Apesar da rentabilidade maior, abrir uma empresa não está entre as principais opções dos brasileiros que estão desempregados (CLAUDIA)
Da Redação
Publicado em 16 de fevereiro de 2011 às 17h58.
Brasília - Ter o próprio negócio é mais rentável que ser assalariado. A conclusão consta em pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta quarta-feira (16).
Segundo o levantamento SIPS (Sistema de Indicadores de Percepção Social), feito com 2.773 pessoas em todas as unidades da federação durante o segundo semestre de 2010, 25,31% dos assalariados recebem salários equivalentes a dois salários mínimos ou mais.
Entre os trabalhadores por conta própria e os microempresários, que têm, no máximo, cinco funcionários, o valor é duas vezes maior. Do total, 54,59% lucram acima de dois salários mínimos todos os meses.
Apesar da rentabilidade maior, abrir uma empresa não está entre as principais opções dos brasileiros que estão desempregados. Ainda há um receio em relação ao processo, de acordo com a pesquisa. A concorrência acirrada é o maior entrave para o crescimento das micro e pequenas empresas no momento atual da economia brasileira, segundo os próprios empresários.
A redução da disputa pelo cliente é o fator que mais contribuiria para a melhoria do desempenho do empreendimento, de acordo com 41,2% dos donos de negócios de pequeno porte.
O levantamento mostra que a questão é mais preocupante até mesmo do que a carga tributária elevada e a dificuldade de acesso ao crédito, opções tradicionalmente citadas como empecilhos para a ascensão empresarial.
Os dois argumentos foram apontados por 14,9% e 14,3%, respectivamente. “A preocupação dos empresários com a concorrência reforça a importância de ter uma situação econômica favorável, com crescimento da economia e aumento da demanda”, afirma o responsável pelo levantamento, o técnico de planejamento e pesquisas do IPEA, Bruno Marcos Amorim.
Mas quem opta por abrir o próprio negócio tem que estar preparado para se dedicar em tempo integral. A pesquisa mostra que 15,3% dos empregadores e trabalhadores por conta própria apontam a falta de uma jornada de trabalho como um dos problemas de não ser assalariado. Em seguida, citam o fato de nunca conseguirem tirar férias para descansar (14,7%).
Os empresários reclamam ainda de trabalharem muito e ganharem pouco (10,4%) e de terem renda instável, enfrentando dificuldades para manter o negócio em determinados períodos do ano (7,4%). “Comprova uma percepção de que trabalhar por conta própria dá autonomia ao empresário, mas ele tem que dedicar e abdicar de várias coisas em sua vida”, afirma Amorim.