Portas fechadas: 15% ainda não voltaram à atividade, de acordo com o Sebrae (Amanda Perobelli/Reuters)
Victor Sena
Publicado em 14 de dezembro de 2020 às 18h06.
Última atualização em 14 de dezembro de 2020 às 18h52.
Agir primeiro, pensar depois. Apesar de esta ser uma orientação pouco comum no ambiente corporativo, os modelos de gestão foram mais um pilar dos negócios que foram virados de cabeça para baixo com a pandemia.
Em momentos de crise, a inovação e a tomada de decisão tem que ser para já, e o monitoramento das ações em tempo real. Dificuldades em encontrar crédito, menos capital de giro e retenção dos clientes foram alguns dos problemas encontrados por empreendedores brasileiros.
Os efeitos da crise são vistos também com os dados que mostraram que o Brasil tinha 14,1 milhões de desempregados no fim de setembro. No caso das pequenas empresas, 15% ainda não voltaram à atividade, de acordo com o Sebrae. Apesar das medidas de flexibilização do isolamento, o setor de educação, economia criativa e academias de ginástica ainda vivem a continuidade de uma severa crise que atravessa o ano de 2020.
É nesse contexto que a necessidade de agir rápido, inovar e se digitalizar surgiu. Na visão do professor André Nardy, diretor dos cursos corporativos da Saint Paul, a pandemia aumentou a complexidade a um nível sem precedentes porque ela trouxe fatores desconhecidos, sem relação entre si.
“Todo modelo de gestão tende a seguir padrões e evitar riscos. Numa situação dessa não tem como. Por isso é uma situação de caos. Você tem que agir, e tem que agir rápido. E nessa ação tentar medir os resultados, ver o feedback das suas ações. Deixar de agir na situação de caos é fazer mais do mesmo, sendo que a situação inteira mudou”, explica.
Com esse novo paradigma de gestão, o caminho é o de aprender enquanto está agindo. Isso, no entanto, não significa deixar de ouvir. É exatamente o contrário. Com novos desafios, a diversidade de visões acrescenta pontos nos processos de inovação e solução de problemas.
A lição que fica para encontrar a inovação é a necessidade, aliada à criatividade, na visão de Paulo Renato Cabral, gerente de Inovação do Sebrae. “A pandemia é um sistema grande gerador de inovações nas empresas. Só que foram inovações pela dor. Algumas pessoas atribuem a inovação a uma descoberta, um achado. Mas está muito mais ligada à necessidade.”
Dados do Sebrae mostram que 4 em cada 10 empreendedores pequenos no Brasil precisaram inovar na pandemia. O percentual foi maior nos serviços e indústria de alimentação e no setor de academias e atividade físicas. Ao lidar com problemas como menos capital de giro e retenção dos clientes, a saída é pensar fora da caixa.