PME

Nos EUA, as PMEs esperam um ótimo ano – caso sobrevivam à pandemia

Empreendedores americanos aguardam ansiosamente a vacinação em massa para recuperar vendas perdidas – e aumentarem as chances de sobreviverem à pandemia

Comércio nos Estados Unidos: o fim da pandemia está à vista à medida que a vacinação começa, mas o ritmo lento atrasou a volta por cima com a qual empresários estavam contando. Perseverar é o principal objetivo para muitos (Spencer Platt/AFP/AFP)

Comércio nos Estados Unidos: o fim da pandemia está à vista à medida que a vacinação começa, mas o ritmo lento atrasou a volta por cima com a qual empresários estavam contando. Perseverar é o principal objetivo para muitos (Spencer Platt/AFP/AFP)

LB

Leo Branco

Publicado em 27 de janeiro de 2021 às 13h00.

Última atualização em 27 de janeiro de 2021 às 13h00.

Para Ashlie Ordonez, dona do Bare Bar Studio, spa em Denver, as vacinas para o coronavírus podem demorar a chegar. Embora antecipe dias melhores no fim deste ano, ela sabe que sobreviver até lá será uma luta e que os próximos meses serão magros. "Vendi minha aliança para podermos pagar as contas e manter as portas abertas. Estou sacrificando tudo para suportar esta pandemia", revelou ela.

Vinay Patel, que administra uma cadeia de nove hotéis em Maryland e na Virgínia, está ainda mais ansioso pela recuperação. "Em 2022 veremos o verdadeiro potencial da vacina", disse ele. Patel acrescentou que sua maior esperança para o próximo ano é uma medida de estabilidade, se não de prosperidade.

Neste início de 2021, empresários grandes e pequenos enfrentam uma paisagem em rápida mudança. O fim da pandemia está à vista à medida que a vacinação começa, mas o ritmo lento atrasou a volta por cima com a qual estavam contando. Perseverar é o principal objetivo para muitos, mesmo quando outros preveem uma recuperação inevitável.

"Este ano não será um passeio no parque, mas estou otimista. Estamos apostando tudo nas vacinas", afirmou Jimmy Etheredge, executivo-chefe para a América do Norte da Accenture, empresa de estratégia e consultoria.

Luz no fim do túnel

Mesmo antecipando um retorno, Etheredge enfatizou que muitas das mudanças causadas pela pandemia vieram para ficar, como o trabalho remoto e a adoção da tecnologia em nuvem pelas empresas: "Dez meses de pandemia aceleraram a mudança tecnológica em dez anos. Nunca voltaremos ao que era antes."

Enquanto isso, está claro que haverá vencedores e perdedores este ano. Restaurateurs, empresas de lazer e hospitalidade e a indústria de viagens continuarão a enfrentar dificuldades, pois um aumento nos casos de Covid-19 exige novos bloqueios em muitas partes do país. Poucos esperam pela salvação iminente.

As maiores empresas, por outro lado, estão se posicionando para o que poderia ser um aumento no consumo quando a pandemia recuar. Tecnologia, manufatura, saúde e algumas outras indústrias estão crescendo.

"Há luz no fim do túnel. Mas há um lado da economia que ainda está em apuros. Um grupo de americanos quer ir trabalhar, mas não consegue porque não há vagas", disse Brian Moynihan, executivo-chefe do Bank of America.

Moynihan afirmou estar satisfeito com o fato de que o pacote de ajuda de US$ 900 bilhões foi aprovado e já é lei, depois de muitos ajustes e de idas e vindas, e ele é a favor de mais estímulos, se necessário. Cerca de 19 milhões de pessoas estão recebendo seguro-desemprego, e o quadro empregatício permanece sombrio para muitos trabalhadores com salários mais baixos no setor de serviços.

Por mais difíceis que os próximos meses possam parecer, a economia está melhor do que nos meses depois da primeira onda da Covid-19.

Incertezas ainda no radar

Os gastos de fim de ano dos clientes do Bank of America foram dois e meio por cento maiores do que no ano anterior, e os correntistas realmente têm uma poupança maior que antes da pandemia. "Há vários setores que estão indo muito bem em matéria de lucro", acrescentou Moynihan.

Mesmo assim, estes continuam sendo tempos de incerteza para muitos executivos e empresários.

"Os dias de um orçamento fixo ou de um plano permanente se foram por um tempo. É preciso lidar com essa ambiguidade", afirmou Mercedes Abramo, executiva-chefe para a América do Norte do fornecedor de artigos de luxo Cartier.

"Este ano não será um passeio no parque, mas estou otimista. Estamos apostando tudo nas vacinas"

Jimmy Etheredge, executivo-chefe para a América do Norte da Accenture, empresa de estratégia e consultoria

Adaptação é uma estratégia que Ivan Kane, dono de um café e boate em Columbus, Ohio, conhece bem. Para atender aos requisitos de distanciamento social, ele reduziu a capacidade do local de 320 para 117, preenchendo o que antes era uma pista de dança com mesas para proporcionar espaço adequado entre as pessoas. Para atrair clientes, comprou 15 lâmpadas ultravioleta desinfetantes de nível hospitalar, e recentemente adquiriu um iglu para permitir que os comensais jantem do lado de fora ao mesmo tempo que se protegem do frio.

