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Na crise, bares e restaurantes têm inadimplência maior que a média

Segundo pesquisa do Sebrae e Abrasel, empresas do setor ainda enfrentam graves dificuldades para alcançar o nível de faturamento anterior à pandemia

Bares e restaurantes: apenas 20% das empresas que buscaram empréstimos tiveram o pedido aprovado (Germano Lüders/Exame)

Bares e restaurantes: apenas 20% das empresas que buscaram empréstimos tiveram o pedido aprovado (Germano Lüders/Exame)

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Carolina Ingizza

Publicado em 11 de novembro de 2020 às 17h30.

Última atualização em 11 de novembro de 2020 às 18h23.

Pesquisa realizada pelo Sebrae em parceria com a Abrasel (a terceira de uma série iniciada em maio), mostra que apesar da retomada das atividades e da melhora lenta e consistente no faturamento, o setor de alimentação fora do lar (AFL) segue como um dos mais impactados pela pandemia do coronavírus.

Segundo o levantamento, o setor tem o quarto pior nível de faturamento de toda a economia (-48%, quando comparado ao período anterior à pandemia), atrás apenas do turismo (-65%), economia criativa (-62%) e academias (-51%). Além disso, essas empresas apresentam um nível de inadimplência elevado (43% têm dívidas em aberto), 10 pontos percentuais acima da média de todos os setores da economia (33%).

O levantamento, feito entre 27 de agosto e 12 de setembro, revelou que a perda de faturamento do setor está acima da média do total das empresas do país (-40%). Mas a situação é ainda mais dramática em algumas atividades específicas, nas quais as empresas ainda estão faturando menos da metade do que registravam antes da pandemia: bares-restaurantes (-51%), ambulantes e food trucks (-52%), bares (-56%), self-services (-59%), cafeterias (-60%) e caterings (-62%).

Parte dessa queda de faturamento pode ser explicada pelo fato de muitas empresas do setor ainda não terem reaberto suas portas desde o início da pandemia. Enquanto, na média da economia, 81% das empresas já reabriram as portas, entre os negócios de alimentação, esse percentual é de 77% (em média), chegando a 63% entre bares e 64% nos ambulantes e food trucks. Como consequência, o percentual de empresas de AFL que ainda registram perda de faturamento (86%) também é maior que a média (77%).

Crédito

A dificuldade para acessar crédito por parte das empresas do segmento de alimentação fora do lar é semelhante à verificada pelos negócios dos demais setores. No levantamento feito pelo Sebrae e Abrasel, apenas 20% das empresas que buscaram empréstimos tiveram o pedido aprovado. A diferença, com relação ao conjunto da economia, é que o CPF negativado ou com restrições foi o principal motivo apresentado pelas instituições financeiras para recusar o empréstimo às empresas de alimentação (24%). Esse dado é 8 pontos percentuais acima do registrado para a média geral das empresas de todos os setores da economia (16%).

O nível de endividamento, a dificuldade de faturamento e de acesso a crédito explicam o motivo do tema “capital de giro” figurar como a maior preocupação dos empresários de alimentação fora do lar (60%). Em seguida, aparece a preocupação com o comportamento do consumidor (31%) e a rentabilidade do negócio (22%).

Estratégias diante da crise

A estratégia de delivery e as vendas por meio de plataformas digitais têm sido os principais diferenciais de quem conseguiu aumentar o nível de faturamento durante a crise. Entre os 5% de empresas do setor que estão faturando mais do que antes, 66% passaram a fazer mais delivery e 41% intensificaram as vendas online.

Olhando para as medidas que os empresários de alimentação pretendem implementar nos próximos seis meses, a pesquisa identificou que “agregar outros serviços ao negócio” é a principal meta (31%), seguida de “adequar-se aos protocolos” (29%), “investir em marketing” (27%) e “repensar o cardápio” (21%).

Números da pesquisa

* A maioria dos negócios está em comércios de rua (41%) ou no próprio domicílio (32%).

* Quase 80% dos negócios de AFL estão em municípios abertos ou em processo de reabertura. No levantamento feito em julho/agosto, esse percentual era de 51%.

* Maior dificuldade no retorno está em bares (63% deles retornaram) e ambulantes/food truck (64%).

* Dos negócios do setor, 86% ainda estão faturando menos que antes da pandemia. Esse indicador é pior que o registrado para o conjunto da economia, onde 77% das empresas ainda estão faturando menos do que antes da crise.

* Bares (94%) e cafeterias (95%) são os segmentos com o maior percentual de empresas que ainda estão faturando menos que antes.

* A evolução do faturamento das empresas de AFL, que se encontra 48% abaixo de antes, está lenta e constante, mas abaixo da média de todos os setores (-40%).

* Impacto no faturamento: maiores quedas em cafés (-60%), bares (-56%), caterings (-62%) e self-services (-59%).

* Delivery e digital têm sido os principais diferenciais de quem cresceu na crise (66% dessas empresas passaram a fazer mais delivery e 41% passaram a fazer mais online)

* Empresas do setor de Alimentação Fora do Lar (43%) estão com mais dívidas em atraso que a média da economia (33%).

* O CPF negativado foi apontado com motivo para recusa do crédito por 24% das empresas de alimentação fora do lar, ante 16% dos empreendedores do conjunto da economia que buscaram empréstimos.

* Capital de giro (60%) continua sendo o principal desafio no momento, muito à frente dos demais. O comportamento do consumidor é a segunda maior preocupação, com 31%, seguido de rentabilidade do negócio (22%).

* Crédito segue sendo um gargalo. A taxa de insucesso em empréstimos se manteve, mas com grandes variações pelos tipos de estabelecimento. Na média do setor, apenas 20% das empresas que buscaram crédito conseguiram, efetivamente, obter os recursos.

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