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Nos EUA, as livrarias querem que os clientes saibam das dificuldades delas

De acordo com a Associação Americana de Livreiros, mais de uma livraria independente fechou a cada semana desde o início da pandemia

De acordo com a Associação Americana de Livreiros, mais de uma livraria independente fechou a cada semana desde o início da pandemia (Amr Alfiky/The New York Times)

De acordo com a Associação Americana de Livreiros, mais de uma livraria independente fechou a cada semana desde o início da pandemia (Amr Alfiky/The New York Times)

LB

Leo Branco

Publicado em 3 de novembro de 2020 às 10h12.

Última atualização em 3 de novembro de 2020 às 15h37.

As placas começaram a aparecer nas vitrines das livrarias em outubro. "Compre livros de pessoas que querem vender livros, não colonizar a Lua." "Amazon, por favor, deixe a distopia para Orwell." "Se você quer que a Amazon seja a única varejista do mundo, continue fazendo compras lá."

A mensagem: compre nessas lojas, ou elas não estarão aqui por muito tempo. De acordo com a Associação Americana de Livreiros, que desenvolveu a campanha, mais de uma livraria independente fechou a cada semana desde o início da pandemia. Muitas das que ainda estão de pé olham para a temporada de festas crucial e veem uma mistura tóxica de gastos mais altos, vendas mais baixas e enorme incerteza.

Embora as vendas de livros tenham sido um ponto positivo na sombria economia norte-americana – elas subiram mais de seis por cento até agora este ano em comparação com o ano passado, de acordo com o NPD BookScan –, a maioria dessas compras não é feita em lojas independentes. O crescente interesse por categorias específicas, desde livros educacionais até títulos sobre raça e antirracismo, continua a impulsionar alguns livreiros, mas caiu para outros.

Ainda assim, as lojas independentes procuraram rapidamente se reinventar durante a pandemia. O envio de livros para os clientes, que costumava ser uma fonte de receita minúscula para a maioria das lojas, agora pode ser mais da metade da renda, ou praticamente cem por cento dela em lugares que ainda não estão abertos para compras presenciais. A entrega na calçada se tornou comum.

A Avid Bookshop, em Athens, na Geórgia, envia URLs personalizados aos clientes com uma lista de recomendações escolhidas a dedo. A Green Apple Books, em San Francisco, arrecadou US$ 20 mil vendendo camisetas, jaquetas e máscaras que diziam "Fique em casa, leia livros". Outras lojas pediram doações aos clientes.

Tudo isso ainda pode não ser suficiente.

"Alguém me disse: 'Puxa, você deve estar ganhando muito com todos os negócios on-line que faz.' Isso me fez rir", disse Christine Onorati, dona de livrarias Word no Brooklyn e em Jersey City, Nova Jersey.

A situação, porém, não é de todo terrível. A Third Place Books, que tem três endereços na área de Seattle, em Washington, perdeu cerca de 20 por cento das vendas no último ano, de acordo com Robert Sindelar, seu sócio-gerente, número com o qual está satisfeito para 2020. Ele atribuiu seu relativo sucesso à localização das lojas nos bairros, que atraem moradores da redondeza que estão trabalhando de casa.

A Source Booksellers, em Detroit, no Michigan, cuja proprietária é negra, viu um aumento nas encomendas depois da morte de George Floyd, pois os leitores buscavam livros sobre racismo, além de maneiras de apoiar empresas afro-americanas. "Tínhamos vendas para diferentes estados que nunca tínhamos visto antes. Nosso funcionamento agora tem muito a ver com esse momento", afirmou Alyson Jones Turner, dona da loja com sua mãe, Janet Webster Jones.

Allison Hill, executiva-chefe da Associação Americana de Livreiros, contou que o grupo entrevistou seus 1.750 membros em julho e recebeu respostas de cerca de 400 deles. Dos que responderam, um terço declarou que suas vendas caíram 40 por cento ou mais no ano. Outros 26 por cento, contudo, relataram que suas vendas se mantiveram ou até mesmo aumentaram. A organização planeja fazer outra pesquisa em janeiro, e Hill acredita que esse número positivo poderá ser afetado.

Mesmo nas lojas onde as vendas se mantiveram, os lucros são muitas vezes baixos, segundo Hill. Na melhor das hipóteses, as margens de uma livraria são estreitas – tradicionalmente, uma loja de sucesso espera obter dois por cento de lucros –, mas operar durante uma pandemia é ainda mais caro.

"Se alguém me dissesse no ano passado que eu gastaria US$ 20 mil em material de postagem e transporte, em equipamentos de proteção individual e em material de limpeza extra para as lojas, eu não teria acreditado. Simplesmente não tínhamos esses itens no nosso orçamento, ou, se os tínhamos, as quantidades eram ínfimas", declarou Jamie Fiocco, proprietária da Flyleaf Books em Chapel Hill, na Carolina do Norte, e presidente do conselho da Associação Americana de Livreiros.

Além disso tudo, há a temporada de festas. Fiocco disse que sua loja faz cerca de 30 por cento de seus negócios nas últimas oito semanas do ano, e há dias em dezembro em que ela vende mais em uma hora do que em um dia normal. Mas, este ano, os clientes não serão capazes de visitar a loja livremente no último minuto, por isso os livreiros estão tentando incentivar as compras antecipadas.

Talvez o mais preocupante seja que a cadeia de suprimentos está sob pressão. Houve problemas com entregas, capacidade limitada em armazéns e atrasos nas gráficas, nas quais os lançamentos do primeiro semestre se chocam com os planejados para agora. Entre eles está um novo livro de memórias do ex-presidente Barack Obama, programado para ser lançado em 17 de novembro, com grande probabilidade de ser o mais importante livro do ano.

"Há a esperança de que a temporada das festas possa realmente mudar as coisas. O lançamento de um livro assim nesse momento crítico pode fazer uma enorme diferença", afirmou Hill.

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