasileiro (Mení/Divulgação)

“Os lugares de todos se esgotaram. Foi uma espécie de piloto, para agora aumentar a quantidade de cursos, de vagas e de temas”, diz Lemos. A ideia é fazer cerca de 20 cursos em 2018.

O negócio não divulga números absolutos de faturamento, mas diz ter crescido 100% em 2017 sobre 2016. Para 2018, espera no mínimo repetir essa porcentagem.

No começo, o agenciamento comercial representava a maior parte desse faturamento, que foi superado por projetos e conteúdos empresariais. “Essa virada aconteceu em 2017, e esperamos que isso aumente ainda mais ano que vem”, diz Romano.

Isso inclui o relacionamento com a Endemol, produtora do MasterChef. A Mení presta serviços como o roteiro das dicas e curadoria dos temas presentes no canal do MasterChef no YouTube e licencia a marca MasterChef para utensílios culinários, por exemplo.

Em 2018, a Mení também lançará o “MasterChef Experience”: um evento pago para quem quiser ver uma espécie de prova extra do MasterChef, não veiculada na televisão. Os participantes farão pratos que serão provados pela audiência, que escolherá a equipe vencedora.

Os empreendedores não temem que uma possível queda de popularidade do reality show de gastronomia possa atrapalhar seus negócios. "Nem começamos a ver ainda o potencial total da marca MasterChef, e muito menos ainda do mercado gastronômico. Ainda há muito a ser desenvolvido", afirma Lemos.

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