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No home office, startups de ponto eletrônico conquistam RHs e investidores

A necessidade de controle de jornada em regime de trabalho remoto fez empresas como a Pontomais (investida pela VR Benefícios) atraírem mais clientes

Ponto eletrônico: na Pontomais são feitos o controle de mais de 1 milhão de pontos por dia (Jetta Productions Inc/Getty Images)

Ponto eletrônico: na Pontomais são feitos o controle de mais de 1 milhão de pontos por dia (Jetta Productions Inc/Getty Images)

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Carolina Ingizza

Publicado em 20 de janeiro de 2021 às 15h20.

Última atualização em 20 de janeiro de 2021 às 18h11.

O home office parece ter vindo para ficar no Brasil. Implantado às pressas por boa parte das empresas do país, a prática de trabalho remoto caiu no gosto de muitos funcionários e gestores. Pesquisa da Salesforce feita com 20.000 profissionais do mundo inteiro, mostra que 42% das pessoas pretendem seguir trabalhando de casa mesmo com o fim da pandemia. No Brasil, o interesse é ainda maior: 57% dos entrevistados sonham com essa possibilidade.

Fora os desafios de infraestrutura, como internet e cadeiras confortáveis, o home office foi desafiador também para os departamentos de recursos humanos (RHs) das companhias, que precisaram se reinventar rapidamente para seguir com a obrigatoriedade do controle de jornada dos funcionários. A necessidade das empresas beneficiou algumas startups que tinham soluções prontas para permitir que os funcionários “batam ponto” de onde estiverem. 

E já tem investidores de peso de olho na tendência. Na última semana, a gigante de benefícios corporativos, VR Benefícios, anunciou um investimento na startup curitibana Pontomais, fundada em 2015 por Hendrik Machado e investida por Gilmar Pértile, presidente da Fretefy. A HRTech criou um aplicativo que permite que os funcionários de companhias clientes registrem o ponto dos seus próprios computadores, tablets e celulares. 

A startup foca em pequenos negócios, que muitas vezes não conseguem investir em um equipamento de ponto, mas acabou conquistando alguns clientes maiores, como a Loggi e a Contabilizei. O serviço é oferecido a partir de uma mensalidade de 50 reais, que pode aumentar de acordo com o volume de funcionários da empresa cliente. 

Em 2020, com a pandemia, a startup registrou um crescimento de 70% de faturamento na comparação com o ano anterior, chegando a marca de 1 milhão de registros de ponto por dia. A meta, em cinco anos, é bater 10 milhões de registros diários. 

A expectativa é que o aporte da VR os ajude a conquistar o objetivo, já que além do dinheiro, a investidora estuda oferecer pacotes de benefícios aos clientes usando a solução da Pontomais. "Vamos usar a experiência da VR no mercado para crescer mais rápido e de forma sustentável", diz o presidente da startup, que hoje emprega 120 pessoas. 

Para 2021, mesmo com a vacinação da covid-19 tendo começado no país, as startups de ponto eletrônico estão otimistas e projetam crescimento. A mineira Tangerino, criada em 2013, planeja dobrar a receita ao longo do ano. Em 2020, a empresa conquistou novos 3.000 clientes, entre eles empresas como Sony Music, Hugo Boss, e Grupo S2 Holding, e cresceu 60%. Hoje, a receita mensal recorrente é de cerca de 600.000 reais. 

A startup fornece um aplicativo que usa a biometria facial para marcar o ponto dos funcionários das companhias clientes — as empresas pagam 5 reais por mês por empregado para ter acesso ao serviço. “Com o Tangerino, nós conseguimos automatizar todos os cálculos das horas trabalhadas e os relatórios de gestão emitidos. Assim é preciso menos esforço no fechamento do ponto e tempo, que pode ser aplicado em outras tarefas mais estratégicas”, afirma Leonardo Barros, presidente e fundador da empresa.

O campo também está em busca de tecnologias mais flexíveis de controle de jornada. Por lá, o desafio não é o home office, mas sim as equipes de trabalho que ficam espalhadas em diferentes áreas e propriedades. A startup Fastpoint, recém-lançada, é uma das empresas que tenta resolver o problema.

Ela usa reconhecimento facial e geolocalização para garantir que o trabalhador estava no seu local de trabalho na hora acordada com os patrões — para isso, basta o funcionário tirar uma selfie. O mesmo processo é feito na saída e nos intervalos de almoço. Para a empresa que contrata o serviço, a principal vantagem é receber os dados já agrupados, sem precisar fazer a coleta no relógio físico. 

A startup é a primeira a receber investimento da T4Agro, incubadora e aceleradora de tecnologias de agronegócio da UISA, empresa do setor sucroenergético que produz bioenergia, etanol e açúcar, com sede em Nova Olímpia, no Mato Grosso. A companhia já adotou a tecnologia para os seus mais de 2.300 funcionários, substituindo 200 relógios de ponto, e estima economizar 1 milhão de reais por ano com manutenção e reparos.

“Fazer o registro de jornada de trabalho sempre foi uma dificuldade para grandes empresas, em especial para aquelas que contam com várias equipes em campo, como é o caso de muitas que atuam no agronegócio. O Fastpoint é uma solução prática e inteligente para substituir os ultrapassados e caros relógios de ponto, oferecendo uma ótima relação custo-benefício”, diz Júlio Mila, presidente da T4Agro.

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