Leonardo Brant: "Há novos museus surgindo no Brasil, e existem boas oportunidades para crescer nesse mercado" (Alexandre Severo)
Da Redação
Publicado em 25 de outubro de 2013 às 13h41.
São Paulo - Nos últimos meses, o mineiro Leonardo Brant, de 43 anos, esteve em mais de 30 museus de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Nas visitas, ele não estava muito interessado em apreciar obras de arte ou objetos de valor histórico. Seu objetivo era fazer contato com potenciais clientes.
Em setembro de 2012, Brant se associou ao casal de espanhóis Artur Duart, de 49 anos, e Imma Fondevilla, de 46, donos da MagmaCultura — a empresa, com sede em Barcelona, ajuda administradores de museus, bibliotecas e parques a melhorar os serviços, aumentar as receitas e diminuir os custos.
"Há espaço para esse tipo de serviço no Brasil", diz Brant. "Há novas instituições surgindo no país, como o Museu de Arte do Rio e o Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte."
A MagmaCultura espera faturar 17 milhões de euros em 2013, 15% mais que no ano passado. Entre seus clientes estão museus como o do Prado, Picasso de Barcelona e Palácio Güell. Duart e Imma abriram a empresa em 1990. Na época, eles pretendiam montar
uma agência de turismo para vender pacotes de passeios nas galerias de arte e instituições de arqueologia de Barcelona.
Com o tempo, eles perceberam que a maioria dos museus que faziam parte do roteiro enfrentava problemas semelhantes. Muitos tinham dificuldade em contratar mão de obra especializada, como guias e restauradores Outros precisavam atrair mais visitantes em períodos de baixo movimento, como dias de semana fora da temporada de férias.
Na maioria dos casos, os administradores procuravam novas fontes de receita para diminuir a dependência de recursos públicos ou da venda de ingressos. "Começamos a ajudá-los a achar respostas para essas questões", diz Duart.
Recentemente, a MagmaCultura passou a ajudar os museus a se relacionar com o público por meio da internet. "Está crescendo o
número de clientes que nos procuram para fazer campanhas de marketing nas redes sociais, desenvolver aplicativos de celulares para
os visitantes usarem nos museus e digitalizar arquivos", afirma Duart.
No Brasil, os sócios pretendem prestar serviços semelhantes. "A ideia é começar oferecendo treinamento de mão de obra e digitalização
de acervos", diz Brant. De acordo com uma pesquisa feita em 2011 pelo Instituto Brasileiro de Museus, apenas um quarto das 3.000 instituições do país possui estrutura necessária para receber turistas estrangeiros.
Quase 75% deles ainda catalogam seu acervo manualmente, em livros preenchidos a mão ou fichas datilografadas. "Para se sustentar,
um museu precisa ser administrado como uma empresa", diz Miguel Gutierrez, diretor administrativo da Pinacoteca, em São Paulo. "Por isso, há espaço para fornecedores que ajudem a modernizar a gestão e tornar essas instituições mais eficientes."