Kane espera recuperar seu investimento nos próximos meses, mas prevê que levará um ano até que consiga receber o número de pessoas necessário para tornar seu negócio lucrativo. "A margem de lucro é tênue. A ideia é apenas manter as luzes acesas."

Vacina 'tarde demais'

Mas, para outros donos de negócios, a vacina chegou tarde demais. Em setembro, Camilla Marcus fechou o West-bourne, seu restaurante no bairro do SoHo, em Nova York, depois que não conseguiu renegociar seu aluguel.

Marcus continuou ganhando um pouco de dinheiro com a venda de pratos pelo site de sua empresa e com a promoção de eventos virtuais. Mas não tem planos de abrir outro restaurante. "Vai piorar muito antes de melhorar. Vai ser um longo caminho."

Outros, como Roy Paulson, dono de uma fábrica em Temecula, na Califórnia, se sentem mais seguros. Como muitos fabricantes, ele conta com grande demanda de escudos faciais e óculos industriais durante a pandemia, artigos que sua empresa produz em geral para soldadores e eletricistas.

Novos modelos de protetores sairão em breve, e Paulson espera aumentar ainda mais as vendas. Recentemente, o Instituto de Gestão da Oferta informou que seu índice de manufatura saltou em dezembro, sendo o maior desde agosto de 2018. "A fabricação está viva e bem no sul da Califórnia e nos EUA. Estou esperando um ano excelente", disse Paulson.

Embora a situação seja muito diferente para os restaurantes, alguns estão confiantes de que a indústria vai se recuperar.

"Achamos que as coisas vão melhorar em um futuro não muito distante", declarou Brian Niccol, executivo-chefe da Chipotle Mexican Grill. Ele está de olho no verão ou no início do outono do Hemisfério Norte para um retorno ao normal, acrescentando que "as pessoas vão querer comer e socializar e os restaurantes estarão em uma boa posição".

Niccol tem algumas vantagens sobre os pequenos empreendedores – sua empresa está livre de dívidas, com uma forte posição de caixa e uma capitalização no mercado de ações de quase US$ 40 bilhões. Mas alguns donos de pequenos negócios compartilham seu otimismo.

Andy Rodriguez, cofundador e executivo-chefe da Salty Donut, loja de donuts artesanais e café com endereços no Texas e na Flórida, acredita que a pandemia fortalecerá seus negócios em longo prazo.

Depois que o vírus chegou, Rodriguez teve de transformar rapidamente o modelo de negócios de sua empresa, que costumava depender fortemente do tráfego na loja e do bufê corporativo. Ele disponibilizou seu cardápio completo no Uber Eats e reforçou sua presença nas redes sociais para incentivar os clientes a fazer pedidos on-line.

Rodriguez espera que o trabalho que tem feito para desenvolver sua plataforma de vendas digitais permita que o negócio floresça à medida que a pandemia for diminuindo. "Estaremos em uma posição melhor do que nunca. Estaremos atuando em mais frentes", disse ele.

Audrey Hoyt, proprietária de um coworking em Seattle, o Pioneer Collective, com seu marido, também está confiante de que no ano que vem haverá mais demanda pelos serviços de sua empresa do que antes. Ela acredita que os arranjos de coworking serão atraentes para muitas empresas que procuram espaço de escritório flexível durante a transição para um mundo pós-pandemia. "É essencial a existência de mais empréstimos e assistência para fazer com que os pequenos negócios sobrevivam a esse período. Agora que os democratas têm mais poder, estou mais esperançosa de que vamos obter a ajuda de que precisamos."

Hoyt tem trabalhado para expandir as participações imobiliárias da empresa, mesmo que sua receita tenha caído pela metade por causa da pandemia. Como os proprietários comerciais estão ansiosos para atrair inquilinos, as empresas terão mais influência na negociação de termos favoráveis de locação, acredita Hoyt, que planeja abrir um novo endereço no centro de Seattle em abril. "Foi uma decisão pensada: ou fechamos totalmente ou vamos mais fundo e encontramos uma maneira de resolver isso. Espero que consigamos sair mais fortes do outro lado", afrmou ela.

The New York Times Licensing Group – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.

De 0 a 10 quanto você recomendaria Exame para um amigo ou parente?

Clicando em um dos números acima e finalizando sua avaliação você nos ajudará a melhorar ainda mais.

Acompanhe tudo sobre:dicas-de-empreendedorismodicas-para-seu-negocioEmpreendedoresEmpreendedorismoEstados Unidos (EUA)New York Times

Mais de PME

ROI: o que é o indicador que mede o retorno sobre investimento nas empresas?

Qual é o significado de preço e como adicionar valor em cima de um produto?

O que é CNAE e como identificar o mais adequado para a sua empresa?

Design thinking: o que é a metodologia que coloca o usuário em primeiro lugar