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O investimento do empreendedorismo

Marcus Regueira, o novo presidente da ABVCAP, fala sobre a importância do capital de risco na geração de novos empregos e no crescimento nacional

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Investir dinheiro e capital intelectual em pequenas e médias empresas que possam, um dia, ser grandes. Esta é a missão do Venture Capital, investimento que estimula o empreendedorismo, aumenta a geração de empregos e ajuda no desenvolvimento nacional. "O Venture Capital foi fundamental no desenvolvimento da indústria americana", diz Marcus Regueira, diretor de investimentos da fundo FIR Capital e, desde ontem, o novo presidente da Associação Brasileira de Private Equity (ABVCAP). Regueira assumiu o posto no lugar de Álvaro Gonçalves, sócio do Stratus Banco de Negócios. Seu mandato é de dois anos. Leia a entrevista que Regueira concedeu ao Portal EXAME PME.

EXAME PME -- O que os pequenos e médios empresários brasileiros podem esperar do atual cenário para investimentos em Venture Capital?

REGUEIRA -- As pequenas e médias empresas brasileiras estão diante de muitas oportunidades, por vários motivos, como as decrescentes taxas de juro e a formação de centros de excelência em empreendedorismo. Hoje, pequenas empresas tiram o sono de grandes dirigentes, que morrem de medo das ameaças que virão. Veja o caso do Skype: um grupinho de pesquisadores da Europa oriental fez um estrago nos negócios de telecomunicação.

EXAME PME -- O que o pequeno empresário deve saber sobre o comportamento do capital de risco?

REGUEIRA -- Quando falamos de Venture Capital, o que eu acho mais importante destacar, para as pequenas e médias empresas, é a importância da busca cautelosa por um investidor. O sócio de Venture Capital vai querer intervir nos rumos do negócio. Vai desequilibrar a estabilidade societária, vai incomodar os majoritários. Mas também vai trazer ao processo uma experiência de investimento aprendida em diversas outras empresas. Então deve haver equilíbrio. O empresário não deve levar em conta apenas a quantidade do dinheiro que vai ganhar com o aporte. É muito mais importante analisar a qualidade do relacionamento com o investidor.

EXAME PME -- Por que os fundos de pensão ainda investem pouco no mercado de Venture Capital?

REGUEIRA -- Primeiro, porque, há uns seis anos, os fundos de pensão tiveram uma experiência muito negativa ao investir no mercado de Venture Capital no Brasil. Muitos gestores não estavam preparados e a crise asiática agravou o quadro. Isso tudo deixou um gosto amargo. Mas o principal motivo mesmo são as altas taxas de juro brasileiras. É cômodo conseguir um retorno anual de 13%, 14%, 15%, em 360 dias, praticamente sem sobressaltos. Para que investir em Venture Capital, arriscando-se com negócios que podem dar errado?

EXAME PME -- O que o senhor acha desta concepção? Ela está mudando?

REGUEIRA -- A longo prazo, o investimento em Venture Capital propicia um rendimento muito maior que os fundos de renda fixa. Traz, ainda, grandes impactos na geração de emprego, na formação de cultura de aberturas de capital. Foi o Venture Capital e o Private Equity que desenvolveram a indústria nos Estados Unidos. Lá, destinam-se a esses investimentos entre 5% e 8% da base de fundos. É um volume imenso de recursos. No Brasil, o número é de 1%. Mas grandes fundos de pensão como Previ, Petros, Funcesp e Funcef já investem no Venture Capital. É uma tendência. O exemplo dos fundos maiores é extremamente importante para atrair investidores menores.

EXAME PME -- Que perfil de empreendedor os investidores procuram?

REGUEIRA -- Eles buscam empresas com potencial de se tornarem sustentáveis em pouco tempo, em dois ou três anos. O investidor precisa sentir também que, no futuro, a empresa poderá competir mundialmente. Esse perfil independe da área de atuação.

EXAME PME - O que os pequenos e médios empresários devem fazer para conseguir investidores?

REGUEIRA -- Posso começar sugerindo alguns sites. Na internet, vale olhar a página própria da ABVCAP, e também sites internacionais, como EMPEA (Emerging Markets Private Equity Association), Lavca (Latin American Venture Capital Association). É bom entender como a coisa funciona lá fora. O passo seguinte é pesquisar gestores com perfil afinado com o tipo de empreendimento e visitá-los, com um bom plano de negócios em mãos. Esse é o início.

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