Pizza da Patroni na Arena Corinthians: franqueadora possui oito unidades no estádio de futebol (Patroni/Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 28 de junho de 2018 às 06h00.
Última atualização em 28 de junho de 2018 às 06h00.
São Paulo - Foi-se o tempo em que os franqueados tinham de se decidir entre abrir uma unidade na rua ou no shopping center. Buscando explorar pontos comerciais menos concorridos (e reduzir de forma inovadora os custos de implantação), diversas redes franqueadoras estão apostando em franquias em locais inusitados, dentro de outros empreendimentos.
A rede de alimentação Giraffas, por exemplo, lançou contêineres para serem instalados em estradas. Em parceria com o Santander, a argentina Havanna abriu sua primeira loja em uma agência bancária em terras nacionais. Agora, academias, estádios de futebol, lojas de departamento, postos de gasolina e salões de beleza já dividem seus espaços ociosos com franquias.
De acordo com a Associação Brasileira do Franchising (ABF), 45% dos municípios brasileiros possuem a presença de redes franqueadoras. “Uma estratégia para chegar a essas regiões é oferecer modelos de menor investimento”, afirmou Altino Cristofoletti Junior, presidente da ABF, na abertura da feira de franquias ABF Franchising Expo. “As equipes das franqueadoras têm se especializado, trazendo profissionais focados em novos canais.”
EXAME conversou sobre o tema com quatro redes franqueadoras presentes na ABF Franchising Expo. O evento, que acontece até o próximo sábado (30), reúne 400 marcas expositoras no Expo Center Norte (São Paulo). Confira alguns lugares inusitados aos quais as franquias já chegaram ou planejam chegar:
O Mapa da Mina, rede de franquias de semijoias, foi criada em 1995 e começou a franquear em 2014. No segundo semestre de 2017, a franqueadora lançou seu modelo de microfranquias, chamado Express, que funciona por meio de torres instaladas em estabelecimentos comerciais com acessórios e peças do Mapa da Mina. Alguns pontos de venda são lojas de cosméticos, perfumarias e salões de beleza.
Para Marcos Pertile, sócio-diretor do Mapa da Mina, o objetivo foi levar as semijoias para estabelecimentos sinérgicos à atuação da franqueadora e que proporcionem um ambiente de compra associado ao bem-estar das clientes.
No formato, chamado de Express, o franqueado investe 30 mil reais em troca de cinco torres. Enquanto isso, o quiosque possui um aporte de 100 mil reais; a loja, de 120 mil reais. O prazo de retorno vai de 12 a 24 meses, com faturamento médio mensal de 1,5 mil reais por torre. A taxa de lucratividade média vai de 10% a 30%.
Atualmente, o Mapa da Mina tem 23 unidades, sendo quatro no modelo Express. A rede prevê encerrar o ano com 33 franquias, sendo cinco no formato mais recente.
A rede de cursos profissionalizantes em costura e modelagem de roupas Sigbol Fashion lança na ABF Franchising Expo um modelo para quem quer abrir uma franquia na própria garagem. Em um espaço de 16 m², o franqueado poderá operar a microfranquia sozinho.
De acordo com o diretor da Sigbol Fashion, Aluízio de Freitas, o modelo é mais indicado para cidades a partir de 50 mil habitantes ou grandes bairros de capitais. “A ideia é dar oportunidade para as pessoas que já tem um pequeno ateliê se tornarem empreendedoras, colocando máquinas de costura e mesas para as aulas.”
O modelo, chamado Basic Fast, pede um investimento inicial é de 17 mil reais, enquanto o formato mais robusto da Sigbol Fashion pede um aporte de 114,6 mil reais. O prazo de retorno é de seis meses, com faturamento médio mensal de 13 mil reais. A taxa de lucratividade média é de 33% sobre o valor.
O negócio nasceu em 1982 e começou a franquear em 2011. Hoje, a Sigbol Fashion possui 23 unidades e já está negociando com interessados no formato de garagem. A meta é abrir 10 novas franquias até o final do ano, sendo duas no modelo Basic Fast.
A Patroni, rede de pizzarias criadas em 1984 e franqueadora desde 2003, começou a criar modelos mais enxutos desde 2015. Segundo o fundador e presidente da rede, Rubens Augusto Júnior, o formato Expresso é ideal para ser instalado em lugares inusitados e de grande movimento - como condomínios, clubes, estádios de futebol, hipermercados, metrôs e universidades.
O investimento inicial é de 150 mil reais, contra os 300 a 450 mil reais exigidos pelos modelos clássicos. O menu é mais enxuto e focado em itens de consumo rápido, como cafés, pedaços de pizza e salgados. Com isso, pede também um menor quadro de funcionários.
O prazo de retorno do modelo é de 18 a 24 meses, com faturamento médio mensal de 40 mil reais a 80 mil reais. O lucro médio vai de 12% a 20% desse valor.
Atualmente, há 11 unidades da Patroni no formato Express, sendo que oito delas estão na Arena Corinthians, em São Paulo. A rede pretende abrir mais 10 pontos de venda nesse modelo até o fim de 2018. Ao todo, a Patroni possui 210 unidades em operação e quer chegar a 255 lojas neste ano.
A franqueadora 10 Pastéis firmou, em julho de 2017, uma parceria com a rede Havan para colocar cafés nas lojas de departamento, vendendo comes e bebes.
Segundo o diretor Lucas Figueiredo, a ideia era fazer um teste, sem muita pretensão - mas o faturamento médio mensal esperado, de 60 mil reais, se transformou em 140 mil reais. O franqueado recuperou seu investimento em três meses de operação.
Hoje, a 10 Pastéis possui cinco cafés dentro das lojas de departamento Havan - e está para abrir outras três até o fim deste ano, além de uma unidade com a mesma proposta em um posto de gasolina da rede Ipiranga.
O investimento inicial do modelo store in store é de 180 mil reais, contra os 280 mil reais de uma loja tradicional. O prazo de retorno é de 18 a 24 meses, com faturamento médio mensal de 60 mil reais. A taxa de lucratividade média é de 15% sobre o valor.