Morador de condomínio com lojinha da Numenu: conveniência é o nome do negócio agora (Leandro Fonseca/Exame)
Karin Salomão
Publicado em 16 de maio de 2020 às 06h00.
Última atualização em 16 de maio de 2020 às 06h00.
De motoristas de aplicativos a lojas em condomínios. A Numenu, startup de vendas de petiscos e itens de conveniência, mudou completamente o seu modelo de negócios com o início da pandemia do novo coronavírus. Mais que isso, não pensa em voltar atrás.
Os cofundadores Rafael Freitas e Sebastian Netto trabalhavam em outras áreas quando a ideia para a startup surgiu em julho de 2017. A Numenu começou a operar em 2018 como uma pequena venda dentro de carros de aplicativo, com itens como chicletes e snacks, canetas e carregadores de celular. Os itens estavam em uma vitrine nas costas dos bancos frontais e a compra era realizada pelo passageiro a partir do site mobile, com pagamento pelo cartão de crédito.
De olho na conveniência do passageiro de empresas de mobilidade, a Numenu também servia como uma renda extra para os motoristas. Além das vendas, que chegavam a 30 reais por mês, os motoristas também eram remunerados por distribuir amostras da indústria. A startup chegou a estar presente em 2.000 carros.
Com o início da pandemia, porém, as corridas caíram drasticamente e a startup buscou adaptar seu modelo. Levou as lojas para dentro de condomínios residenciais e passou a vender para os moradores, por hora em distanciamento social. Os pontos de venda são instalados sem custo para o prédio, o que garante que sejam aprovados sem a necessidade de reuniões condominiais. Com o autosserviço e sem a necessidade de um vendedor ou de controle de compra, as vendas estão perto de câmeras de segurança para reduzir nível de fraude.
"O timing de virada da empresa foi perfeito. Mas, mesmo depois da quarentena, essa comodidade de receber e comprar coisas em casa, deve ser mantida", acredita Freitas.
O novo modelo contorna um problema da venda em carros de aplicativos: a recorrência de compra. Mesmo presente em milhares de carros, a Numenu tinha dificuldade de conquistar o cliente. Era difícil que um passageiro fosse transportado com recorrência em carros co o serviço da Numenu. Além disso, os motoristas de aplicativo tinham uma rotatividade alta, então a Numenu tinha um investimento grande em conquistar novos motoristas.
Agora, as lojas estão fixas na área comum de prédios residenciais, o que aumenta a recorrência de compra. A startup acredita que cerca de um terço dos moradores nos prédios em que está presente já realizaram alguma compra.
Presente em 20 condomínios, o plano é chegar a 50 em maio. Segundo Netto, cada venda fixa, com faturamento mensal de R$ 3.000, equivale à venda feita em 100 carros. "O nível de faturamento ainda não é o mesmo que antes, mas olhamos para outras métricas, como rotatividade dos pontos, custo de aquisição do cliente e nível de recorrência”, diz Freitas.
Se antes os motoristas eram responsáveis por ir até os pontos da Numenu para manter o estoque, hoje o abastecimento é feito pela companhia, a partir de um centro de distribuição na região oeste de São Paulo. No futuro, a ideia é conseguir um parceiro logístico.