Bruna Bittecourt e seu noivo, do site Emotion.me: sugestões chegam via post-it (Divulgação/Emotion.me)
Da Redação
Publicado em 2 de abril de 2013 às 06h00.
São Paulo - Quem chega à sede da Emotion.me — site que deve faturar 1,5 milhão de reais até o final do ano ajudando noivos a organizar o casamento — vê um grande quadro branco com dezenas de post-its coloridos. "Eis aqui o nosso planejamento", diz Bruna Bittencourt, de 30 anos, que fundou a Emotion.me em 2012. O mural é dividido em nove partes.
Cada uma, identificada por uma cor, representa algum aspecto do negócio, como perfil de clientes, canais de venda, parcerias, fontes de receitas, custos. Quem identifica um problema ou desafio deve fazer um breve relato num post-it e grudá-lo na área certa. Se um dos nove funcionários da empresa tiver uma sugestão para resolvê-lo, deve escrevê-la num post-it da mesma cor, assinar e colar ali.
O responsável pela área procura quem fez a sugestão e pega detalhes. Como várias iniciativas podem ser encaminhadas dessa forma, reuniões longas não são comuns por lá. "Está tudo na parede", diz Bruna. "É só olhar o mural para acompanhar o que está acontecendo."
Bruna está sempre em busca de mais receita — hoje, a maior parte vem de mensalidades que os noivos pagam por serviços como lista de presentes e confirmação de convidados. "Algum tempo atrás, preguei um post-it no mural com a ideia de que passássemos a indicar fornecedores para as festas dos noivos", diz Bruna.
Dias depois, houve uma reunião para falar dos rumos da empresa — receita era um dos itens da pauta. "A maior parte do tempo foi gasta para definir formatos de parceria", afirma Bruna. "Quem tinha visto meu post-it teve tempo de pesquisar o assunto e fazer brainstormings sem que eu tivesse pedido." Hoje, 30% das receitas vêm de comissões que os fornecedores pagam para a Emotion.me sempre que são contratados com a ajuda do site.
O mural ajuda Bruna a identificar inconsistências num modelo de negócios que ainda está em fase de ajuste. Uma vez alguém propôs um acordo com blogueiras influentes — noivos que lessem os blogs seriam redirecionados à Emotion.me, que pagaria uma taxa às blogueiras. "A ideia não é ruim, mas dificilmente vai trazer as receitas que queremos no prazo que precisamos", diz Bruna. "Tirei o post-it dali antes que virasse um projeto. Guardei a ideia para o momento certo."
Esses post-its grudados na parede receberam um nome que, em inglês, pode parecer complicado — Business Model Canvas (algo como "quadro do modelo de negócios"). São duas as vantagens. Uma: as anotações são bem intuitivas. Outra: todo mundo pode ver. "Desse jeito, os problemas podem ser detectados mais depressa", diz Cassiano Farani, da 99Canvas, consultoria de planejamento ágil.
O sistema de post-its com problemas e soluções pode ser adaptado para ser colocado em prática por partes menores da companhia — um departamento, por exemplo. Seus funcionários podem usar o mural para colocar dúvidas e sugestões simples — as reuniões ficariam reservadas para assuntos que precisam de muita interação para ser tratados.
Nos estágios iniciais do planejamento de um novo produto ou de uma unidade de negócios, o quadro também pode ser útil. Às vezes, a implantação enfrenta percalços de ordem prática. Quando se demora muito, os post-its podem começar a cair. Nesse caso, pode-se usar alfinetes num quadro de cortiça. Mas os alfinetes também podem cair. "O ideal é que nenhuma anotação fique mais de uma semana tomando poeira", diz Farani.