Danielle Mota e Isaac da Mota: Isaac trabalhava como representante comercial quando encontrou no sorvete tailandês uma oportunidade de negócio, junto da esposa (Ferdinando Ramos/Plus Images/Jornal de Negócios do Sebrae/SP)
Mariana Fonseca
Publicado em 23 de junho de 2019 às 08h00.
Última atualização em 23 de junho de 2019 às 08h00.
Emerson Araujo Fontanarosa sempre teve o sonho de ser chefe de bar. Começou na área como barman e alcançou o cargo tão desejado. Mas não hesitou em pedir as contas quando viu a oportunidade de fazer a empresa New Ice Ball crescer. No início, a produção de gelo artesanal era voltada para apenas um cliente. Hoje, são 53 clientes, em média por mês, e uma produção de 25 a 30 mil unidades por semana.
O empresário faz parte de um grupo de pessoas que optou pela abertura do próprio negócio porque encontrou uma oportunidade de mercado. Esse perfil de empreendedor registrou uma queda entre 2014 e 2015, quando a taxa de empreendedorismo por oportunidade caiu de 70,6% para 56,5%. Mas em 2016 voltou a se recuperar e encerrou 2018 em 61,8%, de acordo com a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM).
O movimento da taxa de empreendedorismo por oportunidade é inversamente proporcional à taxa de empreendedorismo por necessidade, quando a abertura do negócio é motivada pela falta de alternativa de ocupação e renda.
O consultor do Sebrae-SP Pedro Gonçalves pontua que, quando a taxa de desemprego cresce, há uma tendência de aumento do empreendedorismo por necessidade, como ocorreu durante a crise econômica. “Isso acontece porque fica mais difícil encontrar uma ocupação no mercado de trabalho. Assim, ter um empreendimento passa a ser considerada uma opção de ocupação e renda”, explica.
Diante desse cenário, a recuperação da taxa de empreendedorismo por oportunidade é vista como positiva. “Em geral, espera-se que a pessoa que entende que está atendendo a uma oportunidade de mercado identificou alguma demanda não atendida ou um mercado em crescimento, ou, ainda, procurou conhecer o perfil do cliente que pre- tende satisfazer. Outro ponto a ser observado é que o empreendedor cuja motivação foi a falta de ocupação e renda tenderia a trocar mais facilmente seu empreendimento por algum tipo de ocupação, por exemplo, um emprego, quando a atividade econômica melhora”, explica Gonçalves.
Michele, mulher de Emerson Fontanarosa, também deixou o emprego em contabilidade para ajudar na empresa. São dela as criações dos sabores dos gelos de maracujá, açaí e manga, por exemplo. E os planos são de crescimento. “Hoje nossa produção é artesanal, mas vamos importar uma máquina para fazer as esferas de gelo translúcidas”, conta Fontanarosa.
Outro casal que empreendeu por oportunidade é Danielle e Isaac da Mota, de São José do Rio Preto. Isaac acreditou tanto no negócio que deixou o emprego de representante comercial e vendeu o carro para investir R$ 7,5 mil na compra do equipamento e da bicicleta para montar a Sorveteriana Gourmet, especializada no sorvete tailandês ou sorvete na chapa, servido em rolinhos.
As primeiras vendas foram feitas para amigos e eventos de uma igreja e hoje ele está instalado no Quintal Food Park, espaço gastronômico dedicado a food trucks. O negócio segue prosperando e Isaac já comprou uma nova bike para atuar em eventos.
“O sorvete encanta. As pessoas acompanham o processo de produção na chapa do início ao fim. Quando assisti aos vídeos sobre esse sorvete, enxerguei uma oportunidade”, conta o empresário.
A ideia de criar uma plataforma para conectar profissionais e fornecedores de áudio e vídeo surgiu durante a faculdade de cinema. As amigas Jade Goldfreind e Isadora Lemes enxergaram uma série de dificuldades na produção audiovisual que eram comuns não só no meio acadêmico, mas no mercado profissional.
Segundo Jade, a plataforma online VAV consegue solucionar diversos problemas e gargalos do setor por meio de uma integração de informações e contatos com um banco de dados de obras, projetos e profissionais disponíveis.
“A plataforma traz o empreendedorismo para dentro do ambiente artístico”, destaca Jane. O projeto saiu do papel com a entrada do sócio da área de tecnologia, Guilherme Sampaio, e hoje conta com 5 mil usuários inscritos. Já a jornada empreendedora de Andréa Guedes começou quando sua amiga Vânia Neto desfez a sociedade e resolveu vender o estoque de bolsas, acessórios e organizadores.
“Ia ajudar a vender os produtos, a anunciar nas redes sociais. Mas, quando conversamos, ela precisava de espaço para guardar as coisas e eu tinha esse espaço. Eu conhecia a parte financeira e ela, o negócio. Resolvemos nos juntar e criar a Vaan Acessórios”, conta.
A empresa comercializa mochilas, lancheiras, bolsas e tem como produtos principais as colmeias e organizadores, vendidos principalmente para personal organizers. “É um nicho de mercado e estamos desenvolvendo outros produtos, como uma bolsa triangular para elas levarem os cabides para os clientes”, afirma Andréa.
A experiência com finanças foi adquirida durante os seus 15 anos de atuação no setor bancário.
“Eu sempre quis empreender, só não tinha escolhido a coisa certa. Fui em feiras de franquias, mas tinha receio de investir um valor tão grande e ficar presa a uma marca. Resolvi sair do banco, priorizar meus filhos, minha saúde. Tive a oportunidade de trabalhar como gerente financeira de um escritório, mas não era aquilo que queria. A satisfação pessoal é mais importante do que o lado financeiro. Todo mundo precisa de dinheiro, mas a vida, em geral, está mais equilibrada e o benefício é maior que o valor recebido”, afirma Andréa.