Post polêmico da lanchonete Underdog (Instagram/Reprodução)
Mariana Desidério
Publicado em 9 de agosto de 2017 às 15h11.
Última atualização em 9 de agosto de 2017 às 15h26.
São Paulo – O bar e lanchonete Underdog, em Pinheiros, se viu em meio a uma polêmica essa semana, após ter recebido uma crítica nas redes sociais. O motivo da celeuma foi um post feito pelo estabelecimento em março, em que aparecia uma placa com a frase “Aqui seu cão é bem-vindo!!! Mas crianças favor amarrá-las ao poste”.
A mensagem foi resgatada essa semana por Debora Oliveira, que não gostou do tratamento dispensado às crianças e criticou o estabelecimento pelo Facebook, num post que até agora já teve 236 compartilhamentos.
A resposta do Underdog veio como provocação. “Ativistas, feministas, machistas, mãesistas [...] preguem menos e façam mais amor em casa, que pelo visto está escasso”, escreveu o estabelecimento no Instagram, alimentando ainda mais a polêmica.
Ao blog Mães de Peito, os donos do local disseram que recebem crianças diariamente, “mas são crianças de pais inteligentes, que sabem entender que foi uma piada de humor negro”. E completaram: “Quem não entendeu, não nos interessa”.
Mas será que é assim mesmo? EXAME.com conversou com a especialista em marketing digital Mônica Lobenschuss para entender o que essa atitude gera para o negócio e o que outros empreendedores podem aprender com o caso.
Na avaliação da especialista, a postura do Underdog é equivocada. “Qualquer negócio que achar que vive só com os clientes que tem hoje está fadado ao fracasso, porque isso não existe. É um comportamento totalmente inadequado dizer ‘não quero você como meu cliente’”, afirma a especialista.
Ela explica que os cenários podem mudar, os clientes atuais podem ser atraídos por um concorrente, por exemplo, o que fará com que o negócio precise, sim, daqueles clientes de que desdenhou no passado.
Para Lobenschuss, o empreendedor deveria ver a pessoa que criticou a empresa como uma aliada. “Talvez eles já tivessem perdido clientes por conta daquela placa, mas nem ficaram sabendo. Então a pessoa que criticou na verdade está ajudando o estabelecimento. Uma abordagem interessante seria agradecer e convidar a cliente para dar sugestões de como tornar o ambiente convidativo para famílias com crianças”, sugere.
A especialista chama a atenção ainda para a importância que as empresas dão aos posts feitos nas redes sociais. “Tudo o que você coloca na rede é como se tivesse escrito sobre pedra. Por mais que você apague, pode ter certeza que alguém já deu um print e registrou aquilo. Por isso tem que ter muito cuidado com tudo o que posta.”
Uma dica é focar as postagens do negócio em assuntos que interessem ao seu público. “Se você tem uma lanchonete, a rede social é um espaço para falar sobre gastronomia, bem-estar, e não para fazer piada sobre crianças”, afirma.
E no caso em que a postagem infeliz já foi feita, é possível reverter um quadro negativo para a marca? A especialista garante que sim. “O indicado seria a marca dizer que era uma brincadeira, pedir desculpas, assumir o erro e buscar ações que mostrem um posicionamento positivo. Poderia fechar a lanchonete num domingo só para famílias com crianças, por exemplo”.
A forma como o empreendedimento respondeu às críticas, portanto, não é nem um pouco positiva, avalia a especialista. “Eles disseram que era uma brincadeira, mas depois fizeram essa postagem provocando. Isso dá a impressão de que na verdade concordam sim com aquele posicionamento inicial. Com isso, correm o risco de perder clientes, sim”.
EXAME.com não conseguiu contato com o Underdog até a publicação desta reportagem. Assim que houver um posicionamento da empresa, este texto será atualizado.
Veja abaixo o post com as críticas ao estabelecimento.