Neon: mais de 90% dos clientes MEIs nunca pegaram empréstimo em nome do CNPJ (Neon/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 3 de março de 2021 às 06h00.
Última atualização em 3 de março de 2021 às 09h06.
Depois de lançar uma conta digital para microempreendedores individuais (MEIs) no final de 2020, a fintech Neon anuncia nesta quarta-feira, 3, que está disponibilizando um cartão de crédito para esse público. O produto, que não possui anuidade, era muito pedido pelos clientes da fintech: 97% deles afirmaram precisar de crédito e 67% apontaram o cartão como um produto necessário para o seu negócio.
Desde dezembro do ano passado, o cartão de crédito vem sendo testado por 5.000 clientes selecionados do Neon. Agora, com o lançamento oficial, qualquer empreendedor poderá solicitar o produto. Os interessados podem fazer o pedido pela plataforma MEI Fácil ou pelo aplicativo da empresa.
A expectativa do Neon é que o produto tenha bastante aderência entre os mais de 11 milhões de MEIs registrados, já que obter crédito é uma dificuldade para esses empreendedores. Pesquisa realizada pela fintech mostra que mais de 90% dos MEIs brasileiros nunca pegaram empréstimo como pessoa jurídica.
“O MEI tem muita dificuldade de conseguir crédito pelas instituições tradicionais. Na maior parte das vezes, o microempreendedor precisa utilizar canais informais para conseguir levantar dinheiro”, diz Marcelo Moraes, fundador da MEI Fácil e diretor da área de pessoa jurídica do Neon.
Com o lançamento do cartão de crédito, o Neon se aproxima da sua missão de se tornar a principal plataforma para MEIs no país. O projeto começou em 2019, com a aquisição da plataforma MEI Fácil, que ajuda cerca de 1 milhão de empreendedores a abrir e organizar as obrigações relacionadas ao CNPJ.
Um ano depois da aquisição, em outubro de 2020, a empresa começou a anunciar novos produtos para a plataforma. O primeiro foi a conta digital para MEIs, lançada em outubro, que permite que os empreendedores paguem em um lugar só os impostos mensais, façam e recebam transferências, gerem boletos e cobrem os clientes automaticamente.
Em novembro, sem fazer alarde, a fintech colocou no mercado a sua própria maquininha de cartões, feita em parceria com a empresa sueca iZettle, para competir com players como PagSeguro e Stone. “É um produto robusto, simples de usar e com o melhor design do mercado, mas a melhor parte é que o cliente consegue resolver tudo dentro do aplicativo, em um lugar só”, afirma Moraes.
Para 2021, com a conta, o cartão de crédito e a maquininha disponíveis no mercado, a Neon não planeja lançar mais nenhum produto. “Nossos esforços são para entrelaçar a existência dos três, colocando novas funcionalidades e facilitando a vida dos clientes”, diz o diretor do Neon. Ao longo dos próximos meses, a companhia projeta multiplicar o tamanho da sua operação financeira para MEIs de cinco a dez vezes.
Capital para investir em expansão não é um problema. Em setembro de 2020, a Neon concluiu sua rodada de captação série C, liderada pelo fundo General Atlantic, na qual recebeu 1,6 bilhão de reais. Com os recursos, o banco digital disse que iria partir para o ataque em diferentes frentes: aquisições, lançamento de produtos, aumento da oferta de crédito e contratação de talentos.